Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
A Nissan já fabricava veículos no Brasil desde 2002. Mas de sua linha de montagem em São José dos Pinhais (PR) só saíam a picape Frontier e o utilitário esportivo X-Terra. A primeira já foi reestilizada e o segundo não é mais produzido. Como Tiida e Sentra são importados do México, o monovolume Livina é o primeiro veículo de passeio da marca japonesa com o orgulhoso status de nacional, mesmo com o índice de 70%.

Pena que o nosso país foi e será sempre visto como emergente pela Renault, dona da Nissan, para receber o projeto do Livina junto com Vietnã, Filipinas, Taiwan, Indonésia, Malásia, África do Sul e China, onde nasceu de fato. Por isso o novo carro tem um estilo controverso. A ousada e baixa dianteira foi inspirada no crossover Murano. A lateral tem os vidros com o corte invertido na coluna que já virou clichê. Já a discreta traseira lembra o Volkswagen Polo. A plataforma é do Logan e o acabamento é muito simples, como veremos em comentários mais abaixo.

O Livina terá duas versões de comprimento de carroceria e capacidade de passageiros. Primeiro está chegando a versão curta, para cinco passageiros, com comprimento de 4,18 metros, largura de 1,69m, altura de 1,57m e distância entreeixos de 2,60 m. No porta-malas cabem 449 litros de bagagem. Vai concorrer com o Fit, o Idea e o Meriva. Ainda não está confirmado, mas é possível que o Livina substitua o Renault Scénic. Ainda este ano chegará o Grand Livina, de carroceria longa e sete lugares, para concorrer com Picasso, Zafira e, se bobear, com a C4 Picasso e a Grand Scénic.
Em relação ao acabamento, o Livina possui duas opções: a básica e a SL. Cada uma pode ter motor 1.6 ou 1.8, totalizando quatro versões. Todas têm para-choque na cor da carroceria, mas a SL também tem as maçanetas e capas dos retrovisores desta forma (pretos no básico) e a grade cromada (cinza). Até na top 1.8 o acabamento é muito simples. O painel de linhas comportadas tem detalhes prateados no console, volante e maçanetas, além do plástico liso. Já os estofados são de veludo claro, que sujam e desfiam com mais facilidade. Falta revestimento em couro nos bancos, pelo menos como opcional (a SL tem no volante).
Em compensação, estão no interior os dois grandes atrativos do Livina. O primeiro é o espaço. Tanto para os passageiros (bom para as pernas e cabeça de quatro ocupantes) quanto para objetos (como porta-copos e porta-trecos). O outro é o pacote de equipamentos de série. A versão básica 1.6 já vem com ar condicionado, direção elétrica, travas, vidros e retrovisores elétricos e airbag para o motorista. A SL inclui, ainda, rodas de alumínio 15", freios com ABS, EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem) e BA (que aplica toda a força em frenagens de emergência), faróis de neblina dianteiros, travamento automático das portas com sensor de velocidade, travamento das portas por controle remoto, alarme (somente versão 1.8 SL), airbag duplo, CD MP3 com entrada auxiliar para iPOD e quatro alto-falantes e banco traseiro bipartido. Spoilers e aerofólios, sensor de estacionamento traseiro e tocador de DVDs são vendidos como acessórios nas concessionárias. Mas faltam regulagem de altura dos cintos dianteiros, cinto de segurança e apoio de cabeça para o passageiro do meio de trás.
O motor 1.6 é o mesmo Hi-Flex 16v da Renault, só que é menos potente do que o Symbol, por exemplo, apresentado no post abaixo. Enquanto o sedã tem 110 e 115 cv, o monovolume rende 104 cv com gasolina e 108 cv com álcool. O desempenho é razoável: velocidade entre 180 e 183 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h entre 12,1 e 11,7 segundos, respectivamente com gasolina e álcool. O consumo com petróleo agrada mais: 12,8 km/litro na cidade e 17,5 km/l na estrada. Com o combustível vegetal o consumo é de respectivos 7,7 e 10,5 km/l.

O 1.8, por sua vez, é o motor utilizado no Tiida, mas que agora tem a tecnologia Flex. Curiosamente, o nome Flexfuel adotado pela Nissan é o que a imprensa utilizava quando se referia aos bicombustíveis antes de serem lançados. Também tem quatro válvulas por cilindro e rende entre 125 e 126 cavalos. A aceleração é mais rápida, como se espera, mas o melhor desempenho é com gasolina: 10,7 e 10,8 segundos. A velocidade máxima com álcool é que decepciona: 182 km/h, menos que no 1.6. Com gasolina o Livina chega a 181 km/h. O consumo é quase igual ao do 1.6: 11,6 km/l e 17,2 km/l com gasolina e 7 e 10,3 km/l com álcool. Esses números uniformes entre as cilindradas e combustíveis se devem pelo tipo de câmbio. O 1.6 só é vendido com manual de cinco marchas. O 1.8 só tem transmissão automática de quatro marchas.

O Livina básico com motor 1.6 custa R$ 46. 690. O SL sai por R$ 51.490. O 1.8 é vendido por, respectivamente, R$ 50.690 e R$ 56.690. A garantia do Livina é de três anos. A Nissan pretende vender cerca de 800 unidades por mês do Livina no mercado brasileiro. Deste total, a marca prevê inicialmente uma divisão de 35% para o 1.6; 20% para 1.6 SL; 25% para o 1.8 e 20% para o 1.8 SL.

O primeiro veículo de passeio da Nissan fabricado no Brasil tem os seus defeitos, mas os concorrentes já estão preocupados.