TEXTO: MÁRIO COUTINHO LEÃO | FOTOS: FIAT E DO AUTOR

Acabou o suspense, o Mobi chegou! O lançamento (veja a matéria do Editor Gustavo do Carmo) era muito aguardado, após vários flagras na imprensa especializada. Agora dá para responder como e quanto anda o novo compacto da Fiat. Vale dizer que o carro é mais agradável ao vivo que nas fotos. Em função do atraso no desenvolvimento e fase de testes no motor 3 cilindros GSE, o pequeno ítalo-mineiro veio mesmo com o combalido Fire 4-cilindros. Não é um bom começo.

Embora a linha comece nos R$31.990 para o "basicão" Easy, a rede de concessionárias acredita que a configuração Like On ao preço de R$42.300 seja a mais vendida. A lista de mordomias é grande, com os esperados travas e vidros dianteiros elétricos, ar-condicionado, direção assistida, rádio com multimídia, computador de bordo, chave com telecomando, sensor de estacionamento, rodas em liga leve, faróis para neblina, retrovisor elétrico que abaixa nas manobras em marcha-à-ré e o "Cargo Box", compartimento para pequenos objetos separado no porta-malas.




Vamos começar pela traseira. A Fiat esnobou a VW ao equipar o Mobi com tampa traseira de vidro, enquanto a alemã abriu mão da ideia alegando alto custo. Excetuando as lanternas traseiras "meio asiáticas", o resultado é agradável. Ao abrir a tampa, porém, você não vai gostar do volume de obscenos 215 litros com o tal Cargo Box. Sem o dispositivo o espaço passa para 235 litros. Para um carro urbano, ok. O foco são os jovens que, no máximo, vão dar umas escapadas para a praia. A divisão 1/3-2/3 do banco traseiro pode ajudar em alguns casos. Se a viagem exigir mais bagagem a dificuldade será óbvia.


Agora o banco traseiro. O movimento natural de colocar uma perna, sentar e "puxar" a perna que está fora já mostra o pouco espaço no local. Não só as portas traseiras são pequenas como o próprio vão entre os encostos dos bancos dianteiro e traseiro. Aqui os 12 centímetros a menos que o VW up! (2,30m no Fiat e 2,42m no Volks) aparecem de forma sensível. A largura do banco traseiro também não é das maiores, empatado com o rival.


Os bancos dianteiros são corretos, nada diferente de outros Fiat mais baratos. Aqui segue a máxima "nada a elogiar ou criticar. Apenas é". A regulagemd e altura é eficiente e fácil de usar.


 O painel é bem descolado, com peça única e acabamento bem superior ao usual da fábrica de Betim/MG, lembrando o padrão da Toro.A posição elevada e destacada do conjunto multimídia agrada.


Chega de papo, bora acelerar! Motor que só "acorda" acima das 3.000 rpm e câmbio com as duas primeiras marchas curtas e próximas entre si lembra muito a dinâmica do Chevrolet Onix, só que um pouco mais lento. Sério. A perda de ritmo acima da terceira marcha até incomoda e desmotiva engatar a quinta marcha mesmo depois de embalar. A média de 10,92 km/litro de álcool no nosso trajeto padrão não é ruim, mas perde para os 11,95 km/l do Volkswagen up! Take medido no mesmo dia para comparação. Acredite, as notícias não vão melhorar.


Na ausência de números de desempenho na imprensa, tivemos de reccorer a um acelerômetro digital GTECH Pro Competition, um Kartódromo e muitas tentativas para conseguir números confiáveis. Escolhemos a frenagem de 80 a 0 km/h, aceleração de 0 a 100 km/h e a retomada de 80 a 120 km/h na quarta marcha, provas comuns na maioria das revistas e sites automotivos. Quatro passagens para frenagem e retomada e outo passagens na aceleração. Novamente o up! Take é a referência.

.: Fiat Mobi Like On :.
80 a 0 km/h: 0,969g - 25,99 metros
0 a 100 km/h: 0,176g - 16,12 segundos
80 a 120 km/h (4a): 0,058g - 19,66 segundos

.: Volkswagen up! Take :.
80 a 0 km/h: 0,943g - 26,69 metros
0 a 100 km/h: 0,197g - 14,36 segundos
80 a 120 km/h (4a): 0,065g - 17,46 segundos

Como os números do VW estão dentro da média dos apurados pela imprensa especializada, entendemos que os dados do Fiat também são válidos e confirmam algumas impressões colhidas na avaliação rodoviária. A versão do up! que consideramos coerente na comparação deve alguns equipamentos, com destaque para a falta de regulagem de altura para os cintos de segurança e do conta-giros. Itens menores como rodas em liga-leve e faróis para neblina só existem acima da Move, a  High.A vantagem do VW é custar mais de R$2mil a menos. Consumo e seguro seguem na lista de vantagens, fora o desempenho bem mais coerente com a demanda atual nos grandes centros urbanos.


O Mobi não é um projeto ruim, apenas tem deficiências que devem ser analisadas e consideradas durante a pesquisa de mercado. Como alento, espere até setembro, quando chegará o prometido motor triciclíndrico. Talvez aí a Fiat consiga entregar um produto em pé de igualdade com o oferecido pela Volkswagen.