Os hatches médios estão em baixa no Brasil, mas ainda tem montadora que acredita no segmento. Ainda bem que a Chevrolet é uma dessas e deu uma segunda geração ao Cruze Sport6, mantendo inclusive o nome, de olho nos consumidores que querem luxo, mas com um estilo esportivo.



Também fabricado na Argentina, o novo Cruze Sport6 ganhou em estilo e modernidade. Ficou com aparência mais alta (embora a medida de 1,48m tenha se mantido) e arredondada. Mas perdeu em personalidade. Ficou muito parecido com o Kia Cerato Hatch. Pelo menos, aqui no Brasil ele ainda é diferente.

Kia Cerato Hatch

Aparentemente ele tem o mesmo desenho do sedã até as portas traseiras. Mas as diferenças vão além do formato da carroceria. A grade do hatch é quadriculada e o para-choque dianteiro tem divisão diferenciada, de aparência mais esportiva. O conjunto veio da RS, versão mais agressiva do Cruze vendida nos Estados Unidos, inclusive do sedã. A lateral também tem o desenho arqueado do teto e das janelas. A traseira tem vidro mais vertical que o modelo antigo e as lanternas agora são horizontais com prolongamento na tampa quase limpa, pois há um vinco separando as luzes. A placa fica no para-choque.




O interior é exatamente o mesmo do sedã. O revestimento macio do painel simétrico e arredondado, em conjunto com os bancos e forrações das portas, é cinza claro na versão top LTZ. Na LT é escuro e em único tom. A tela multimídia do sistema MyLink se destaca no centro. O quadro de instrumentos tem um cluster horizontal entre o conta-giros e o velocímetro, protegido por uma capela que os separa dos marcadores de combusível e água. O espaço interno no banco traseiro é muito bom, mas, ao contrário, dos 524 litros divulgados no texto de lançamento internacional, a capacidade do porta-malas só subiu para 408 litros, apenas seis litros a mais. 



A distribuição de versões e equipamentos ficou exatamente a mesma do três volumes: LT e LTZ, esta última com um pacote adicional. A LT custa R$ 91.790 e vem com airbags laterais, interior preto, ESP, câmera de ré, monitoramento da pressão dos pneus, ar-condicionado automático, assistente de partida em rampa, volante multifuncional, start-stop, piloto automático, serviço de assistência remota OnStar e sistema multimídia MyLink com tela de 7 polegadas.


A LTZ básica já está custando R$ 103.290 e adiciona teto solar elétrico (que o sedã não tem), airbags de cortina, interior bicolor, faróis com projetor e leds, sensor de estacionamento dianteiro, detalhes externos cromados, chave presencial, sensor de faróis e chuva, retrovisor interno eletrocrômico e externos com rebatimento elétrico, GPS, tapetes de carpete e MyLink com tela de 8 polegadas. O pacote extra traz alerta para situações de risco de colisão frontal, detector de veículos em ponto cego, sistema de permanência em faixa de rolamento, carregador de celular sem fio e banco do motorista com ajustes elétricos e aumenta o preço para R$ 113.090.


Ainda assim, o novo Cruze Sport6 é mais barato que o Golf Highline 1.4 TSI completo (que chega a R$ 135.607). E ambos possuem motor 1.4 turbo de injeção direta, sendo o do Chevrolet com 150 cv com gasolina e 153 cv com álccol, três a mais que o Volkswagen. Mas ambos perdem em preço (R$ 109.900) e potência (175/178 cv) para o Focus Titanium 2.0, que tem apenas injeção direta. 

Na pista da revista Quatro Rodas, o Cruze, que têm câmbio automático de seis marchas, é até mais rápido que os rivais na aceleração de 0 a 100 km/h: 8,8 segundos contra 9,5 km/l do Golf e 10,3 segundos do Focus. O Chevrolet volta a ser superior (por décimos) na retomada entre 80 e 120 km/h em 6,5 segundos. O consumo de 12 km/l na cidade e 15.8 km/l na estrada com gasolina também é bom, mas perde por muito pouco para o Golf. O ruído de 60,2 decibéis se iguala ao rival alemão, que o supera na frenagem de 65 metros a 120 km/h do Cruze.


A segunda geração do Chevrolet Cruze hatch, ou Sport6 para o seu fabricante, chegou para dar dor de cabeça ao Golf, mas, antes, ambos e mais o Focus e o Hyundai i30, únicos representantes do segmento que ainda são vendidos no Brasil, precisam mostrar que os hatches médios ainda valem a pena em nosso país.  



TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS