Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


A partir de agora, com o Agile, os brasileiros vão precisar se acostumar com modelos mais Chevrolet e menos Opel. E com um toque da sul-coreana Daewoo.

Projetado no Brasil, mas fabricado na Argentina, de onde é importado, o Agile teve as suas linhas antecipadas no protótipo GPix, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo no ano passado. A frente é tipicamente Chevrolet: enorme, imponente, com grade dividida por uma barra na cor do carro e o emblema engravatado dourado no centro. A lateral que me desagradou com aquele aplique preto imitando caída cupê do teto. Mas é o que dá personalidade ao novo modelo. As lanternas invadem a lateral do carro. É aí que começam a aparecer os traços asiáticos. Ah! E nos faróis de desenho irregular, também, claro. O Agile mede 3,99m de comprimento, 1,68 m de largura; 1,47 m de altura e 2,54 m de entreeixos.



Por dentro a influência norte-americana é ainda maior. Saem o painel e os revestimentos bem acabados dos Opel para darem lugar a um console simples e forrações idem. A cabine dividindo claramente o ambiente entre passageiro e motorista, inspirado no Corvette, será o padrão estético interno da futura linha. Mas a qualidade do acabamento está mais próxima dos coreanos. As portas, por exemplo, têm muito plástico e pouco tecido.

No quadro de instrumentos, que lembra um manche de avião por causa do formato hexagonal, a novidade é a iluminação azul, chamada Ice Blue. Velocímetro e conta-giros foram organizados em cada extremidade, sendo que o último divide espaço com o marcador de combustível . No meio, o display do computador de bordo e do marcador digital de óleo. No console duas curiosidades: a primeira, no alto, é o GPS, vendido como acessório, com compartimento exclusivo. O ar condicionado tem display digital mas não é automático. Indica apenas o fluxo de ar. É mais pra enfeitar.
O maior atributo interno do Agile é o espaço interno, prioridade dos engenheiros da GM. E os alvos foram o VW Fox e o Renault Sandero, seus principais concorrentes. O porta-malas de 327 litros também é o maior da categoria, mas supera em apenas 7 litros o Sandero. Rebatido chega a 1.440 litros.


O único motor disponível, por enquanto, no novo compacto é o 1.4 EconoFlex, de oito válvulas que rende 102 cavalos quando abastecido com álcool e 97 cv com gasolina. No final do ano chega o 1.0. O câmbio é manual de cinco marchas. Sem querer fazer o trocadilho já clichê com o nome do carro, o novo Chevrolet não é tão ágil assim. Mas também não é uma carroça. Segundo a revista Quatro Rodas, o Agile acelera de 0 a 100 km/h em 12,8 segundos. A retomada entre 80 e 120 km/h é feita em 21,2 seg. A velocidade máxima, seu resultado mais decepcionante, é de 165 km/h.

Também decepcionou o consumo. Mesmo com gasolina fez média de 9,6 km com um litro. E olha que o número é da fábrica. Voltando a consultar a Quatro Rodas, o nível de ruído de 70 decibéis a 80 km/h também foi alto. Da mesma publicação a frenagem dos mesmos 80 km/h ficou em 26,9 metros. Seria pior se não tivesse freios ABS. O que pode ter prejudicado a dinâmica do Agile é a ausência do subchassi usado no Corsa 2, deixando o novo carro com a mesma plataforma do Celta, que por sua vez. é a mesma do Corsa de 1994.

O Chevrolet Agile é vendido em duas versões de acabamento: LT e LTZ. Outra inovação na nomenclatura para uma marca que já teve os nomes Joy, Maxx e Premium; GL e GLS e, num passado mais distante, SL, SE e SL/E.

Inicialmente, a versão básica LT não teria ar condicionado e nem vidros elétricos dianteiros e custaria cerca de R$ 35 mil. Mas de última hora a GM decidiu incluir os equipamentos no pacote com direção hidráulica, travas elétricas, banco do motorista com regulagem de altura, limpador traseiro, computador de bordo e controlador de velocidade (piloto automático). O preço subiu para R$ 37.708.

A LTZ custa R$ 39.601 e vem de série com os mesmos equipamentos do LT mais rodas de alumínio aro 15", faróis de neblina, MP3 player com Bluetooth e entradas USB e auxiliar, travas e vidros elétricos, alarme, volante com regulagem de altura, banco traseiro rebatível e dianteiro com encosto do passageiro reclinável.

O airbag frontal é o único opcional do LT e com ele seu preço sobe para R$ 38.930. O LTZ pode ser equipado também com bolsas infláveis, ABS com EBD (distribuição eletrônica de frenagem), luz de neblina e vidro elétrico traseiro. Sai por R$ 42 706.

As opções de cores sólidas são Branco Mahler, Preto Liszt e Vermelho Lyra. As metálicas, que custam R$ 809, são Prata Polaris, Bege Artio, Cinza Artemis, Verdes Hera e Hades, Azul Eros e Amarelo Carman, algumas delas ótimas oportunidades para fugir da ditadura do preto e prata.

O Agile não substitui o Corsa de imediato. Vai posicionar-se entre ele e o também cansado Astra. Mas tanto pode acontecer como não acontecer. E o exemplo não é só do Mille. Na própria GM tem o Classic que era o primeiro Corsa Sedan e que vai ganhar visual baseado no Chevrolet Sail chinês.

Primeiro fruto do projeto Viva, o Agile terá também uma versão picape como a Montana, um sedã e um crossover para concorrer com o Ford Ecosport. Pra começar, taí o hatch de quatro portas para concorrer de imediato com o Renault Sandero e a partir de novembro com o renovado VW Fox.

CONCORRENTES

Citroën C3 1.4 - R$ 38.960
Fiat Punto 1.4 ELX - R$ 40.900
Ford Fiesta - R$ 38.290
Renault Sandero 1.6 - R$ 39.290
VW Fox (atual) -R$ 43.o13


PONTOS FORTES

+ Estilo
+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Posição de dirigir
+ Preço e equipamentos


PONTOS FRACOS

- Desempenho
- Consumo
- Nível de Ruído
- Acabamento

Vale a pena? Sim.