Nos últimos anos, marcas premium como Jaguar, Alfa Romeo e até a Bentley têm investido pesado no segmento de utilitários esportivos. A primeira, que já tem o F-Pace, até lançou o seu segundo modelo recentemente, o E-Pace.
As montadoras alemãs já se estabeleceram no gênero e até se expandiram para outros tamanhos e conceitos. A Mercedes, por exemplo, entrou em 1997, com o Classe ML, hoje chamado GLE. Seguiram o GL (hoje GLS), GLK (GLC), GLA e as versões Coupé do GLC e do GLE.
Com a linha completa, a Mercedes agora investe em outro segmento de bastante retorno: o de picapes médio-grandes. O tipo de carroceria não é inédito, pois a marca alemã já teve uma picape baseada no sedã W115, a La Pick up 220d, fabricada na Argentina entre 1972 e 1976, inclusive com versão de cabine dupla. Mas picapes projetadas como tal é novidade e a Classe X é o seu primeiro modelo da categoria.
Como "iniciante", a Mercedes optou por fazer parceria com a Renault e, por isso, o Classe X usa o chassi tipo escada da Nissan Frontier, que pertence à marca francesa, que por sua vez aproveitou a mesma base da picape japonesa para a sua Alaskan.
Embora a lateral de linha de cintura levemente ascendente entregue a parceria com o grupo Renault, a Classe X tem o estilo mais diferenciado das picapes do consórcio. A frente tem o DNA dos utilitários Mercedes, com duas aletas grossas, perfuradas e separadas, com o emblema da estrela de três pontos em maiores dimensões no centro e outro da Daimler na ponta do capô. Os faróis amendoados estão um pouco mais recuados em relação à grade. O para-choque também é exclusivo.
Classe X Progressive |
Na traseira limpa, de poucos vincos, as lanternas são verticais, como nas "sócias", mas são as mais finas, contrariando o estilo do conceito apresentado em alguns salões atrás, em que elas emolduravam toda a tampa da caçamba (ficaria interessante e daria mais personalidade), que será iluminada por dentro.
O interior é ainda mais exclusivo, porém, aparenta muita simplicidade no desenho do painel, que é bem diferente da Frontier (e reproduzido pela Alaskan). O estilo é horizontal, com uma faixa côncava personalizável. As saídas de ar são circulares, com aquela tampa que, quando aberta, lembra uma turbina de avião. No centro, há quatro pequenos difusores agrupados em dupla, em duas molduras ovais. Acima, em posição flutuante, está a tela multimídia de 8,4 polegadas, como nos Mercedes Classe C e A, incluindo derivados. O quadro de instrumentos é ainda mais simples. Nada de painel virtual. Velocímetro e conta-giros são bem analógicos, protegidos por capelas e entre eles o display de 3,5 polegadas ou menos. O espaço interno pelas fotos aparenta ser bom para os três passageiros de trás.
Não foi divulgado o volume da caçamba, mas a picape da Mercedes tem capacidade para até 1.042 kg de carga, podendo rebocar algo entre 1.650 e 3.500 kg. Apesar de usar o mesmo chassi e ser um pouco parecida lateralmente, a Classe X é maior que a Frontier no comprimento (5,34m contra 5,25m) e largura (1,92m contra 1,85m). Já a altura é menor (1,82 contra 1,86m). Mas a distância entre-eixos de 3,15m é a mesma.
Entre as outras concorrentes, a Chevrolet S10 é a maior, com 5,41m. A Ford Ranger tem 5,34m. Já a Toyota Hilux tem 5,33m. A Mitsubishi L200 Triton Sport tem 5,28m e a Volkswagen Amarok, 5,25m. Na distância entre-eixos, a menor é a da L200 (3 metros) e a maior a da Ranger (3,22m).
A Classe X terá apenas carroceria de cabine dupla e começa com três versões de acabamento. A Pure é a versão básica, voltada para o trabalho e tem rodas de aço e grade e para-choques pretos. A Progressive tem moldura da grade e parte do para-choque na cor do carro (a área de entrada de ar e faróis de neblina é escura). E a top é a Power, que se diferencia da intermediária pelo centro do para-choque cromado. Na traseira, o para-choque explica melhor a diferença: preto na Pure, na cor do carro na Progressive e cromado na Power.
Na lista de equipamentos estão previstos itens como assistente de manutenção em faixa, reconhecimento de sinais de trânsito, frenagem automática de emergência, estabilizador do reboque, serviços online, chamada de emergência, controle de pressão dos pneus, reconhecimento de voz, faróis de LED e câmeras de ré e 360º.
Classe X Pure |
Classe X Progressive |
Classe X Power |
Classe X Power |
A Classe X começa a ser vendida na Europa em novembro, inicialmente, somente com motores turbo diesel 2.3 de quatro cilindros. O mais simples tem 163 cavalos e a versão será chamada de X220d. A X250d usa motor biturbo de 190 cv. Os câmbios serão manual e automática 7G-Tronic, de sete velocidades. Já a tração será a integral 4MATIC, que pode ser ligada ou desligada eletronicamente.
O ângulo de entrada é de 28,8º e o de saída 23,8º, podendo chegar a 30,1º e 25,9º quando a suspensão for aumentada. O ângulo de rampa é de 20,4º ou 22º, a inclinação lateral máxima é de 49,8º (ou 49º). Já a altura livre do solo fica entre 20,2 cm e 22,1 cm. Por fim, a capacidade máxima de subida é de 100%.
Classe X Pure |
No ano que vem chegará o motor turbodiesel V6 de 258 cv (X350d), câmbio automático de sete marchas, tração integral permanente e seletor de modo de direção. A X200 também terá motor a gasolina de 165 cavalos e será disponibilizada somente em alguns mercados.
A Classe X foi lançada na África do Sul, onde só chegará no ano que vem. No Brasil será vendida em 2019, fabricada na Argentina (que já produziu a antiga 220d), junto com a já lançada Nissan Frontier e a Renault Alaskan, que poderá vir em 2018.
Por usar a mesma base da Frontier e carregar o prestígio da marca Mercedes, a Classe X, além de maior, deve ser mais cara para se diferenciar. Por outro lado, a Mercedes, embora novata, tem muita experiência na área comercial (divisão responsável pela produção do modelo), o que pode facilitar a assistência e fazer que a diferença de preço não seja tão grande (daí a sua aparência mais simples), permitindo que ela dispute de igual para igual o segmento em que estreia.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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