A Honda entrou no jogo de economia das várias marcas multinacionais que atuam no Brasil e simplificou a sua linha. Abriu mão do moderno monovolume Fit, substituindo-o pela versão hatch do simplório City. Este e sua matriz sedã, além do utilitário esportivo HR-V, em nova geração com estilo cupê, agora são os únicos fabricados em nosso país. 

 Produzido aqui durante quase vinte e cinco anos, o sedã médio Civic agora vem importado da Tailândia em sua décima-primeira geração e chega somente na versão híbrida (não recarregável na tomada) custando mais de 240 mil reais. Com este preço, ele se afasta do eterno rival do Corolla e, mesmo com a carroceria menor, assume o papel de sedã de luxo que era do Accord, que foi vendido como híbrido aqui por muito pouco tempo e acabou de ganhar nova geração no exterior.

O Guscar abre a temporada 2023 analisando item a item o novo Honda Civic Híbrido, chamado oficialmente de e:HEV. 


Estilo
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Na história de evolução do Civic há uma alternância entre a discrição e a ousadia. Se a geração passada radicalizou em relação a anterior, transformando-se em cupê de quatro portas, a nova voltou a ter formas de sedã, mas a nova carroceria lembra ligeiramente a anterior. Tanto que na Europa ele continua com o estilo fastback.  

Houve uma mudança sutil no recorte das janelas e a dianteira perdeu os cromados, com o capô se prolongando até a grade, substituindo o acabamento brilhante. Os faróis, afilados e mais recuados, são em LED. Mas a traseira assumiu visual careta, trocando as lanternas em C pelas horizontais com prolongamento no porta-malas. 



Ele está um pouco maior em comprimento e entre-eixos que a geração anterior. Mede agora 4,68 metros contra 4,64m e 2,73m contra 2,70m. Largura e altura continuam sendo de 1,80m e 1,43m, respectivamente. 

Apesar de substituir o Accord no mercado, ele ainda não chegou ao seu tamanho, pois o sedã maior media 4,89 m por 1,86 m na geração que acaba de ser substituída. É a sensação do carro de luxo que encolhe no Brasil. 

O Civic ainda é elegante, mas perdeu a graça com a sua nova traseira.  

Acabamento
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O painel do Civic ficou mais horizontal, com tela multimídia destacada na parte superior e saídas de ar camufladas por uma grade colmeiada em toda a extensão, mas as saídas em si ficam só nas extremidades e no centro. Os comandos do ar condicionado voltaram a ser físicos e giratórios. O estilo foi imitado por outros carros da Honda como o HR-V e o futuro ZR-V. O quadro de instrumentos é inteiramente virtual. Na carroceria branca, o revestimento dos bancos e apliques das portas é claro. Nas demais cores (preto, prata e cinza), o revestimento é escuro. 


O acabamento é quase perfeito, com material macio em toda a parte superior do painel e das portas, inclusive as traseiras. O console central tem revestimento em couro e na parte interna, emborrachado. Há manta acústica na tampa do porta-malas, do capô e até na parte interna da caixa das rodas. Tem até cancelamento de ruído no habitáculo. Mas um pequeno deslize é o porta-luvas não ter iluminação, mesmo tendo a tampa de abertura suave. O revestimento inferior das portas é em plástico duro. 

Espaço interno
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O Civic é espaçoso. Quem viaja no banco de trás fica com as pernas e a cabeça bem folgadas. Mas foi-se o tempo em que ele tinha assoalho plano, como na sétima geração. O túnel de transmissão é bem altinho. E ele ainda perde nas medições da revista Quatro Rodas para o eterno rival Toyota Corolla, que tem espaço para as pernas de 105 cm, enquanto o Honda tem 97 cm. Para a cabeça, o Corolla leva vantagem de 94 a 90 cm. O Civic só vence na largura (153,5 contra 139,7 cm). Por isso, só tirei uma estrela na avaliação do espaço interno. 

Porta-malas
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O porta-malas do Civic perdeu 24 litros de capacidade. Eram 519 e agora são 495 litros. Ainda assim é superior ao do Corolla, que tem 470 litros. A tampa tem abertura suave e os encostos do banco são rebatidos facilmente ao toque de um botão perto da tampa. O estepe é temporário. 

Motor 
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O Civic Híbrido tem três motores. Dois elétricos e um a gasolina, que é um 2.0 aspirado de injeção direta, rendendo 143 cavalos e 19,1 kgfm de torque a 4.500 rpm, que gera energia para o motor elétrico suplementar, que funciona apenas como um gerador para a bateria de apenas 1,05 kWh, que, por sua vez, fornece energia para o motor elétrico principal, de 184 cavalos e 32,1 kgfm, responsável por movimentar o carro na maior parte do tempo. 


O motor a gasolina só entra em ação a partir dos 100 km/h ou em velocidades de cruzeiro, no modo de condução Sport. O carregamento também pode ser feito de forma regenerativa e a intensidade é regulada pelas borboletas atrás do volante, que não operam o câmbio CVT.

A potência é bem superior a do Corolla, que rende somente 122 cavalos combinados. No Civic não há potência combinada porque o motor elétrico e a combustão não funcionam juntos. São três modos de condução: Normal, Econ e Sport, no qual os alto-falantes emitem um ruído falso de motor. 

Desempenho 
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Pela Quatro Rodas, o Civic acelera de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos e recupera entre 80 e 120 km/h em 5,9 segundos. Números dignos de um esportivo, mas o Volkswagen Jetta GLi acelera mais rápido, segundo a fabricante, em 6,7 segundos. 


Consumo
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No consumo, a Quatro Rodas registrou 22,5 km/litro na cidade e 17,9 km/l na estrada. A inversão dos números é resultado da atuação maior do motor elétrico no anda e para urbano e do acionamento mais frequente do motor a gasolina na estrada. Na soma dos percursos (40,4 km/l) é dois quilômetros mais econômico que o Corolla (38,4 km/l). Na estrada, o Toyota gasta menos (18,4 km/l), mas a diferença é tão pequena que eu mantive as cinco estrelas. 


Segurança
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O Civic vem recheado de itens de segurança como oito airbags (dois frontais, quatro laterais e dois de cortina), o pacote Honda Sensing (formado por piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa, frenagem automática, ajuste automático de farol e monitor de atenção do motorista), detector de ponto cego, lembrete de esquecimento de objetos no banco traseiro, entre outros. Tem um airbag a mais que o Corolla, mas a sétima bolsa do Toyota é para o joelho do motorista, ausente no Honda, que, em compensação, tem airbags laterais para dois passageiros de trás. O Corolla também não tem alerta de esquecimento no banco traseiro e nem retrovisor com detector de ponto cego. 

Na frenagem medida pela Quatro Rodas, o Civic volta a levar vantagem sobre o Corolla, parando a 80 km/h em 24,9 metros contra 25,5 metros, e a 120 km/h em 56 contra 58 metros. 

Conforto
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Mesmo tendo um ruído que eu considerei alto para um modelo híbrido, de 62,1 decibéis a 80 km/h e 67,9 a 120 km/h, de acordo com a Quatro Rodas, o Civic consegue ser mais silencioso que o Corolla, que fez 63,6 e 69,1 decibéis, respectivamente. 


Equipamentos
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Além dos já citados itens de segurança, o Civic também é bem equipado com itens de conforto e conveniência, mas nada que impressione e que o Corolla não tenha. Ele tem ar condicionado dual zone digital com saída para o banco traseiro, quadro de instrumentos eletrônico, faróis inteiramente em LED, espelhos retrovisores com rebatimento automático, chave presencial com partida remota e botão de partida, freio de estacionamento eletrônico, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, direção com ajuste manual de altura e profundidade, carregador de celular por indução, bancos do motorista e passageiros com ajustes elétricos, multimídia de 9 polegadas com Android (espelhamento com fio) e Apple, que a revista Quatro Rodas achou antiquado, câmera de ré, sistema de som Bose com 12 alto-falantes e teto solar elétrico. 



Perdeu uma estrela porque poderia ter estacionamento automático e câmera 360º, que até o compacto Nissan Versa tem. Um carro de mais de 240 mil reais merece. Eu poderia tirar mais uma estrela, mas aí seria muita maldade. 

Preço
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O preço exato do Civic Híbrido é de R$ 244.900. Importado da Tailândia, ele se distanciou da condição de igualdade do Corolla, que custa R$ 190.590 na versão Altis Premium e é nacional. 

É até difícil comparar com outros modelos semelhantes, pois ele não tem nenhum concorrente em carroceria, preço e porte. O mais próximo é o Audi A3 Sedan, que é levemente híbrido e custa R$ 275.990. Ou seja, é bem mais caro. 


O Civic também consegue ser mais barato que modelos elétricos pequenos, como o minúsculo Fiat 500e, que custa R$ 254.790. 

De qualquer forma, o Civic é um carro caro, mas seria injusto dar apenas uma estrela por ele não ter concorrentes e dar três seria passar pano, passaria a impressão de que eu achei o preço mediano. Assim, fecho o preço com duas estrelas, a pior avaliação do novo Honda nesta análise. 


Conclusão (4,18)
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Com quatro ou cinco estrelas em praticamente todos os itens, o novo Civic Híbrido e:HEV mostrou-se um carro muito bom, prevalecendo as quatro estrelas na média. Destaque para o acabamento, a motorização híbrida que dispensa o carregamento na tomada, o consumo e a segurança. Seu maior obstáculo, mesmo, será o preço acima dos 240 mil reais, mesmo não tendo concorrentes diretos. Neste ponto, o ex-arquirrival Toyota Corolla leva vantagem. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS