SONHO DE CONSUMO - LINCOLN CONTINENTAL

gustavocarmo fevereiro 04, 2016

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO

Um dos modelos luxuosos mais tradicionais dos Estados Unidos está de volta. O Lincoln Continental foi apresentado no último Salão de Detroit em sua décima geração. O modelo da divisão premium da Ford estava ausente desde 2002, quando a nona edição, apresentada em 1995, deixou de ser produzida.

As linhas retas, que caracterizavam o Continental desde a segunda geração (de 1956), foram mantidas na primeira versão projetada no século XXI. Mesmo elegante, ele perdeu um pouco de identidade. O perfil lembra a anterior geração do Maybach, sedã de alto luxo da Mercedes (o Maybach atual é o Classe S). Detalhe para as maçanetas das portas embutidas na base das janelas. A frente se assemelha aos atuais sedãs da Maserati (Quattroporte e Ghibli) por causa da grade plana (no caso do Lincoln, preenchida por pontos cromados com dois frisos retos na base) e levemente avançada em relação aos faróis retangulares em LED com quatro pontos de luz em cada lado. As lanternas traseiras, também em LED, são horizontais e sobre elas há um refletor e mais acima o nome Lincoln. Elas e os faróis se acendem quando o motorista se aproxima, assim como os batentes da porta e o interior.

Por falar no habitáculo, o visual também é conservador, principalmente nas formas do painel, mas bem requintado, com revestimento em couro nos bancos, painel e console, além de detalhes em alumínio e madeira de verdade.

Motorista e carona têm sistema multimídia SYNC 3 com Car Play e Android Auto e bancos climatizados com 30 ajustes elétricos à disposição. Para os passageiros de trás há bancos reclináveis eletricamente, aquecidos, refrigerados e com massageador, além para-sóis e controles do ar condicionado e som no console entre eles. Serão três temas de ambiente: Chalet, Thoroughbred e Rhapsody. Há também um amplo teto solar. Os vidros ainda são acústicos e com controle ativo de ruído. Entre os equipamentos estão controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência, monitoramento de tráfego e estacionamento de 360 graus, entre outros.

O Lincoln Continental 2017, equipado com motores V8 no passado, agora terá um V6 3.0 biturbo, que rende 405 cavalos de potência e 55,1 kgfm de torque. O câmbio automático é novo, mas não foi divulgado o número de marchas. A tração integral com controle dinâmico vetorial, que transfere o torque sob demanda para cada roda traseira em curvas, é opcional. A direção adaptativa, opcional, otimiza a resposta para o veículo reagir de forma mais suave e precisa aos comandos do motorista. A direção a suspensão também possuem três modos de ajuste: Conforto, Normal e Sport.

A Lincoln foi fundada em 1917, por Henry Leland, um ex-executivo da Cadillac, que deixou a empresa para produzir motores de avião durante a Primeira Guerra Mundial, mas fabricou carros mais requintados paralelamente. Cinco anos depois, a Lincoln foi comprada por Edsel Ford, filho do revolucionário Henry Ford, e se tornou a divisão de luxo da empresa desta família.

Já a história do Continental começou em 1939, quando o próprio Edsel customizou um Lincoln Zephyr para uso pessoal. Ele tirou os estribos, abaixou o capô e colocou o estepe à mostra na traseira, uma moda europeia, uma moda continental... e assim surgiu o nome do modelo. A produção parou durante a Segunda Guerra e foi retomada em 1946.

Foi reestilizado em 1956 (II), 1958 (III), 1961 (IV), 1970 (V), 1980 (VI), 1982 (VII), 1988 (VIII) e 1995 (IX). Com tantos anos de estrada, o Continental faz parte da história norte-americana: foi passeando num conversível da quarta geração que o ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy foi assassinado em Dallas, em 1963. No Brasil, o apresentador e dono do SBT, Silvio Santos é proprietário de um modelo 1993, da oitava geração.

Continental 1988 - Silvio Santos é dono de um modelo 1993 branco

O novo Continental começará a ser vendido a partir do terceiro trimestre nos Estados Unidos e na China, que é vista como um grande mercado para a Lincoln e a Ford (que saiu do Japão). Para o Brasil continuará sendo apenas um sonho de consumo, menos para o Silvio, que pode importá-lo diretamente ou comprar para usar lá em Miami.