O SEAT Leon apresentado no início deste ano e mostrado aqui no Guscar é a quarta geração de um hatch médio surgido pela primeira vez em 1999 e nunca vendido oficialmente no Brasil. 




Primeira geração (1999-2005) 

Com teto de caída arredondada, traseira alta robusta e frente com grade tripartida (com o S de SEAT no centro), a primeira geração, desenhada por Giorgetto Giugiaro, era claramente a versão hatch do Toledo, segunda geração do sedã da marca espanhola. Ambos usavam a plataforma PQ34 do Volkswagen Golf IV e dos primeiros Audi A3,  o cupê TT e o sedã tcheco Skoda Octavia. 


As versões mais comuns usavam motores 1.4, 1.6 e 1.8 (este de cinco cilindros e vinte válvulas), só para citar os movidos a gasolina. Mas o Leon teve variações esportivas como as Sport e FR, Cupra R e Cupra 4. As primeiras tinham motor 1.8 turbo de 180 cavalos, a Cupra R (Cup Racing Rallye), o mesmo motor com 210 cv e depois de 225 cv. Já o Cupra 4 era equipado com um VR6, de seis cilindros 2.8, de 204 cv e tração integral. 



A carroceria tinha 4,18 metros de comprimento, 1,74m de largura, 1,44m de altura e 2,51m de distância entre-eixos. 


Entre os equipamentos, as novidades da época eram os airbags laterais, navegador GPS integrado ao painel, sensor de chuva e bancos com regulagem elétrica. Foram vendidas 534.979 unidades. 

Foi vendido também no México. Chegou a ser exposto no Salão do Automóvel de São Paulo em 2002, nas versões Sport 1.8T e Cupra R, mas a SEAT acabou saindo do mercado brasileiro naquele ano. 



Segunda geração (2005-2012)

Numa época em que a SEAT transformou o sedã Toledo num estranho monovolume com um curtíssimo prolongamento na traseira e vidro traseiro envolvente, além de ter lançado o monovolume compacto Altea, o Leon ainda ficou com aparência de hatch arredondado, de linha de cintura alta e maçanetas da porta traseira embutidas na coluna, para dar uma aparência de cupê de três portas. 


O segundo Leon foi desenhado pelo italiano Walter De Silva, baseado no conceito Salsa. Embora a traseira fosse alta, o capô tinha caída contínua, com uma única grade ovalada, bem estreita, no centro e faróis elípticos de máscara escura (já presente na primeira geração) com três refletores internos. A traseira tinha lanternas horizontais e também ovaladas. O comprimento subiu para 4,32m, a largura para 1,77m, a altura para 1,46m e a distância entre-eixos para 2,58m. A plataforma era a PQ35, do quinto Golf  e do segundo A3, entre outros. 



As versões CUPRA continuaram na segunda geração. O motor 1.8 turbo de 225 cavalos foi mantido no início, mas posteriormente ele ganhou um 2.0 TSI (então chamado de TFSI), de 265 cv. Os motores turbo com injeção direta foram as grandes novidades do segundo Leon e também estavam disponíveis nas cilindradas 1.2, 1.4 e 1.8. Havia também um 2.0 somente com injeção direta. Novas também eram as transmissões automatizadas DSG, de dupla embreagem, de seis ou sete marchas. Estreavam também o ar condicionado digital de duas zonas (já eram comuns em modelos mais luxuosos, claro), os faróis bixenônio e os sensores de estacionamento. A segunda geração do Leon vendeu 675.915 unidades. 




Terceira geração (2012-2019)

O terceiro SEAT Leon ficou com linhas mais retas, a linha de cintura baixou um pouco e as janelas ficaram mais pontiagudas no alto. A dianteira ficou mais convencional, com grade trapezoidal, alinhada aos faróis mais angulosos, ambos mais horizontais. As linhas, muito parecidas com as do hatch compacto Ibiza da época (lançado em 2008), passaram a ser assinadas pelo espanhol Alejandro Mesonero-Romanos.




Agora usando a plataforma modular MQB da sétima geração do Golf, o hatch médio espanhol ficou menor no comprimento (4,26m) e na altura (1,45m), mas cresceu na largura (1,81m) e distância entre-eixos (2,64m). 

Os motores continuaram basicamente os mesmos: os TSI 1.2, 1.4 (substituída pelo 1.5 em 2018), 1.8 e 2.0 (de 190 cv) para as versões mais simples e os 2.0 TSI para as versões Cupra, que começou com 265 cv e 280 cv entre 2014 e 2015, mas a potência foi subindo gradualmente para 290 (a partir de 2015) e 310 cavalos (a partir de 2017). Entre os motores turbodiesel, havia o 1.6 e o 2.0, ambos TDI. A novidade na motorização foi o gás natural. 



Também inédita nesta geração foram as versões perua - chamada de SportsTourer ou ST, que é mais longa (4,55m), com janelas mais retas e também teve versão off-road batizada de X-Perience - e de duas portas, conhecida como SC, de SportsCoupé. 



Entre as novidades tecnológicas se destacam os faróis inteiramente de LED, o sistema multimídia por toque na tela, airbags de cortina e de joelhos, alerta de colisão com frenagem automática, assistente de manutenção em faixa e detector de fadiga. 

Face-lift 2017


Quarta geração (2020)

A nova geração, a quarta, recém-apresentada em 2020, manteve a silhueta mais reta, de janelas pontiagudas e altas no hatch e contínuas na perua SportsTourer, mas agora com vincos mais intensos, cantos arredondados e grade baixa e hexagonal, além de lanternas traseiras interligadas por um friso iluminado.



Ela traz os mesmos recursos de tecnologia, inclusive semi-autônoma, e motorização do oitavo Golf, com direito a versões híbridas por regeneração (1.0 tricilíndrico e 1.5, ambas TSI, com motor elétrico de 48v) e recarregáveis (1.4 TSI com propulsor elétrico, bateria e potência combinada de 204 cv), sem falar da movida a gás natural (1.5 TGI). A Cupra será lançada em breve. 


Entre os equipamentos estão quadro de instrumentos eletrônico, sistema multimídia operado por conversa, ar condicionado de três zonas, abertura e partida sem chave, tomadas USB na frente e atrás, carregador wireless, seletor de modos de condução (Eco, Normal e Sport), suspensão de dureza regulável (DCC - Dynamic Chassis Control), assistentes de estacionamento, controle de velocidade ativo até 210 km/h e reconhecimento de sinais de trânsito. 


Após encolher da segunda para a terceira geração, o novo Leon voltou a crescer no comprimento (4.37m) e na altura (1,46m), mantendo a ampliação da distância entre-eixos (2,69m). Só a largura caiu para 1,80m. A perua cresceu de 4,55 para 4,64m de comprimento. 

Com a iminente extinção de hatches médios em favor dos utilitários esportivos, o Brasil deve continuar ausente da história do SEAT Leon por mais uma geração, tendo apenas aquela discreta aparição no Salão do Automóvel de São Paulo em 2002 como um verbete de única linha. . 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO