Apresentados os dois novos hatches compactos lançados em 2017, Volkswagen Polo e Fiat Argo, chegou a hora de compará-los com os líderes do mercado: respectivamente Chevrolet Onix e Hyundai HB20. Os quatro foram analisados em suas versões mais completas (Highline, Precision e Premium) com câmbio automático e opcionais. No caso do Onix, na versão esportiva Activ. As cilindradas dos motores são variadas. Temos um 1.0 turbo (Polo), 1.4 (Onix), 1.6 (HB20) e até um 1.8 (Argo). Será que os novatos são mesmo superiores como aparentam? É o que veremos agora.



Estilo e Acabamento


Aqui não prevaleceu o esperado. Houve algumas surpresas. No estilo, vou apanhar por dizer que o Onix é o mais atraente, mesmo datado de 2012, e que o HB20 vem em segundo lugar, lançado no mesmo ano. É que ambos já ganharam um face-lift que realçaram a ousadia das suas linhas ainda atraentes.

Também vou ser crucificado por ter colocado os dois mais novos modelos nas últimas posições. O Argo pelos enormes faróis e grade improvisada de baixa qualidade e a traseira reta demais. Não me empolgou. Conseguiu ficar mais feio que o primo europeu Tipo. Deu saudades do Palio.  Já o Polo, ao se assumir como um mini-Golf, já demonstra que não foi criativo no estilo. Mesmo com os vincos pronunciados, em pouco tempo já estará com o seu estilo cansado.


O hatch da Volkswagen prometia um acabamento refinado. Na Europa. as partes escuras do painel são feitas com material emborrachado e o aplique de plástico brilhante tem cores mais vivas. No Polo brasileiro o acabamento é mais simples, com painel totalmente em plástico duro, como os seus três concorrentes neste comparativo. Mas saiu com muitas folgas e desalinhamentos. Consegue ficar atrás do Onix, que tem uma montagem melhor, com porta-luvas que se abre para cima. O face-lift ganhou um novo painel das portas que deixou o puxador mais alto e acessível. O vencedor no acabamento é o Argo, com três tipos diferentes de materiais no painel e direito a textura refinada na parte superior. A montagem também é boa. Já o HB20 tem aparência simples demais. Enganava quando era novo, mas agora, depois de cinco anos, já aparenta um acabamento rústico.




Espaço interno e Porta-malas

O Argo é o que dispõe de mais espaço para os joelhos. E o seu estilo alto, embora estranho, também favorece a boa acomodação da cabeça. Depois vêm o Onix e o Polo, mais contidos. O mais apertado é o HB20. No porta-malas, só o compacto da Chevrolet, com 280 litros de capacidade, destoa dos mesmos 300 litros oferecidos pelo Argo, Polo e HB20.



Motor e Câmbio

Os quatro modelos têm cilindradas diferentes no motor. Em comum, só a possibilidade de ser abastecido com gasolina ou álcool no mesmo tanque. O de capacidade cúbica mais baixa é o único que tem turbo e três cilindros. Os demais têm quatro e são aspirados. Mas a potência é intermediária. Os 128 cavalos com álcool do 1.0 TSI (ou 200 Nm de torque) do Polo ficam atrás dos 139 cv do Argo, que é 1.8 16v, mas empata com o HB20 1.6 16v. No entanto, com gasolina, o Hyundai tem 122 cv e o Volks, 115 cv. O Fiat também é o mais potente com petróleo: tem 135 cv. O 1.4 do Onix, único com apenas duas válvulas por cilindro (oito no total) é o mais fraco, com 98 cv com gasolina e 106 cv com álcool. Todos os quatro modelos foram considerados com câmbio automático de seis marchas, opcional no Onix e no Argo.


Desempenho e Consumo

Mesmo não sendo o mais potente, o Polo é o de melhor desempenho. Segundo a revista Quatro Rodas, acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos e recupera a velocidade entre 80 e 120 km/h em 7,4 segundos. Em segundo lugar vem o Argo, com aceleração em 11,3 segundos e retomada em 8 segundos. Atrás, segue o HB20, com 12 e 9,1 segundos, respectivamente. O Onix Activ fecha a classificação de desempenho, com 13,6 e 10,5 segundos.

O consumo comprova o benefício do dowsizing da Volkswagen, pois, além de rápido, o motor 1.0 turbo do Polo também é o mais econômico. Ele percorre 12,1 km com um litro de gasolina na cidade e 16 km/l na estrada, dando um total de 28,1 km/l. Em segundo vem novamente o Fiat Argo, com 12,1 km/l e 14,3 km/l, totalizando 26,4 km/l. Desta vez, Onix e HB20 empataram tecnicamente no consumo, com ligeira vantagem para o segundo. O Hyundai fez soma de 25,1 km/l (10,8 km/l e 14,3 km/l) e o Chevrolet 24,8 km/l (11,3 e 13,5 km/l).


Frenagem e Ruído

A vitória no estilo é uma opinião minha. Mas a frenagem surpreendentemente melhor do Onix foi obtida pela revista Quatro Rodas. Vindo a 80 km/h ele para totalmente em 26,1 metros. Em segundo lugar, aparecem empatados tecnicamente, os dois novos modelos do segmento. O Polo foi ligeiramente melhor, com 27,7 metros e o Argo com 28 metros. O HB20 fica novamente para trás com 29,6 metros.

No ruído interno, o Polo volta a ser superior, com 61,7 decibéis a 80 km/h. Em seguida aparecem Hyundai HB20, com 63,2 dBA e o Fiat Argo, com 63,8 dBA. Por fim, o Onix tem 64,5 decibéis.


Preço, Equipamentos e Assistência


No custo-benefício, deu o esperado: modelos antigos mais baratos e com menos equipamentos e os  novos equipados com itens de segurança passiva (importância maior) e mais caros. Ou quase. O mais barato é o Chevrolet Onix Activ, versão esportiva com detalhes chamativos como faixa do painel e parte dos bancos cor de abóbora, aerofólio mais pronunciado, proteção de alumínio nos para-choques e para-lamas laterais, bagageiro no teto e faróis com máscara negra. Ele traz de série ar condicionado (manual), airbag duplo, alarme anti-furto, faróis e lanternas de neblina, lanternas traseiras em LED, trio elétrico, abertura da porta por controle remoto, câmera de ré, computador de bordo, piloto automático, direção elétrica progressiva, sensor de chuva, sensor de estacionamento traseiro, volante com comandos do rádio e telefone, sistema multimídia MyLink com tela touch de 7 polegadas e espelhável com Apple e Android, rádio AM/FM, entradas USB e auxiliares, bluetooth, banco do motorista com regulagem de altura e sistema OnStar. A versão manual custa R$ 60.290. Mas com câmbio automático chega a R$ 65.590. A única cor sem custo oferecida é a Preto Ouro Negro, curiosamente metálica. A sólida Branco Summit custa R$ 600. Já as demais metálicas saem por R$ 1.350. Como o dourado do Polo, a pintura laranja usada na divulgação não está no mercado.


O segundo mais barato é o Hyundai HB20 Premium, que só tem câmbio automático e custa R$ 67.280 com bancos em couro, que são opcionais. Traz de série airbags laterais, gancho ISOFIX, alarme anti-furto, travamento automático das portas e do porta-malas a 15 km/h, ar condicionado digital, direção hidráulica, trio elétrico, abertura e fechamento dos vidros, portas e porta-malas por meio de chave-canivete, retrovisores com rebatimento automático, sensor de estacionamento traseiro, acendimento automático dos faróis, computador de bordo, apoio de braço para o motorista, volante com regulagem de altura e profundidade, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro rebatível e bipartido, abertura interna do tanque de combustível e o sistema multimídia com tela de 7 polegadas espelhável com smartphones. As opções gratuitas de cores são duas: Branco Polar e Preto Onix. Já as metálicas são as mais baratas: R$ 650.

O HB20 tem a terceira melhor lista de equipamentos porque considerei as versões completas, com todos os opcionais. Assim, a Fiat, que cobra a mais para o Argo Precision pelo ar condicionado digital, sensor crepuscular, airbags laterais e sensor de estacionamento traseiro, além de itens que o sul-coreano de Piracicaba nem tem como entrada e partida sem chave, quadro de instrumentos de 7 polegadas e câmera de ré, fica em segundo. Os bancos em couro também são opcionais.


O Argo Precision tem de série controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa e sistema stop and go, que desliga o carro nas paradas de trânsito, ausentes no HB20 e no Onix. Fora isso tem vários equipamentos presentes nos dois rivais ou em apenas alguns deles como sistema multimídia espelhável, direção elétrica progressiva (só no Onix. hidráulica no HB20), ganchos ISOFIX (só no HB20) e piloto automático (só no Onix). Só citando os mais importantes. Básico, o Fiat Precision custa R$ 67.800, já com o câmbio automático, que é opcional. Com o manual, sai por R$ 61.800. O Argo Precision automático completo chega a R$ 77.400 e tem duas opções de cores sem custo adicional (Vermelho e Branco). As metálicas também são três e custam R$ 1.600, mesmo preço da única perolizada oferecida, a Branco Alaska.

Por R$ 69.190, o Polo 200 TSI Highline seria o mais caro dos quatro, se não tivesse opcionais. Ele tem os equipamentos mais tecnológicos como assistente de partida em subida, bloqueio eletrônico do diferencial, controles de estabilidade e tração, com direito aos freios autolimpantes, entrada e partida sem chave, além dos airbags laterais, ar condicionado digital, volante com borboleta do câmbio e regulagem em altura e profundidade, trio elétrico, sensores de estacionamento traseiro, piloto automático, porta-luvas refrigerado, saída de ar condicionado para o banco traseiro (o Polo é o único com este recurso), banco do motorista com ajuste de altura, computador de bordo, ISOFIX e som com tela multimídia e conexão com aplicativo.

Só que o sistema multimídia com navegador, comando de voz, espelhamento e câmera de ré são opcionais, assim como os sensores de chuva e crepuscular, sensor de estacionamento dianteiro, controle de pressão dos pneus, detector de fadiga, espelho retrovisor interno eletrocrômico (antiofuscante), faróis com ajuste automático de intensidade, rede no porta-malas, bancos em couro, rodas de 17 polegadas, rebatimento do encosto do banco do passageiro dianteiro e o badalado quadro de instrumentos virtual. Completo, o Polo Highline custa R$ 74.790 e consegue ser mais barato que o Argo completo, que herda o posto de mais caro.

Só há uma opção de pintura sem custo para o Polo, que é a Preto Ninja. A Vermelho Tornado e a Branco Cristal custam R$ 450. As metálicas (detalhadas na ficha técnica no final do post) saem por R$ 1.450.


A Volkswagen continua soberana com as suas 619 concessionárias, seguidas pelas 600 de Chevrolet e Fiat. A Hyundai tem apenas 203, mas é a que oferece mais tempo de garantia: 5 anos, contra 3 das demais.

Para fechar este assunto, um esclarecimento: na falta de apoio para apurar custos reais de manutenção, não considero o tempo de garantia como critério de classificação de assistência porque é uma decisão clara de marketing das montadoras, com algumas condições. Já o número de concessionárias é mais natural e variação depende das montadoras ou dos revendedores proprietários.



Conclusão

O resultado final foi como o esperado. Os dois carros mais vendidos no país, com seus cinco anos de idade, atrás dos dois novos lançamentos do segmento. A novidade é que, desta vez, a lanterna ficou com o Hyundai HB20, que era moderno em 2012, só ganhou um face-lift com novos equipamentos em 2015 e um motor turbo 1.0 (sem injeção direta) no ano passado, já em vias de extinção, mas parou no tempo quando o assunto é tecnologia.


4º Lugar - Hyundai HB20 Premium 1.6 Automático

Atraente, o HB20 ainda é, embora atrás do Onix. Seu melhor resultado foi o empate triplo como um dos maiores porta-malas dos quatro. Individualmente, só conquistou segundos lugares, além do estilo, no preço, na potência do motor e no nível de ruído. Mas ficou para trás no espaço interno, frenagem, acabamento e rede de assistência técnica. Embora não seja a pior, a lista de equipamentos deve recursos como controles de tração e estabilidade e precisa ser mais atualizada. 


3º Lugar - Chevrolet Onix Activ 1.4 

Desta vez, o tricampeão de vendas do país não ficou em último. Conquistou um honroso terceiro lugar, se destacando pelos mesmos méritos com os quais chegou à liderança do mercado: preço e estilo. E também pela frenagem mais rápida. Surpreendeu oferecendo o segundo melhor espaço interno e acabamento, este empatado com o Polo. Só perdeu para o Fiat Argo nestes dois itens. Também ficou em segundo lugar na assistência, empatado com o Argo. Se não tivesse o motor mais fraco e praticamente o mais gastador de combustível, o desempenho mais lento, não fosse o mais barulhento, o único com porta-malas com menos de 300 litros e possuísse mais equipamentos, ainda que opcionais, o Chevrolet Onix poderia, se não superar, ficar mais perto em pontuação dos dois novos modelos. 



2º Lugar: Fiat Argo Precision 1.8

A Fiat fez uma ação promocional estimulando o consumidor a comparar o Argo com o Onix e o HB20. Logo depois, a imprensa criticou a ausência do Polo, insinuando que ele poderia perder para o novo Volkswagen. Aqui eu defendo a Fiat: o Polo ainda não estava plenamente no mercado. Mas agora precisa fazer uma nova campanha. 

De fato, o Argo ficou atrás do Polo. Mas superou o novo concorrente (e os dois veteranos mais vendidos) na potência do motor 1.8, no acabamento e no espaço interno. No porta-malas sua capacidade é exatamente igual ao do Volks e do Hyundai. Conseguiu bons resultados no desempenho, consumo, frenagem e tem uma boa lista de equipamentos. Defeitos, só o preço muito alto e o estilo estranho demais. 



Vencedor - Fiat Polo Highline 200 (1.0) TSI

Apesar do estilo pouco original, muito parecido com o Golf, um hatch de 2012, que tende a se desatualizar rápido, do espaço interno razoável e do acabamento com muito plástico duro, aquém da qualidade da Volkswagen, o novo Polo regressa ao Brasil vencendo um comparativo logo na estreia. 

Tem a melhor lista de equipamentos, embora com o defeito de boa parte dos itens serem opcionais. Também é superior no desempenho, consumo e ruído. Na frenagem ficou em segundo lugar. O Polo foi o único dos quatro que não ficou atrás em nenhum quesito. Além do estilo e acabamento, onde ficou em terceiro em quatro concorrentes (ou penúltimo), seus piores resultados foram a mesma colocação no preço e no motor. Na pontuação final ficou três pontos acima do Argo. Mesmo com seus defeitos, o Polo passa a ser o melhor hatch compacto do mercado e precisa ser considerado. Principalmente pela Fiat. 



TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS