DE GERAÇÃO A GERAÇÃO - MITSUBISHI L200/TRITON


A nova geração da Mitsubishi Triton, que acaba de chegar ao Brasil e perdeu o nome L200, é a quinta por aqui e a sexta mundialmente. Foi lançada originalmente em 1978, com o nome de Forte no Japão e L200 em alguns mercados, para concorrer com a Toyota Hilux, criada dez anos antes e que já estava na terceira geração. Ganhou novas gerações em 1986, 1996, 2005, 2015 e 2023. 


Primeira geração (1978-1986)


Em setembro de 1978, a Mitsubishi apresentou uma nova picape média, com cabine simples, de estilo próximo a um carro de passeio, para fazer frente à então recém-lançada terceira geração da Toyota Hilux. A grade dianteira trazia dois pares de faróis circulares. 


A Forte era produzida em Okazaki, Aichi, no Japão. De Laem Chabang, na Tailândia, saía como L200, destinada ao mercado local e para a Austrália, onde tinha o sobrenome Express e também era vendida como Chrysler D-50. Nos Estados Unidos se chamava Mighty Max, Dodge D-50, Dodge Ram 50 com tração 4x2, Dodge Power Ram 50 com tração 4x4, e Plymouth Arrow.  A Chrysler ajudou a Mitsubishi a projetar a picape, por isso teve versões de diversas marcas do grupo.


Os motores a gasolina, incluindo Japão e mercados de exportação, eram o 1.6 de 92 cavalos e o 2.0 de 93, 110 e 206 cavalos. Os movidos a diesel eram o 2.3 de 67 cv e um turbinado de 86 cv. Nos Estados Unidos havia o 2.6 a gasolina de 105 cv. Todos com quatro cilindros em linha. A tração integral, que chegou em 1981, tinha reduzida acionada por alavanca. O câmbio manual podia ter quatro ou cinco marchas. 

Só havia opção de cabine simples, mas de caçamba tinha opções comum, com presilhas para amarração de capotas de lona, e de cabine sobre chassi. A carroceria media 4,69 metros de comprimento e 1,65 m de largura. A altura variava entre 1,56 m e 1,65 m. A distância entre-eixos também apresentava diferenças entre a tração traseira (2,78 m) e integral (2,79 m). Havia também uma versão de entre-eixos longa de 3,04 m. 


Para 1985, os faróis continuaram em dois pares, mas passaram a ser quadrados. 


Segunda geração (1986-1996. No Brasil de 1993 a 2007)


A segunda geração, apresentada em março de 1986, manteve as linhas retas, mas elas foram suavizadas e adaptadas para os anos 80. Os faróis passaram a ser um único par quadrado, com as luzes de direção verticais ao lado. Após um primeiro face-lift, o formato da grade, cromada em algumas versões, criava a impressão de que o conjunto ótico era trapezoidal. 


Antes exclusivamente de cabine simples, a segunda edição da L200 passou a ter três opções: simples, estendida, chamada Club Cab, e dupla, com quatro portas. A cabine simples também tinha duas opções de comprimento de caçamba. Por falar em medidas, a carroceria foi encurtada para 4,50 metros no comprimento com caçamba curta, mas aumentou para 4,92 m com cabine estendida.



Além da nova geração houve novidades como o nome usado no Japão, que passou a ser Strada (como a picape compacta da Fiat), usado também na Europa, onde chegou nesta carroceria. Na verdade, a L200 ficou cinco anos fora do mercado japonês e só voltou em 1991. Na Austrália, foi adotado pela primeira vez o nome Triton, em uma versão básica. Também surgiram novos nomes como Colt na África do Sul e Cyclone, na Tailândia. Nos Estados Unidos continuou sendo chamada de Mighty Max e Dodge Ram 50. 

Dodge Ram 50

As motorizações 2.0 e 2.6 foram mantidas, mas o motor a diesel 2.3 passou a ser 2.5, com 68 cavalos sem turbo e 84 cavalos o turbinado. A tração 4x4 também continuou e o câmbio ganhou a opção de um automático de quatro marchas. Os australianos ganharam um V6 3.0 de 122 cavalos em 1993. 


Naquele mesmo ano, a L200 chegava oficialmente ao Brasil pelo grupo Souza Ramos, já com o face-lift, somente com cabine dupla e com motor 2.5 de 84 cavalos, aumentado para 87 cv após pedido dos concessionários. 


Em 1998. a L200 passou a ser fabricada em nosso país, na fábrica goiana de Catalão, de propriedade do grupo Souza Ramos, rebatizado de MMC Automotores. Ainda tinha 50% de nacionalização. 

A nacionalização só foi completa no ano 2000, quando ganhou um face-lift de gosto duvidoso, típico daquelas gambiarras estéticas vendidas em lojas de auto-peças do subúrbio, lembrando aquelas picapes da própria Souza Ramos (SR) nos anos 80 e início dos 90. Tinha grade trapezoidal com contorno na cor da carroceria. Os faróis eram circulares e tinha luzes auxiliares também redondas, mas menores. Ambos ficavam em uma estrutura recuada também na cor da carroceria. 


Além da fábrica brasileira, a L200 de segunda geração passou a ser produzida também nas Filipinas (Cainta) e em Portugal, na unidade dos Povos, em Vila Franca de Xira. Continuou sendo fabricada na Tailândia, que passou a ser um grande polo produtor de picapes médias. 

L200 Savana

Voltando ao Brasil, a L200 ganhou a versão simples L em 2000 e, no ano seguinte, a esportiva GLS HPE com suspensão reforçada e motor turbodiesel de 118 cavalos. Em 2004 foi lançada a série especial aventureira Savana, voltada para o fora de estrada pesado, com pintura amarela e snorkel (cano de respiração embaixo d'água) que brotava do capô, atravessava o para-brisa e terminava no teto. Ainda com a carroceria de "primeira" geração nacional, chegou quando a Mitsubishi já vendia aqui a terceira geração mundial.  


Terceira geração (1996-2005. No Brasil de 2003 a 2012)


Apresentada na Tailândia (que passou a concentrar a produção internacional, inclusive para o Japão) em 1996, a terceira geração continuava com linhas quadradas, mas os cantos ficaram mais arredondados. Inicialmente, os faróis permaneceram quadrados com a moldura cromada da grade trapezoidal. A grade propriamente dita ainda era preta. Um face-lift em 1998, deixou a grade mais moderna e pronunciada, com filetes diagonais e faróis trapezoidais. O comprimento passou a ser de 4,93 m de comprimento por 2,95 m de distância entre-eixos. 

Face-lift asiático

Face-lift europeu


A motorização ganhou mudanças, com o 2.5 turbodiesel aumentando a potência para 103 cavalos. O 2.6 a gasolina foi substituído por um 2.4 de 145 cavalos. O 2.0 e o 3.0 V6 foram mantidos. O acionamento da tração integral passou a ser mais suave, mas ainda pela alavanca. 


A L200 ganhou novos nomes mundo afora, como Storm na Malásia, L200 Endeavor nas Filipinas, Magnum e, após o face-lift, Mega Magnum, em Israel e Strakar em Portugal. Este último, uma mistura dos nomes Strada e Dakar, alusivo ao rali Paris-Dakar. no qual a Mitsubishi tem longa tradição de vitórias com o Pajero e a L200 participou em 2005. Na África do Sul continuou se chamando Colt, na Austrália assumiu a identidade Triton e no Japão manteve a designação Strada, mas saiu de linha em 1999. Nos Estados Unidos, a terceira geração nem chegou por lá, pois as picapes maiores são mais populares. 


Aqui no Brasil. a terceira L200 chegou atrasada, como sempre, em 2003, ainda somente com cabine dupla, mas com faróis e lanternas seguindo a economia de peças da versão nacional da geração anterior.  O motivo foi a nacionalização que demorou. A grade era trapezoidal e em acabamento de tela bem simples. Os faróis continuaram sendo aqueles estranhos pares redondos de tamanho diferente dentro da estrutura de fundo na cor da carroceria com o tamanho do conjunto ótico do mercado internacional pós-face-lift. As lanternas também imitavam o estilo vertical da L200 estrangeira, mas tinha refletores redondos. Para se diferenciar da geração anterior, que continuou no mercado, recebeu o sobrenome Sport. 

L200 Sport Savana

O motor da nossa continuou sendo o 2.5 turbodiesel de quatro cilindros, mas agora com potência aumentada para 121 cavalos. A versão HPE ainda tinha 141 cv. A transmissão automática de quatro marchas foi a primeira do tipo em uma picape a diesel por aqui. 







A terceira geração da L200 deu origem a um utilitário esportivo que recebeu um nome clássico dentro da Mitsubishi: Pajero Sport. Foi lançada mundialmente em 1996, demorando dois anos para chegar ao Brasil, ainda importada do Japão. Tinha uma frente bem atraente, que foi enfeiada quando passou a ser fabricada aqui em 2007, seguindo o estilo SR das picapes modificadas da Souza Ramos.  


Quarta geração (2005-2015. No Brasil de 2007 a 2016)


Finalmente a L200 ganhou linhas arredondadas na quarta geração, de 2005. A inspiração foi a arquirrival Toyota Hilux. reestilizada no ano anterior. Na frente, os faróis misturaram formas amendoadas por fora, com circulares por dentro. A grade foi dividida por uma larga pirâmide onde ficavam os três diamantes da Mitsubishi. A linha de cintura lateral era ascendente e as janelas, pela primeira vez, ganhavam um terceiro vidro. A junção da cabine com a caçamba era curvada. Atrás, as lanternas tinham formato de gota. O comprimento já passava dos 5 metros, 5,07 m mais precisamente, e a distância entre-eixos era de exatos 3 metros. 


Por dentro, um painel tão arredondado quanto o exterior, com o som e seu display cercados por duas saídas de ar verticais e quadro de três instrumentos com fundo azul e contorno cromado que pareciam que eram individuais. 


A motorização internacional variava entre o 2.5 turbodiesel de 180 cavalos, 3.2 também turbodiesel de quatro cilindros de 165 cavalos e os movidos a gasolina 2.4 litros de quatro cilindros de 142 cv e V6 3.5 de 200 cv. 

Demorou dois anos para chegar ao Brasil, já fabricada em Catalão (GO), somente na versão cabine dupla, com os motores 3.2 turbodiesel e o V6 3.5, importados do Japão. O câmbio era automático de quatro marchas para as duas motorizações e manual de cinco na turbodiesel. 

Felizmente, a L200 Triton HPE, como passou a ser chamada, veio com o estilo original, sem aquelas gambiarras estéticas da SR nos faróis, típicos das gerações anteriores. A primeira geração vendida aqui saiu de linha de vez, mas a anterior continuou em produção com o nome de Sport e depois Outdoor, que ganhou a sua versão radical Savana, aquela do snorkel. 

Na lista de equipamentos de série, destaque para o ar condicionado digital e o rebatimento elétrico dos retrovisores externos, uma novidade por aqui. 





Em 2009, o motor V6 3.5 passou a ser flex, com 205 cv. No mesmo ano, chegou a versão utilitária Pajero, agora com sobrenome Dakar, ainda importada da Tailândia, mas nacionalizada em 2011, ano em que a picape L200 saiu de linha no Japão, enquanto aqui ela ganhou GPS integrado ao painel. 

L200 Triton Savana



Para a linha 2012, veio a opção de caçamba mais longa na versão XB. No decorrer do ano, com um discreto face-lift, as versões GL, GLX e GLS passaram a fazer companhia à versão HPE, que manteve o estilo original, mas recebeu faróis duplos e grade colmeiada. A geração anterior saiu definitivamente de linha. Além disso, ganhou melhorias na suspensão e a versão aventureira Savana. 


Em 2013, veio a versão HLS com motor 2.4 flex de 142 cavalos, o motor 3.2 turbodiesel passou a ter 180 cv e o câmbio automático passou a ter cinco marchas. Para 2014 ganhou um face-lift mais profundo, que deixou a grade inteiriça e em três lâminas. 


Quinta geração (2015-2023. No Brasil de 2016 a 2025)



A quinta edição da L200 Triton, apresentada em 2015, manteve as linhas arredondadas da anterior, com mais discrição. Os faróis, ainda de bixenônio, ficaram mais espichados e ganharam luzes diurnas em LED. A grade ficou cromada com três entradas verticais cercando o emblema da Mitsubishi no centro. A linha de cintura continuou alta, a base das janelas laterais ficou mais ascendente e foi eliminado o quebra-vento presente na geração anterior. A junção da cabine com a caçamba continuou curvada. As lanternas assumiram formato de bumerangue. O comprimento aumentou para 5,28 m, mas a distância entre-eixos manteve-se nos 3 metros. 


No interior, o painel arredondado ficou mais discreto e elegante, com acabamento apresentando melhor qualidade. As saídas de ar ficaram maiores e continuaram cercando a tela multimídia, que ficou nivelada a elas e ao gabinete central. Antes eram mais recuadas. O quadro de instrumentos passou a ser composto por apenas dois mostradores de fundo preto, com uma pequena tela no meio.  

Na motorização internacional havia os turbodiesel 2.5 com 110, 136 ou 178 cv, o novo 2.4 (154 ou 181 cv) e o 2.4 a gasolina. O sistema opcional Super Select 4WD-II usava acionamento eletrônico e havia caixa manual de seis marchas e uma automática, também de seis.


A quinta L200 chegou ao Brasil logo em 2016, chamada de L200 Triton Sport, também fabricada em Catalão, apenas com o motor 2.4 turbodiesel, elevada para 190 cavalos, cabine dupla e em três versões: GLS com câmbio manual, HPE manual e HPE Top, com câmbio automático de cinco marchas. A anterior geração continuou no mercado nas versões GL, GLX, Outdoor e Savana. 


Na lista de equipamentos, destaque para o ar condicionado digital de duas zonas, sete airbags, assistente de condução com reboque, chave presencial, bancos elétricos para o motorista, DVD e câmera de ré na versão top. 

Fiat Fullback

Ram 1200

A quinta geração teve uma versão Fiat para a Europa, chamada Fullback, em parceria com a então Fiat-Chrysler, e uma da Ram, chamada 1200, para os mercados do Oriente Médio. Em outros países, continuou sendo chamada de Strada nas Filipinas, L200 Strakar em Portugal e somente Triton na Malásia e na Austrália. 

L200 Triton Sport Savana




L200 Triton Sport Savana

L200 Triton Savana Sertões

Entre 2018 e 2020, a Triton ganhou dois face-lifts. O primeiro com grade de filetes horizontais, mantendo o estilo dos faróis, e o mais recente com frente mais futurista, com grade e faróis mais finos e inteiramente em LED. Atrás, as lanternas ficaram totalmente retangulares, com novos refletores. 

Pajero Sport 2021

Pajero Sport 2021

Pajero Sport 2025


A versão SUV da L200 voltou a se chamar Pajero Sport no Brasil, mas a versão correspondente à quinta geração só chegou aqui em 2019, importada da Tailândia, quatro anos depois de lançada mundialmente. Tinha motor 2.4 turbodiesel de 190 cavalos e câmbio automático de 8 machas. Ganhou um discreto face-lift em 2020 e no ano passado. 


Sexta geração (2023. No Brasil em 2025)


A atual geração foi lançada na Tailândia em 2023. Voltou a ter linhas retas, com frente vertical e imponente, luzes diurnas de LED separadas dos faróis que foram parar quase no para-choque dianteiro. A grade na cor da carroceria passou a ser exclusiva da versão top Katana, pelo menos aqui no Brasil. Atrás, as lanternas continuaram retas, com uma ponta na parte inferior, em direção a lateral, que continua com a base das janelas ascendente. Usando a plataforma da próxima geração da Nissan Frontier, já tem 5,36 metros de comprimento e 3,13 m de entre-eixos. 


O interior ficou mais simples com um novo painel onde se destaca a tela multimídia de 9 polegadas. Tanto o suporte da tela, quanto as saídas de ar e o estilo do próprio tablier ficaram mais horizontais. Mesmo com muitos carros atuais adotando quadro de instrumentos eletrônico, a Triton continuou com instrumentos físicos ao redor de uma tela maior colorida. 


O nome Triton passou a ser único em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Mas em alguns mercados, como México e África do Sul, foi mantida a designação L200. Na Tailândia, único país onde se produz a Triton além do nosso, a picape está disponível nas cabines simples e dupla, mas esta tem uma versão em que não há bancos de trás, só espaço para carga. A picape média da Mitsubishi voltou a ser vendida no Japão após 12 anos, quando a quarta geração deixou de ser produzida.  



Somente este ano, a nova Triton chegou ao mercado brasileiro, fabricada em Catalão (GO). Está sendo vendida, da mais barata para a mais cara, nas versões GL com câmbio manual de seis marchas, GL com automático de seis, GLS, HPE, HPE-S e Katana. O motor 2.4 turbodiesel é novo e agora rende 205 cavalos. 


Se a versão GL já traz de série sete airbags, sistema multimídia de 8 polegadas, câmera de ré, assistente de condução de trailer e piloto automático, mas vem com para-choques cinza e rodas de aço, recursos de condução semi-autônoma como piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência, monitoração de pontos cegos e aviso de saída de faixa já aparecem na HPE-S. O preço varia de R$ 250 a 330 mil. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO 
FOTOS: DIVULGAÇÃO

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