TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS


Os sedãs médios de luxo são bem caros no Brasil. Mesmo assim, as marcas alemãs já estão investindo na nacionalização dos modelos. O BMW Série 3 já é fabricado em Santa Catarina e o Mercedes Classe C começa a ser produzido em Itirapina, interior de São Paulo, no ano que vem.

Mas uma tradicional marca britânica quer invadir a festa alemã com o seu novo modelo de entrada: o Jaguar XE, que já está à venda no país. Por enquanto ele é importado, mas há a expectativa de ser fabricado em Itatiaia, aqui no estado do Rio de Janeiro.


Jaguar X-Type - 2001-2009


Para não repetir o mesmo erro do antecessor X-Type, vendido entre 2001 e 2009 e que tinha a base do Ford Mondeo, com direito a tração dianteira, o XE tem plataforma modular projetada pela própria Jaguar (que hoje pertence à indiana Tata), já usada no inédito SUV da marca, o F-Pace e será adotada na futura geração do XF. A tração agora é traseira, como manda a tradição.

O estilo, apesar de moderno e atraente, manteve a falta de identidade do antecessor. Se o antigo X-Type tinha a frente do grande XJ da época e a traseira do S-Type, o XE é inteiramente um clone menor do XF. Os faróis são espichados e ondulados, a grade retangular tem contornos arredondados com a grelha em colmeia recuada, há entradas de ar nos para-choques e na lateral dianteira (para refrigerar os freios), o teto tem caída suave como um fastback e a traseira tem lanternas horizontais, divididas pela placa, com o lapcat da Jaguar no centro (na frente o emblema é o rosto do felino).


O interior é refinado e bem acabado. O painel tem revestimento em couro, mas há algumas partes em plástico duro e detalhes em preto brilhante e alumínio. Chamam atenção os botões nas portas em dois níveis. No superior, os dos vidros e retrovisores. Embaixo, as memórias dos ajustes elétricos dos bancos e do volante. Também chamativo é o couro do revestimento de parte das portas e dos bancos que pode ter várias cores, como vermelho, azul, cinza claro, bege e preto. 


Apesar do interessante alinhamento das partes superiores das portas com o topo do painel, próximo ao para-brisa, o tablier do XE tem desenho conservador, com os difusores de ar central retangulares com contornos arredondados destacados no centro, acima da tela multimídia. O quadro de instrumentos é individual, com cobertura revestida em couro. O volante tem miolo redondo e várias teclas nos braços laterais.


A alavanca de câmbio no console é giratória e retrátil, como nos modelos da Land Rover (que é do mesmo grupo). O botão que liga o motor é iluminado de forma intermitente, ao ritmo da pulsação do coração. O espaço interno, infelizmente, é apertado para um modelo do seu porte (tem 4,67m de comprimento e 2,84m de entre-eixos). A capacidade do porta-malas também. Tem apenas 450 litros.

O XE chegou ao Brasil em três versões: Pure, R-Sport e S. As duas primeiras com motor de quatro cilindros 2.0 com turbo e injeção direta de 240 cavalos. É o mesmo motor Ecoboost, usado no Ford Fusion. A marca norte-americana já foi dona da Jaguar. A S tem um V6 3.0 de 340 cavalos. Ambas utilizam um câmbio automático ZF de oito marchas com borboletas para mudanças manuais atrás do volante.



A revista Quatro Rodas testou a R-Sport 2.0 e obteve aceleração de 0 a 100 km/h em 7,2 segundos, retomada entre 80 e 120 km/h em 4,6 segundos, consumo de 9,8 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada, 26 metros de frenagem e 58,9 decibéis de ruído a 80 km/h. Comparado aos seus declarados rivais BMW 320i Active Flex (motor 2.0 turboflex de 184 cv) e Mercedes C180 (motor 1.6 turbo de 156 cv), ele tem ótimo desempenho e bom ruído, mas a sua frenagem é razoável e o consumo é alto.

Já a versão V6 acelera de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos segundo a Jaguar. A velocidade é limitada a 250 km/h.


