Mais uma vez afirmo que os utilitários esportivos estão tomando o lugar de hatches, sedãs e até cupês. Um exemplo é o novo Mitsubishi Eclipse Cross, que resgatou o nome de um famoso modelo esportivo do gênero nas décadas de 1990 e 2000, teve quatro gerações e era o preferido dos jogadores de futebol, como o promissor Dener, morto em 1994, em um modelo da primeira geração.

Eclipse Coupé 1994

Pena que o crossover não seja tão elegante quanto o antigo esportivo. E não é por causa da traseira com vidro cortado pelo aerofólio luminoso, que prejudica a visibilidade por dentro. As lanternas são verticais e se estendem até o segundo aerofólio, no teto. O recurso já foi usado em outros modelos, como o Honda CR-Z, Citroën C4 VTR e o Toyota Prius, desde a segunda geração. Muito menos por causa da frente com dois filetes grossos horizontais e um par de barras em bumerangue, ambos cromados. Cada uma dessas barras liga o farol full-LED à luz de neblina. A culpa pelo estilo estranho é da caída da janela lateral, trapezoidal demais, o que acelera o envelhecimento do novo modelo.



Mas é com essas linhas "ousadas" que o novo crossover chega ao mercado brasileiro para se posicionar entre o ASX e o Outlander e enfrentar Jeep Compass (R$ 142.990, Limited 2.0 Flex), Hyundai Tucson (R$ 159.600, versão GLS), Peugeot 3008 (R$ 156.990, Griffe Pack), Chevrolet Equinox (R$ 144.490, versão LT, mais barata) e Volkswagen Tiguan (R$ 149.990, versão Comfortline), estes dois na faixa de preço. O Eclipse Cross tem 4,41m de comprimento, 1,81m de largura, 1,69m de altura e 2,67m de distância entre-eixos, porte próximo aos rivais. A plataforma foi adaptada do ASX.


Já o interior é mais agradável aos olhos. O acabamento tem materiais emborrachados. O desenho do painel é vertical e em dois níveis, contrariando a tendência horizontal dos modelos atuais, com exceção da tela multimídia, levemente destacada, embora, aqui no Brasil, haja uma cobertura de plástico sobre a mesma.


O espaço interno é bom para pessoas de até 1,80m e o assoalho é quase plano, acomodando bem quem vai no meio. Só o teto que é um pouco baixo. O banco traseiro corre sobre trilhos para facilitar a reclinação ou aumentar a capacidade do porta-malas, que é pequeno: apenas 473 litros, com o banco avançado. Ao recuá-lo, o volume cai para 341 litros.


Se o Eclipse Cross não é tão belo quanto os seus antepassados, pelo menos, ele traz o futuro, como sistema de frenagem autônoma que reconhece pessoas e animais de grande porte, controle de cruzeiro adaptativo, oito sensores de estacionamento (quatro na frente e quatro atrás), alerta de ponto cego, sistema de prevenção de aceleração e de saída involuntária de faixa e assistente de aclive.

Todos estes itens estão presentes na única versão comercializada, a HPE-S, por R$ 149.990, que também vem com head up display, bancos revestidos em couro, sistema de ar-condicionado automático dual zone com saídas independentes, freio de estacionamento eletrônico, direção elétrica, volante multifuncional, teto solar duplo (o traseiro só abre a tela), rodas de liga leve, freio a disco nas rodas dianteiras e traseiras, retrovisores externos com rebatimento elétrico, vidros elétricos nas quatro portas, sensor crepuscular e volante com ajuste de altura e profundidade.


O único opcional é a tração integral S-AWC (Super All Wheel Control), que aumenta o preço para R$ 155.990 e lê instantaneamente os movimentos da carroceria, tanto na rolagem quanto numa frenagem e controla as acelerações, gerenciando a distribuição de força. O único motor oferecido é o 1.5 turbo a gasolina de 165 cavalos de potência. O câmbio é automático CVT com máximo de oito marchas e borboletas no volante.


Segundo a revista Carro, o Eclipse Cross acelera de 0 a 100 km/h em 9,88 segundos e retoma a velocidade entre 80 e 120 km/h em 7,18. O consumo de 9,7 km/litro na cidade e 12,5 km/l na estrada. A frenagem a 80 km/h é feita em 25,59 metros e o ruído a mesma velocidade em 59,8 decibéis.


O novo Mitsubishi Eclipse Cross tem comportamento e preço no mesmo nível dos concorrentes (com exceção do desempenho fraco) e se destaca por ser diferente. No bom ou no mau sentido, depende de quem vê.  

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA CARRO