Apresentado no Salão de Tóquio de 1995, o Honda CR-V foi a resposta da Honda ao sucesso do rival Toyota RAV-4, lançado no ano anterior.

O utilitário esportivo nasceu para ser um veículo recreativo, que pudesse enfrentar trilhas leves. Daí o R-V do nome. Já o C podia ter dois significados. Para uns queria dizer Civic, que lhe emprestava a plataforma. Outros o identificavam como Compact, posicionamento que só valia se comparado ao antigo Passport, desconhecido no Brasil.

Em quase trinta anos, está na sexta geração, que chegou ao nosso país este ano. A segunda foi lançada mundialmente em 2001 e as seguintes em 2006, 2011, 2016 e em 2022. Felizmente, todas vieram para cá, com um ano de atraso até a quarta geração e dois nas duas últimas. Nesse tempo, o CR-V foi se sofisticando e se tornando mais caro. Chegou a ser importado do México para custar menos e ter mais volume, mas a atual geração vem da Tailândia, em versão única e híbrida, custando mais de 350 mil reais. Esta história que você lerá abaixo será focada no mercado brasileiro. 


1a Geração - 1995 (no Brasil em 1999)


Com 4,52 metros de comprimento e 1,75m de largura, o primeiro CR-V era apenas um pouco mais curto que a quarta geração (4,55m) que eu mostrei no post abaixo. Só a largura que aumentou bastante (1,82m). Ele ainda era mais alto (1,71m contra 1,68m) e tinha a mesma distância entre-eixos (2,62m). 

Tinha linhas retas, quase quadradas. Sua frente e seu interior eram inspirados no Civic da época. A lateral tinha área envidraçada plana que ia da coluna dianteira até a traseira, separada pelas duas colunas das portas. As lanternas envolviam o vidro traseiro, característica que dura até hoje. Na tampa do porta-malas, de abertura lateral, o estepe era exposto para quem quisesse acreditar no perfil aventureiro do modelo.


A tração integral era em tempo real e o motor de quatro cilindros em linha 2.0 16v, rendia, inicialmente, 131 cavalos. No Japão, ele já tinha freios ABS, airbags laterais e navegador na lista de opcionais. Quando chegou ao Brasil, em 1999, com equipamentos mais modestos como ar condicionado, airbags frontais, trio elétrico e rádio toca-fitas, o CR-V já estava com para-choque dianteiro renovado, capa do estepe e motor mais potente, com 147 cavalos.


O CR-V original era considerado um 4x4 light que agradava no conforto, valentia, desempenho e espaço interno. Para fazer jus ao seu nome, vinha até com uma mesinha de piquenique para recreação no porta-malas. Mas era criticado pela tração integral barulhenta e a imprecisão do câmbio automático de quatro marchas, que ficava na coluna de direção. Custava aqui R$ 69.340, mas a Honda importou também o CR-V com câmbio manual de cinco marchas, por R$ 66.880.


2a Geração - 2001 (no Brasil em 2002)


Em 2002 foi lançada a segunda geração, também baseada no Civic, só que da versão seguinte. As linhas permaneceram retas, mas se sofisticaram. A frente ficou mais agressiva e tão marcante que foi copiada pela chinesa Chery no Tiggo. Na lateral a coluna C se alargou. As lanternas traseiras ficaram maiores, indo um pouco acima do para-choque ao vidro, como sempre. O estepe continuou pendurado na tampa traseira e a porta ainda se abria para o lado direito. O comprimento aumentou para 4,53m, a largura subiu para 1,78m e a altura caiu para 1,68m. Entretanto, a distância entre-eixos se manteve em 2,62m. 


Mesmo assim, o interior ganhou mais espaço (a capacidade do porta-malas subiu de 444 para 527 litros) e requinte. Pena que o desenho do painel era estranho. O motor 2.0 16v ganhou o sistema i-VTEC e acelerador eletrônico (drive-by-wire). Desta forma, a potência aumentou para 150 cavalos. Outra novidade mecânica foi a opção do motor 2.4, de 156 cv, a única que veio para cá nesta carroceria. Também tinha quatro cilindros, 16v e sistema i-VTEC. Em tempos de dólar altíssimo, na época custava R$ 122 mil. Em 2003, a revista Autoesporte o elegeu como o Utilitário Esportivo do Ano 2004.


3a Geração - 2006 (2007)


A terceira geração apareceu, em 2007, mais arredondada, com faróis pontudos, para-choques rasgados na altura da grade e janelas arqueadas. As lanternas traseiras continuaram se estendendo do para-choque até o vidro. O estepe saiu da tampa do porta-malas, que agora se abre para cima. O comprimento finalmente aumentou para 4,58m. O perfil aventureiro dava lugar ao estilo crossover, principalmente ao adotar, também, a tração dianteira simples. A tração 4WD, por sua vez, foi renovada e não faz mais barulho.


O CR-V ganhou novos recursos como faróis de xenônio, ar condicionado digital e conexão Bluetooth. O câmbio automático passou a ser operado em uma alavanca localizada junto ao console e o motorista fica em posição mais elevada, mostrando o lado minivan do CR-V. Já os motores permaneceram os mesmos: 2.0 16v e 2.4 16v i-VTEC, sendo que este último passou a render 180 cv.


Em 2009, o CR-V para o mercado brasileiro trocou de origem com o sedã Accord: do Japão passou a vir do México. No ano seguinte, um face-lift deu uma nova grade.

Aqui, o CR-V foi vendido apenas com o motor 2.0 e câmbio automático de cinco marchas, mas com duas versões de acabamento: LX, com tração dianteira, por R$ 85.700 e EXL, que custava R$ 97.380 e tinha tração integral.




4a Geração - 2011 (2012)


Na quarta geração, o CR-V assumiu um novo perfil: o de crossover de luxo. Mesmo não crescendo muito, chegando ao ponto de encurtar, a geração que chegou ao mercado em 2012 (com apresentação no ano anterior) ficou mais encorpada, com faróis espichados, parte sob a grade, e lanternas traseiras triangulares e prolongadas até o vidro. O painel interno ficou mais horizontal. O espaço interno aumentou. Na lista de equipamentos ganhou itens como GPS, tela multimídia auxiliar iMid, que na versão básica reproduzia a câmera de ré, airbags de cortina, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa. Uma outra novidade foi o botão ECON, que controlava alguns recursos do carro, como o ar condicionado, para economizar combustível. O ritmo de contenção era identificado na iluminação da moldura do velocímetro.


A quarta geração começou a ser vendida nas versões LX e EXL. A primeira chegava somente com tração dianteira, mas com câmbio manual e opção do automático convencional de cinco marchas. E a EXL, com automático e tração integral. As duas tinham apenas o motor 2.0 i-VTEC. ainda a gasolina, de 155 cavalos. Seus preços iniciais eram de R$ 84.700 (LX manual), R$ 87.900 (LX automático) e R$ 103.200 (EXL).


Em 2013, o motor 2.0 passou a ser flex, com a potência a gasolina caindo para 150 cavalos, enquanto a com álcool continuou nos 155. A LX com câmbio manual parou de ser importada e a EXL ganhou tração 4x2. Em 2015, ganhou um face-lift na grade, que voltou a ter abertura abaixo da proteção como na terceira geração. O CR-V ficou ainda mais caro, passando a custar R$ 134.900, na versão única EXL, ainda com motor 2.0. Mas ela chegou aos R$ 148 mil.

Face-lift de 2015

5a Geração - 2016 (no Brasil em 2018)

A quinta, apresentada nos Estados Unidos em 2016, deu continuidade à evolução do estilo que começou na terceira. Lembrando muito a anterior depois do face-lift, ela demorou dois anos para vir, com o mesmo motor 1.5 Turbo de 190 cv do Civic, interior mais refinado e espaçoso, itens de entretenimento como o sistema multimídia de 7 polegadas com interação com Apple e Android e recursos de segurança, como aviso de mudança de faixa. 


A versão única Touring custava R$ 180 mil e também vinha com ar-condicionado digital com duas zonas e saída de ar traseira, freio de estacionamento elétrico com função Brake Hold, tomadas USB para recarga na parte de trás, teto solar elétrico (de tamanho pequeno e não o panorâmico), banco do motorista com oito ajustes elétricos e memória e do passageiro com regulagem elétrica com quatro funções, partida remota do motor pela chave, destravamento das portas e partida do motor sem chave, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controles de estabilidade e tração, monitoramento da pressão dos pneus, sistema Agile Handling Assist (que aplica ativamente e de maneira seletiva os freios do carro para melhorar o desempenho em curvas), direção elétrica, monitoramento de atenção do condutor e Honda LaneWatch (uma câmera no retrovisor direito que exibe imagens na tela da central multimídia ao ativar o pisca direito). O preço alto era, justamente, por passar a vir dos Estados Unidos, com quem o Brasil não mantém acordo de isenção de imposto de importação, ao contrário do México, de onde vinha até a geração anterior. 


O quinto CR-V media 4,59 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,69 m de altura e 2,66 m de distância entre-eixos. O porta-malas tinha capacidade para 522 litros com todos os cinco lugares em uso. 

O interior manteve o painel com base da alavanca do câmbio CVT (de sete marchas simuladas) elevada e integrada, acabamento com material soft touch e apliques em imitação de madeira, tela multimídia sobreposta na parte central, quadro de instrumentos digital e head up display projetado sobre uma tela de acrílico. A tração era integral sob demanda. 


Em 2021, ele ganhou leves alterações estéticas na frente, como um novo para-choque dianteiro e a troca do cromado pelo preto brilhante na proteção da grade. O preço aumentou ainda mais e ele era vendido por R$ 264.900. 

Face-lift de 2021

Pelo menos trouxe novidades como o Honda Sensing, que adicionou ao aviso mudança de faixa, o piloto automático adaptativo e a frenagem autônoma de emergência, além de carregador sem fio para smartphones, teto solar panorâmico, sistema de áudio com subwoofer e start-stop. 

Exatamente por causa do preço alto, o CR-V começou a ser escanteado pela Honda no Brasil, demorando, mais uma vez, dois anos para trazer a sexta geração. Nos Estados Unidos a quinta geração já tinha uma versão híbrida, que só chegou agora, na sexta versão. 


6a Geração - 2022 (no Brasil em 2024)



A sexta e atual geração rompeu com o estilo das duas anteriores e tornou o CR-V um utilitário conservador, com linhas retas, recorte traseiro das janelas mais baixo e frente vertical, com grade maior, hexagonal e com filetes colmeiados, além de faróis bem finos e horizontais, delineados pelas luzes diurnas de LED. Atrás, as lanternas inspiradas nos modelos da Volvo, misturando luzes horizontais e verticais e formando um zigue-zague, mantêm a identidade do CR-V.


O comprimento aumentou para 4,71 metros, a largura para 1,87 m e a distância entre-eixos para 2,70 m. A altura foi mantida em 1,69 m.  

Por dentro, o painel também mudou radicalmente em relação ao anterior e não tem mais a alavanca do câmbio próxima, que foi parar na convencional posição no console, embora flutuante. O estilo é horizontal, com saídas de ar disfarçadas por uma faixa perfurada. A tela multimídia de 9 polegadas agora está destacada na parte superior. O quadro de instrumentos se tornou totalmente eletrônico. Foram mantidos os detalhes em imitação de madeira, acompanhados de um aplique em preto brilhante.  


Nos Estados Unidos, onde foi lançado em 2022, ele também tem o motor 1.5 turbo de 190 cavalos, mas a nova geração só chegou aqui, a partir deste ano, na versão híbrida, com motor 2.0 de ciclo Atkinson de 147 cv, que funciona a altas velocidades e dois elétricos, um deles de 184 cv, que impulsiona o carro na cidade, e outro para gerar energia, pois a bateria só tem 1,06 kWh de capacidade. Combinada, a potência é de 207 cv. O câmbio é um automático e-CVT de 2 marchas. A tração é integral. 

O CR-V agora vem importado da Tailândia custando R$ 352.900, em versão única chamada Advanced Hybrid. Ele continua trazendo o Honda Sensing, mas agora traz dez airbags e cancelador de ruído. 

O Honda CR-V, que nasceu como um jipe compacto, foi se tornando um crossover cada vez mais luxuoso. E mais caro. Por isso, está perdendo espaço e importância no Brasil, mesmo com o mercado só querendo saber de SUV.