A versão Pure custa R$ 169.900 e traz de série bancos em couro, volante multifuncional em couro, sistema Stop/start, sistema de monitoramento de pressão nos pneus, faróis de xenônio com luzes de circulação diurna em LED, sistema Keyless Entry, controles eletrônicos de estabilidade e tração, Jaguar Drive, sistema de navegação, sistema de som Jaguar com seis alto-falantes e sensor de estacionamento traseiro.

A R-Sport sai por R$ 199.990 e adiciona teto solar elétrico, câmera traseira de estacionamento, sensor de estacionamento dianteiro, limpadores de para-brisas automáticos com sensor de chuva, kit esportivo aerodinâmico com saias laterais, para-choque dianteiro e traseiro diferenciados e elegante aerofólio traseiro, bancos esportivos de couro Taurus com opções bicolores, emblema “R-Sport” gravado no volante e nas soleiras das portas, suspensão recalibrada, faróis de xenônio adaptativos, assistente de farol alto, memória para os assentos do motorista e passageiro, sistema de som Meridian com 11 alto-falantes, coluna de direção ajustável eletricamente e rodas aro 18 na cor preto com opção de cor prata.

A S V6 chega a R$ 299 mil e acrescenta sistema suspensão dinâmica e adaptativa com amortecedores ativos e configuráveis, bancos esportivos com revestimento combinado em couro Taurus e Alcântara, interior com detalhes em fibra de carbono e black piano, soleiras das portas com a inscrição “S”, pedais em alumínio, forro do teto em preto, para-choque dianteiro com entradas de ar maiores, aerofólio traseiro, detalhes em preto brilhante na traseira, pinças de freio na cor vermelha, rodas em liga leve de 19 polegadas, head-up display com tecnologia a laser, sensor de estacionamento 360º, monitor de ponto cego com sensor de aproximação de veículos e detecção de tráfego em marcha ré.

Estes preços, porém, podem frustrar a realidade de uma briga quente no mercado de sedãs médios premium e a sua fabricação em Itatiaia. Série 3 e Classe C custam menos. O BMW varia entre os R$ 141.950 da versão 320i Active Flex e R$ 203.950 da 328i Active Flex. Já o Mercedes mais barato custa R$ 142.900 (C180 Avantgarde). Só a top C63 AMG V8 4.0, de 510 cv, custa R$ 545.740. O Audi A4 ficou fora desta comparação porque ainda aguarda a chegada da sua nova geração. Além disso, a expectativa anual de vendas é de apenas 600 unidades. Mesmo com um modelo mais "popular", pelo visto a Jaguar ainda quer exclusividade. 

 Pontos Fortes 

+ Acabamento
+ Motor
+ Desempenho
+ Ruído

Pontos Fracos

- Estilo pouco original
- Espaço interno
- Porta-malas
- Consumo
- Preço

FICHA TÉCNICA 

Origem: Solihull, Inglaterra
Motor 2.0: Quatro cilindros, longitudinal, 16 válvulas, turbo, injeção direta de gasolina, 1.999 cm³ 
Motor V6: Seis cilindros em V, longitudinal, 24 válvulas, injeção direta de gasolina, 2.995 cm³
Potência: 240 cavalos (2.0) e 340 cavalos (V6)
Torque: 34,7kgfm de 1.750 a 4.000 rpm (2.0)
45,9 kgfm a 4.500 rpm (V6)
Câmbio: automático de oito marchas
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,2 segundos (2.0 - revista Quatro Rodas)
5,1 segundos (V6 - fabricante) 
Retomada de 80 a 120 km/h: 4,6 segundos (2.0 Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 250 km/h (fabricante)
Consumo: 9,8 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada (2.0 - Quatro Rodas)
Frenagem 80-0 km/h: 26 metros (2.0 - Quatro Rodas)
Nível de ruído a 80 km/h: 58,9 decibéis (2.0 - Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,67/1,85/1,42/2,84 m
Porta-malas: 450 litros 
Tanque de combustível: 63 litros
Preços: R$ 169.900 (Pure) / R$ 199.900 (R-Sport) / R$ 299.900 (S V6)
Cores: Preto Ebony, Cherry, Celestial e Ultimate, Branco Polaris e Glacier, Cinza Ammonite, Storm, Tempest e Ingot (areia), Azul Bluefire e Dark Saphire, Verde British Racing, Vermelho Italian Racing e Odyssey, Prata Osmium e Rhodium, Marrom Quartzite,