Não me conformo que hatches, sedãs, peruas e até cupês esportivos percam espaço para os utilitários esportivos. Mas em relação aos monovolumes acho compreensível, pois são tão altos, versáteis e espaçosos quanto os SUVs, que ainda levam vantagem pelo estilo mais harmonioso do que as vans. 

Por isso, até fiquei satisfeito quando a sul-coreana Kia transformou (parcialmente) a sua minivan mais famosa, a antes arredondada Carnival (Sedona em alguns mercados), em um SUV de linhas retas, com capô longo e amplo vidro lateral traseiro depois de uma coluna prateada fosca. O parcialmente é porque a porta lateral traseira continua corrediça (e elétrica), como um típico monovolume. 

A grade mantém o conceito "nariz de tigre", mas os filetes são convexos quadriculados ou trançados (dependendo da versão) e integrados ao desenho dos faróis, cuja assinatura em LED forma um zigue-zague e ainda se prolonga até o contorno da grade. As lanternas traseiras são horizontais e bem finas, se estendendo por toda a tampa do porta-malas (também de abertura e fechamento elétricos). 


Também por dentro, o Carnival continua sendo uma minivan, com bancos da segunda fileira que viram para o lado oposto e fazem do carro uma verdadeira sala de estar. Ele ainda pode ter quatro fileiras de bancos, oferecendo de sete a onze lugares. Os passageiros de trás têm acesso a entradas USB, redes de armazenamento, gaveta e bandeja embutida. Haverá uma opção bem mais luxuosa, com apenas sete lugares e poltronas "Relax Premium".




O porta-malas varia entre 627 litros e 2.905 de capacidade (com apenas dois lugares). Para ter tanto espaço para passageiros e bagagens, a Kia aumentou o comprimento da Carnival para 5,15 metros de comprimento, distância entre-eixos de 3,09 metros e largura de 1,99 m. 


 Na frente, o painel adotou desenho horizontal com tela multimídia e quadro de instrumentos eletrônico lado a lado, ambos com 12,3 polegadas e destacados, semelhante aos modelos da Mercedes-Benz. Saídas de ar são contínuas e ficam logo abaixo e os controles da climatização mais abaixo ainda. Não há alavanca do câmbio automático de oito velocidades. Apenas um botão giratório, pois a transmissão usa o sistema "turn-by-wire", no qual os controles eletrônicos fazem todo o trabalho e não há necessidade de ligação mecânica entre a alavanca e a transmissão.

O sistema multimídia é compatível com Android e Apple e ainda oferece os serviços “Kia Live” que, dependendo do mercado, pode trazer informações em tempo real do trânsito, previsões do tempo, locais de estacionamento, entre outras facilidades. Também há uma câmera que reproduz a imagem das fileiras traseiras na tela multimídia. 


De tecnologia, o novo Carnival tem assistente de faixa, detector de pontos cegos e sistema anti-colisão frontal com detecção de carros, ciclistas e pedestres. Há ainda direção semi-autônoma Nível 2 e o dispositivo Safe Exit Assist, que evita que as portas traseiras deslizantes se abram caso um carro esteja se aproximando por trás. No pior dos cenários, após uma colisão, a frenagem automática é ativada para diminuir a gravidade de um possível segundo impacto.


Por enquanto, o novo Carnival ainda não entrou na onda híbrida. Inicialmente, três tipos de motores foram divulgados, sem apoio elétrico: dois a gasolina e um a diesel. Com o combustível permitido no Brasil, são dois V6 3.5, um com injeção direta de 294 cavalos de potência e 36,2 kgfm de torque. O outro, com injeção indireta, tem 272 cv e 32,8 kgfm. O diesel é um quatro cilindros 2.2 de 202 cv e 44,9 kgfm. O câmbio é automático de oito marchas para todas as versões e não há alavanca, como já foi dito acima. 

A boa notícia é que a Kia anunciou que o novo Carnival vem para o Brasil no ano que vem. O problema é se ela mudar de ideia, usando o dólar como eterna desculpa. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO