TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS


Já falei várias vezes que 2015 seria o ano dos utilitários esportivos compactos, pois até agora as principais novidades do mercado neste ano são deste segmento desbravado pelo Ford Ecosport a partir de 2003. Com todas as cinco novidades já à venda nas concessionárias, embora o Honda HR-V ainda esteja com fila de espera, chegou a vez de compará-los. 

O próprio Honda é uma das estrelas deste comparativo. Participou na versão top EXL, com o seu único motor 1.8 iVTEC e o câmbio CVT (o manual é exclusivo da versão básica LX). Outras duas novidades de 2015 também estão aqui: o Jeep Renegade na versão Longitude 1.8 16v Flex automático de seis marchas (também tem o turbodiesel 2.0 4x4 de nove marchas) e o Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP manual (o automático não coube nesta versão e é exclusivo do 1.6 aspirado). Eles foram desafiados contra os veteranos Ecosport 2.0 Titanium Powershift e Chevrolet Tracker LTZ 1.8 automático, versão única.

Este comparativo teve dois convidados, também recém-lançados, que não são tão compactos. O Suzuki S-Cross é o mais próximo deles. Tem 4,30m de comprimento, quase o mesmo porte do HR-V. Foi comparado na versão top GLS 4x4 com o único motor 1.6 e câmbio CVT. Aliás, o Suzuki é o único que foi considerado com tração integral, mas isso vai passar despercebido num segmento que é usado mais na cidade do que fora de estrada. O Ecosport (exclusiva da versão Freestyle, intermediária) e o Renegade (exclusiva do motor turbodiesel) também têm opção de tração 4x4, mas estes não se encaixaram no comparativo.

Por fim, o chinês JAC T6, nitidamente um SUV médio, que só tem o motor 2.0 e câmbio manual, mas é o mais barato dos sete aqui apresentados. O JAC realmente compacto é o T5, só que este só chega no fim do ano.

O Renault Duster, embora tenha mudado a grade, os faróis e o centro do painel este ano, ficou de fora em protesto pela falta de um autêntico Renault no mercado brasileiro. O Duster é um projeto da romena Dacia, uma marca de baixo custo e de estilo insosso, assim como o Logan e o Sandero. Há a promessa da vinda do estiloso Captur, mas só acredito vendo.

O resultado eu vou anunciando a seguir, mas posso adiantar que neste comparativo houve afirmações, surpresas e decepções.



7º JAC T6 2.0 Flex Manual



A primeira decepção vem do chinês JAC T6, que poderia levar vantagem por ser um utilitário médio com preço de compacto. Realmente ele consegue ser o mais barato, por R$ 75.680, já incluídos os opcionais (tsc) bancos em couro e o sistema multimídia com espelhamento do smartphone, GPS e câmera de ré, além de barras longitudinais no teto, retrovisores na cor da carroceria, frisos laterais e maçanetas cromadas e retrovisores com rebatimento elétrico, itens que deveriam de série.

Apesar de já vir equipado com ar condicionado automático (mas não digital), trio elétrico, computador de bordo, piloto automático, chave canivete, pontos ISOFIX para cadeirinhas infantis, cintos de segurança de 3 pontos e apoio de cabeça para todos, faróis com regulagem de altura, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 17 com pneus 225/60 R17, lanternas traseiras em LED, retrovisores com repetidores de direção, sistema de áudio com CD/MP3/USB/Bluetooth/auxiliar, 2 fontes 12V e direção elétrica, regulagens de altura do banco do motorista, da coluna de direção e dos cintos de segurança dianteiros, apoio de braço central com porta-copos e cinto central de três pontos, luzes de leitura no teto, para-sóis iluminados e porta-óculos, rede no porta-malas, airbag duplo, ABS com EDB, alarme e sensor de estacionamento, o T6 chegou devendo airbags laterais e de cortina, controles eletrônicos de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa, além de um câmbio automático. Na avaliação subjetiva acabou ficando em último na lista de equipamentos.


Mesmo sendo o  único com seis anos de garantia, a ingrata posição se repetiu no número de concessionárias (apenas 50 em todo o Brasil), além do acabamento (simples para um utilitário médio e contra compactos com revestimentos melhores), estilo (pouco original, é o clone do já desatualizado Hyundai ix35, inclusive no interior), e os técnicos frenagem (69,3 metros a 120 km/h) e consumo (9,9 km/litro na cidade e 11,6 km/l na estrada), medidos pela revista Quatro Rodas. O câmbio manual de cinco marchas também ficou em último. Outro modelo comparado com manual, o Peugeot 2008 THP tem seis velocidades. 

No desempenho ficou em posição mediana. Merecia ficar em penúltimo, junto com o Renegade por causa da sua retomada entre 80 e 120 km/h em eternos 20 segundos. Mas se saiu melhor na aceleração que o S-Cross com 12,6 segundos. Ambos medidos pela Quatro Rodas. Dividiu o quinto lugar com o Suzuki.


O T6 se saiu bem no único motor 2.0 Flex com 155 cavalos com gasolina e 160 cv com álcool e no nível de ruído de 61,4 decibéis a 80 km/h. Ficou em segundo nestes dois itens, mas no ruído, medido pela Quatro Rodas, empatou tecnicamente com o Chevrolet Tracker.

Além do preço, o chinês só venceu nos dois itens relacionados ao seu tamanho avantajado: espaço interno e no porta-malas de 610 litros.

Se este comparativo considerasse apenas as vitórias o JAC T6 ficaria em segundo com três. Mas os seis últimos lugares, o penúltimo no câmbio e o antepenúltimo no desempenho pesaram nas contas e afundaram o utilitário esportivo médio com preço de compacto para o último lugar.


FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.997 cm³, 16 válvulas
Potência: 155 (gasolina) e 160 cv (álcool)
Torque: 20,4 (gasolina) e 20,6 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: manual de cinco marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,6 segundos (revista Quatro Rodas com gasolina)
Velocidade máxima: 186 km/h (fabricante)
Consumo: 9,9 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,47/1,84/1,67/2,64m
Porta-malas: 610 litros
Tanque: 60 litros
Preço: R$ 69.990 (básico) / R$ 71.990 (Pack 1) / R$ 75.670 (Pack 2 - Completo)
Cores: Preto Quasar, Cinza Mercurio, Prata Imperial, Branco Nevada, Marrom Dolomita e Vermelho Rubi


6º Jeep Renegade Longitude 1.8 16v Automático



A outra decepção veio do Jeep Renegade, que ficou em penúltimo lugar. A decepção foi maior porque se esperava mais da estreia no segmento compacto de um representante da marca que melhor sabe fazer utilitários esportivos.

Fabricado em Goiana, Pernambuco, unidade construída pela Fiat, dona da Chrysler (a plataforma dele é do Fiat 500X), ele até que venceu dois quesitos. Um deles com autoridade: com 58,2 decibéis a 80 km/h, mais de três decibéis mais silencioso que o T6. Fruto do segundo melhor acabamento do comparativo. Já a superioridade na lista de equipamentos tem um alto custo. Se ele é o mais completo, também é o mais caro por incluir vários deles, que são opcionais.

O Jeep Renegade Longitude 1.8 16v vem de série com ar condicionado digital de duas zonas, direção elétrica, travas e vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos, sistema de áudio premium com seis alto-falantes, Bluetooth, USB e MP3, rodas de liga-leve aro 16″ com pneus 215/85, volante revestido em couro com ajustes de altura, profundidade, comandos dos sistemas de áudio e telefone, além de aletas para trocas manuais de marcha, faróis de neblina, freio de estacionamento elétrico, maçanetas e retrovisores externos pretos, piloto automático com limitador de velocidade, sensor de estacionamento traseiro, apoio de braço frontal com porta-objetos, branco traseiro com encosto bipartido 60/40, sistema anti-capotamento (ERM), controle eletrônico de estabilidade (ESC), auxílio de partida em rampas (HSA), ISOFIX, sistema de alerta de frenagem de emergência (RAB), chave telecomando com alarme, cinto traseiro central de três pontos, terceiro apoio de cabeça traseiro, sistema multimídia com tela colorida sensível ao toque de cinco polegadas, GPS, Bluetooth, USB, comandos por voz, câmera traseira, barras longitudinais no teto, encosto dobrável banco passageiro dianteiro, maçanetas e retrovisores externos na cor da carroceria, porta-objetos no banco do passageiro dianteiro, tapetes de borracha e tomada de 12 volts no porta-malas, além de rodas de liga aro 17″ com pneus 215/60.


Só com os equipamentos de série ele custa R$ 80.900, o que o deixaria em terceiro lugar no preço. Mas para obter a pontuação máxima em equipamentos foi preciso incluir todos os opcionais, que são bancos em couro, rodas de 18 polegadas, detector de pontos cegos, sistema Park Assist, que estaciona sozinho em vagas perpendiculares e paralelas, sistema de abertura e partida sem chave, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, espelho retrovisor interno eletrocrômico, tomada de 127 volts, lanterna removível, espelhos retrovisores externos com rebatimento automático, airbags laterais, de cortina e de joelho para o motorista, teto solar, sistema multimídia com tela de 6.5 polegadas, áudio premium Beats com 8 alto-falantes e subwoofer, o cluster de 7 polegadas no quadro de instrumentos, banco do motorista com regulagens elétricas de altura. encosto e lombar e faróis de xenon. Aí o preço já pula para abusivos R$ 117.100.

O Renegade também ficou em último no desempenho e no porta-malas. Tem a pior aceleração medida pela revista Quatro Rodas (15,3 segundos) e a segunda pior retomada entre 80 e 120 km/h em 11,6 segundos. No primeiro caso, a sua classificação poderia ser melhorada se fosse comparado com o motor 2.0 a diesel. Mas no porta-malas não teria jeito. São apenas 260 litros. 

O motor 1.8 Flex é o mesmo E.TorQ usado na linha Fiat, que rende 130 e 132 cavalos, mais potente apenas que o 1.6 do S-Cross. O câmbio automático de seis marchas ficou em posição mediana. Igual a ele só o do Chevrolet Tracker.  O consumo é outro item que seria melhor com o motor turbodiesel. Com médias de 10,2 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada só superou o do JAC.


Outros resultados medianos do Renegade foram na frenagem de 68,9 metros a 120 km/h, na rede de 120 concessionárias que ainda está em crescimento, no espaço interno e no estilo, que não é horroroso e sim rústico. Tem personalidade, mas o HR-V e até o veterano Ecosport são mais atraentes. 

Se eu tivesse considerado a versão a versão Trailhawk, com motor a diesel de 170 cavalos e câmbio automático de nove marchas o Renegade teria ficado em segundo. Mas aí ficaria ainda mais caro com todos os opcionais. Chegaria a R$ 137.400.


Outras versões

O Renegade também é vendido nas versões Sport, com motor 1.8 com câmbios manual (R$ 69.900) e automático de seis marchas (R$ 75.900) e 2.0 Turbodiesel automático de nove marchas (R$ 99.900), Longitude com motor 2.0 e câmbio de nove velocidades (R$ 109.900) e a top Trailhawk, com o turbodiesel de 9 velocidades (R$ 116.900)

FICHA TÉCNICA

Motor: Flex, quatro cilindros em linha, transversal,1.747 cm³, 16 válvulas
Potência: 130 (gasolina) e 132 cv (álcool)
Torque: 18,6 (gasolina) e 19,1 kgfm (álcool) a 3.750 rpm
Câmbio: automático de seis marchas
Tração: dianteira 
Aceleração de 0 a 100 km/h: 15,3 segundos (Revista Quatro Rodas, com gasolina)
Consumo: 10,2 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,23/1,80/1,69/2,57m
Porta-malas: 260 litros
Tanque: 60 litros
Preços: R$ 80.900 (básico) / R$ 117.100 (completo)
Cores: Vermelho Colorado, Verde Commando, Branco Ambiente, Preto Shadow (sólidas). Estas, exceto a Shadow, com o teto preto passam a custar R$ 720 a mais / Prata Melfi (metálica, R$ 1.300. Com teto preto, R$ 2.020)


5º Chevrolet Tracker LTZ 1.8 Automático



O Chevrolet Tracker é o injustiçado do segmento. Só foi lembrado pelas revistas de automóvel por causa do lançamento dos seus novos concorrentes. Não fosse isso, o utilitário esportivo compacto ficaria ainda mais esquecido do que já é no mercado, onde está em 47º no ranking de janeiro a maio com 3.995 unidades emplacadas, segundo a Fenabrave. Em maio só vendeu 716 unidades. E a sua importação do México contribui para isso, pois tem cota para os modelos vindos do país norte-americano e isso limita as suas ambições.

O Tracker foi lançado em 2013 em versão única chamada LTZ somente com motor 1.8 e câmbio automático de seis marchas. Chegou a ter uma série especial, chamada Freeride, com câmbio manual, mas não vingou. Desde então, continua somente com a única versão automática.

O utilitário da General Motors só venceu no número de concessionárias. São 600 em todo país. Curiosamente, o Chevrolet não ficou em último lugar em nenhuma vez. Nem mesmo dividiu as últimas posições. Seus piores resultados foram no porta-malas de 306 litros e na relação de equipamentos, os quais só ganharam respectivamente do Jeep Renegade e do JAC T6.


O Tracker vem equipado de série com ar condicionado, direção hidráulica, retrovisores elétricos, travas elétricas das portas e porta-malas, chave tipo canivete com controle remoto de destravamento das portas, protetor de cárter, banco do motorista com regulagem em altura, banco traseiro bipartido 60/40 e rebatíveis, bancos em couro sintético com ajuste lombar elétrico, rodas de liga leve 18 polegadas, vidros elétricos, alarme com acionamento por controle remoto, coluna de direção com regulagem em altura e profundidade, MyLink com rádio, Bluetooth, câmera traseira, entradas USB e auxiliares, faróis de neblina, freios ABS com EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), sensor de estacionamento traseiro, computador de bordo e piloto automático. Básico custa R$ 90.990. Mas se for adicionar teto solar e airbags laterais (os frontais são obrigatórios) o preço pula para R$ 95.290. Mais caro que eles só o S-Cross e o Renegade, que ultrapassam a barreira dos 100 mil reais.


Tecnicamente o seu melhor resultado foi no nível de ruído de 61,3 decibéis a 80 km/h, mas dividiu o posto com o JAC T6. Depois disso só resultados medianos. Ficou em terceiro em frenagem (67,5 metros a 120 km/h), espaço interno (junto com o Ecosport) e no câmbio automático de seis marchas. Nos dois primeiros empatou com o Ecosport e no último com o Renegade. Ficou em quarto no motor 1.8 Ecotec de 140 e 144 cv, no desempenho (aceleração de 0 a 100 km/h em 12,2 segundos e retomada entre 80 e 120 km/h em 9,7 segundos), consumo (10,2 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada, empatado com o HR-V) e estilo, que ainda é moderno, mas já não empolga tanto. Além do já citado preço, o acabamento, recheado de plástico duro no painel, mas com muitos detalhes prateados para dar um requinte, ficou em quinto lugar, junto com o Ecosport.

Tantos resultados medianos deram um quinto lugar (empatou em pontos com o Suzuki S-Cross, mas perdeu o quarto por ter vencido apenas um quesito contra dois do rival japonês), que acabou sendo um pequeno lucro, pois o Tracker corre um certo risco de ter o mesmo destino do irmão de plataforma Sonic: parar de ser importado.

FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.796 cm³, 16 válvulas 
Potência: 140 (gasolina) e 144 cv (álcool)
Torque: 17,8 (gasolina) e 18,9 kgfm (álcool) a  3.800 rpm
Câmbio: Automático de seis marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,2 segundos (Quatro Rodas, com gasolina)
Velocidade máxima: 189 km/h (fabricante)
Consumo: 10,2 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,25/1,78/1,65/2,55 m
Porta-malas: 306 litros
Tanque: 53 litros
Preços: R$ 90.990 (LTZ básico) / R$ 95.290 (LTZ completo)
Cores: Prata Champagne (metálica, sem custo), Branco Summit (sólida), Vermelho Sonoma, Preto Carbon Flash, Prata Switchblade, Cinza Cyber (metálicas, R$ 1.300) 


4º Suzuki S-Cross GLS 1.6 4x4 CVT 



Também se esperava mais do Suzuki S-Cross, o sucessor do SX4, que era compacto, como a maioria dos participantes deste comparativo. Com 4,30m de comprimento, o S-Cross pode ser considerado um médio-compacto, embora tenha dimensões próximas ao do Honda HR-V. 

O japonês importado da Hungria se destacou mesmo na soma das médias de consumo de 11,4 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada. Foi a sua única vitória sozinha. Os louros de melhor câmbio, que é o CVT (continuamente variável) de sete velocidades, ele dividiu com o HR-V.


O S-Cross também se saiu bem na frenagem de 67 metros a 120 km/h, no porta-malas de 440 litros e na lista de equipamentos, ficando em segundo lugar nestes quesitos. A versão top GLS 4x4 vem equipada com sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, ar-condicionado digital de duas zonas, bancos e portas revestidos em couro, rodas de 17 polegadas, rádio com Bluetooth, botão de partida, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de rampas, seis airbags dianteiros, laterais e de cortina, tração 4x4 com seletor de condução em terrenos variados, faróis bixenônio, teto solar panorâmico com dupla abertura e um sistema multimídia com tela sensível ao toque de 8 polegadas e conexão à internet, entre outros. Mas tudo isso custa caro: R$ 105.900, mais barato apenas que o Renegade.  

O acabamento do S-Cross é bom, com parte do painel revestido com material emborrachado. Mas perde para o HR-V e o Renegade. Em outras posições medianas (quinto lugar) ficaram o desempenho (12,8 segundos em aceleração e 10,7 segundos em retomada), nível de ruído (62,7 decibéis a 80 km/h), espaço interno e estilo, que é agradável, mas não muito original.


O único item em que o Suzuki é o pior de todos é o motor. Os 120 cavalos do seu 1.6 ficaram muito atrás dos seus concorrentes. Pelo menos o desempenho não foi tão sofrível. A rede de 54 concessionárias só supera a da JAC. Colocar o motor de 142 cavalos do Swift poderia dar uma boa ajuda para melhorar a posição do S-Cross, o único utilitário esportivo compacto que foi considerado com tração 4x4.


Outras versões

Todas as versões do Suzuki S-Cross têm o motor 1.6 de 120 cavalos. A mais barata é a GL 4x2 com câmbio manual, que custa R$ 74.900. Depois vem a GLX 4x2 com câmbio CVT por R$ 88.900 e a GLX 4x4 por R$ 95.900.

FICHA TÉCNICA 

Motor: Quatro cilindros, 16 válvulas, transversal, gasolina, vvt, 1.586 cm³ 
Potência: 120 cv
Torque: 15,5 kgfm entre 1.250 e 4.400 rpm
Câmbio: Continuamente Variável (CVT) de sete marchas
Tração: 4x4 com sistema por demanda AllGrip
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,8 segundos (Revista Quatro Rodas)
Consumo: 11,4 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,30/1,77/1,61/2,60 m
Porta-malas: 440 litros
Tanque: 47 litros
Preço: 105.900 
Cores: Vermelha (sólida), Prata, Cinza, Preta (metálicas, por R$ 1.400), Branca e Bronze (perolizadas, por R$ 1.400). Com teto preto adiciona R$ 1.000. Carroceria Bronze tem teto bege. 

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3º Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP



O representante franco-fluminense do comparativo tem mais cara de perua do 208 do que de crossover. Apesar de elegante, com o teto que simula ser elevado, o Peugeot 2008 ficou para trás no estilo por causa das linhas muito discretas. Só ficou à frente do JAC T6, que é o clone do Hyundai ix35.

O 2008 é um dos três modelos aqui analisados que não ficou em último lugar em nenhum quesito. Os outros dois são o Chevrolet Tracker e o Honda HR-V. Além do estilo o outro pior resultado do Peugeot foi no câmbio manual. Até merecia ficar em último pelo erro do projeto (o conversor de torque não coube na plataforma junto com o turbocompressor), mas preferi não dar essa punição. Até porque o câmbio dele tem seis marchas (só no THP) e o do JAC T6, outro modelo que foi comparado com manual, tem cinco. Aliás, o 2008 e o chinês são os únicos que foram comparados com este tipo de transmissão. O JAC só tem essa opção, mas o 2008 ainda tem o automático de quatro marchas, mas com motor 1.6 aspirado. Como eu quis analisar a versão mais completa (a Griffe) e o motor mais forte (1.6 THP), considerei o manual.

E veio do motor 1.6 com turbo e injeção direta os melhores resultados do 2008. Recém-convertido para bicombustível (que estreou no Citroën C4 Lounge), o 1.6 THP rende 165 cavalos com gasolina e 173 cv com álcool. É mais potente até que o 2.0 turbodiesel do Jeep Renegade (170 cv), que não foi levado em conta aqui. Foi a sua única vitória.

Apesar da melhor aceleração (9,1 segundos de 0 a 100 km/h), o 2008 perdeu a disputa no desempenho para o Honda HR-V, que tem a melhor retomada e a segunda melhor aceleração. Na recuperação de velocidade, com 8,8 segundos, o 2008 ficou atrás do Honda e também do Ecosport.


Outro bom resultado proporcionado pelo motor 1.6 THP foi no consumo de 10,6 km/litro na cidade e 14,3 km/l na estrada, embora tenha ficado atrás do Suzuki S-Cross. Prova de que o dowsizing feito pela Peugeot deu certo.

O Peugeot 2008 pode não ser o mais barato (esse mérito é do JAC T6), mas é o que tem o melhor custo-benefício (somando os pontos do preço e equipamentos). É o segundo mais barato (custa R$ 79.590 na versão Griffe) e tem bons equipamentos.

Tem de série barras longitudinais no teto, setas nos retrovisores externos, ar condicionado digital de duas zonas, direção elétrica, trio elétrico, chave canivete com alarme, porta-luvas refrigerado, computador de bordo, sistema multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque com GPS (que ajuda a localizar o carro no seu smartphone), MP3 e Bluetooth, seis alto-falantes, piloto automático, volante multifuncional com regulagem de altura e distância, banco do motorista com regulagem de altura, sensores de estacionamento traseiros, cinto de segurança de 3 pontos no meio do banco de trás, airbags laterais dianteiros, freios a disco nas quatro rodas, faróis direcionais e lanternas de neblina, rodas de liga-leve diamantadas de 16 polegadas, airbags de cortina, acendimento automático dos faróis, acionamento automático dos limpadores de para-brisa, sensores de estacionamento dianteiros, terceiro apoio de cabeça traseiro, banco traseiro bipartido, bancos parcialmente em couro, teto solar panorâmico, pedais de alumínio, assistente de partida em rampa, controles eletrônicos de estabilidade e tração e, apesar de não ter tração 4x4, seletor de aderência em piso. A lista fica em terceiro porque deve câmera de ré.


O Peugeot 2008 também obteve uma série de resultados medianos, que começam com um quarto lugar no nível de ruído (62,1 decibéis a 120 km/h), acabamento (bem montado, mas com muito plástico) e assistência (185 concessionárias) e terminam com um quinto lugar em frenagem (68,8 metros a 120 km/h), porta-malas (355 litros) e espaço interno.

Somando os pontos ficou em terceiro lugar, dois a menos que o Ecosport e um ponto a mais que o quarto colocado, o Suzuki S-Cross. Um bom resultado para uma marca que tem mais experiência na cidade do que nas trilhas e acabou de entrar no segmento com um projeto próprio (o antigo 4007, inexistente no Brasil, era um Mitsubishi Outlander e o 3008 está mais para monovolume).


Outras versões

A versão mais barata do Peugeot 2008 é a Allure com motor 1.6 16v aspirado, de 115 e 122 cavalos, e câmbio manual, por R$ 67.190, ou automático de quatro marchas por R$ 70.890. A Griffe aspirada também tem as duas opções de câmbio e custa R$ 71.290 e R$ 74.990.

FICHA TÉCNICA

Motor: Flex, turbo, injeção direta, quatro cilindros em linha, transversal, 1.598 cm³, 16 válvulas
Potência: 165 (gasolina) e 173 cv (álcool) 
Torque: 24,5 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: manual de seis marchas 
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,1 segundos (revista Quatro Rodas, com gasolina)
Velocidade máxima: 206 km/h (fabricante)
Consumo: 10,6 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,16/1,74/1,56/2,54m
Porta-malas: 355 litros
Tanque: 55 litros
Preço: R$ 79.590 
Cores: Vermelho Rubi, Branco Banquise (R$ 590), Cinza Aluminium (R$ 1.190), Marrom Dark Carmin (R$ 1.190), Preto Perla Nera (R$ 1.190) e Branco Nacré (R$ 1.590) 


2º Ford Ecosport 2.0 Powershift Titanium



A surpresa que eu falei no final da introdução foi o segundo lugar do Ford Ecosport, que conseguiu superar novos concorrentes como o Peugeot 2008, o Jeep Renegade e o Suzuki S-Cross, maior que ele. Incrivelmente o Ecosport foi o único dos sete que não venceu nenhum quesito. E o lanterna JAC T6 foi o segundo que mais venceu. 

Os melhores resultados do Ford foram no estilo e na assistência. As linhas ainda são modernas e arredondadas, apesar do modelo ter sido lançado em 2012 e de já estar previsto um face-lift para o ano que vem. Só perdeu para as linhas inéditas do Honda HR-V. Outro bom resultado foi no número de concessionárias (400), embora 200 pontos a menos que a da rede Chevrolet.


O Ecosport foi um recordista de terceiros lugares. Foram seis. Obteve tal posição no motor 2.0 de 141/147 cavalos, no desempenho (aceleração em 11,2 segundos e retomada em 7,7 segundos), consumo (10,2 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada), frenagem (67,3 metros a 120 km/h, empatado com o Tracker), espaço interno (também empatado com o Chevrolet) e preço de R$ 87.100 da versão Titanium Powershift.  

Uma posição abaixo ficou a lista de equipamentos. Esta versão, que é a mais completa do Ecosport traz ar condicionado digital. direção elétrica, airbags laterais e de cortina, sistema de partida sem chave e botão de partida, bancos em couro, sensor de chuva, assistente de partida em rampa, controles eletrônicos de estabilidade e tração, piloto automático, Sync Media System com assistente de urgência (que aciona o SAMU em caso de disparada dos airbags e corte de combustível, desde que esteja conectado), sensor de estacionamento traseiro, computador de bordo e alarme.


Aqui, o Ecosport ficou atrás do completíssimo (e caríssimo) Renegade, do Suzuki S-Cross e do Peugeot 2008 porque o seu sistema multimídia é muito antiquado. Se tivesse um mais moderno, com câmera de ré e GPS como o que o Fiesta Sedan acabou de ganhar até empataria em segundo com o Suzuki. O porta-malas de 362 litros também ficou em quarto lugar. 

Outras duas posições medianas do Ecosport foram no acabamento, com excesso de plástico duro, empatado com o Tracker, que só é melhor que o do JAC, e por ser o único dos modelos comparados com câmbio automatizado de dupla embreagem. Os demais são CVT ou automático de verdade. Pelo menos superou o T6 e o 2008, que são manuais. O pior resultado do utilitário da Ford foi no nível de ruído a 80 km/h. A Quatro Rodas registrou 63,8 decibéis, o valor mais alto. 

Mesmo não tendo vencido nenhum item, o primeiro utilitário esportivo compacto nacional que impulsionou este segmento ficou em segundo graças aos trinta pontos obtidos com os terceiros lugares. E no mercado ele ainda lidera no acumulado do ano. Mas a cada mês vem perdendo para o Honda HR-V, o vencedor do comparativo.

Fôlego e atrativos o Ecosport ainda tem. Só falta à Ford melhorar o acabamento e receber um sistema multimídia mais moderno. E (por que não?) abandonar o estepe na tampa traseira. Ele surpreendeu com o segundo lugar, mas afirmou-se como uma segunda boa opção.

Outras versões

O Ecosport perdeu a versão básica S na linha 2015. O leque de versões agora começa pela SE com motor 1.6 com câmbio manual, que custa R$ 66.900. Depois vem a Freestyle 1.6 por R$ 71.900. A Titanium é a top com motor 1.6, que custa R$ 80.900.

As versões com motor 2.0 começam com a SE com o câmbio Powershift, por R$ 75.900. Segue a Freestyle, também Powershift, por R$ 78.900.  A Freestyle Plus Powershift e a Freestyle 4WD, que é a única com tração nas quatro rodas (4x4) mas só tem câmbio manual, custam o mesmo preço: R$ 82.900.

E ainda tem a SE Direct 2.0, exclusiva para venda direta, que custa R$ 68.720.


FICHA TÉCNICA 

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.999 cm³, 16 válvulas 
Potência: 141 cv (gasolina) e 147 cv (álcool)
Câmbio: automatizado Powershift de dupla embreagem e 6 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,2 segundos (revista Quatro Rodas, com gasolina)
Velocidade máxima: 180 km/h (todos, fabricante)
Consumo: 10,2 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,24/1,77/1,69/2,52 m
Porta-malas: 362 litros
Tanque: 52 litros
Preço: R$ 87.100 
Cores: Brancos Ártico e Vanilla, Preto Ebony, Vermelho Arpoador, Laranja Savana (R$ 1.085), Pratas Riviera e Dublin (ambas a R$ 1.085) e Vermelho Merlot (R$ 1.270)


1º Honda HR-V EXL 1.8 CVT



O vencedor do comparativo dos utilitários esportivos compactos é o mais urbano deles. O estilo curvado e elegante do Honda HR-V (uma de suas cinco vitórias) é mais esportivo para as ruas do que para as trilhas. Outro destaque do japonês fabricado (por enquanto) em Sumaré, São Paulo, mas futuramente em Itirapina, interior paulista, é o acabamento interno. Apesar do painel minimalista, com difusores de ar em quase toda área do passageiro, o revestimento é digno de louvor. Tem revestimento em couro no próprio painel e no console flutuante no assoalho. 

Na pista da Quatro Rodas o HR-V se destacou e muito na frenagem a 120 km/h em 60,3 metros. O segundo colocado neste quesito, o S-Cross só parou quase sete metros depois. No desempenho a vitória foi apertada. Ficou em segundo na aceleração de 0 a 100 km/h em 11 segundos, mas tem a melhor retomada entre 80 e 120 km/h em 7,4 segundos. Ganhou do Peugeot 2008 porque o SUV fluminense ficou em terceiro na retomada. Para encerrar as vitórias do Honda, ele divide o posto de melhor câmbio (o CVT) com o Suzuki S-Cross.


Outro bom resultado do HR-V foi no espaço interno no banco de trás, que além de garantir a boa acomodação de pernas e cabeça do passageiro ainda permite o rebatimento dos assentos do banco traseiro, como no Fit, dono da plataforma do crossover. Já o porta-malas de 431 litros ficou em terceiro lugar. Os seus 4,29 "e meio" e a distância entre-eixos de 2,61m, dimensões só menores que o JAC T6 e o Suzuki S-Cross, lhe deram vantagem. 

O HR-V não teve últimos lugares. Seus piores resultados foram três quintos lugares no motor 1.8 i-VTEC de 140 cavalos com gasolina e 139 cv com álcool (sim, ao contrário dos rivais é mais potente com gasolina), no nível de ruído de 62,8 decibéis a 80 km/h e na lista de equipamentos. 

Ele traz de série na versão EX-L controles eletrônicos de tração e estabilidade, freios a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), assistente de partida em rampa, fixação Isofix para cadeira infantil, rodas de alumínio de 17 polegadas, freio de estacionamento com comando elétrico e retenção automática (mantém o carro freado ao se tirar o pé do pedal), ar-condicionado digital com comando por toque, direção assistida elétrica, controle elétrico de vidros (com função um-toque para todos, abertura e fechamento a distância), travas e retrovisores, alarme antifurto, volante ajustável em altura e distância, banco traseiro bipartido 60/40, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, computador de bordo e rádio/CD com MP3, interface Bluetooth e entradas USB e auxiliar, bolsas infláveis laterais dianteiras, tela de 7 polegadas com sistemas de áudio e navegação, entrada HDMI, câmera de ré mais detalhada, ar-condicionado automático, indicador de temperatura externa, retrovisores externos com rebatimento elétrico e visualização do meio-fio no lado direito ao acionar marcha à ré, bancos revestidos de couro e modo sequencial para o CVT. Por não trazer airbags de cortina acabou ficando na quinta posição. Não fosse isso poderia ter ficado em segundo na lista de equipamentos. O preço de R$ 88.700 ficou em uma posição melhor: em quarto lugar.




As outras duas posições medianas do HR-V foram na rede de 191 concessionárias (terceiro lugar) e no consumo de 10,4 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada (quarto), empatado tecnicamente com o Tracker. 

Somadas as vitórias, o segundo lugar em espaço interno e as posições intermediárias, além de beneficiado por não ter baixa pontuação, o Honda HR-V vence o seu primeiro comparativo logo na estreia e se afirma como a melhor opção num segmento que já foi exclusivo do Ford Ecosport, que pelo menos se garantiu no segundo lugar e continua liderando o ranking de emplacamentos da Fenabrave no acumulado de 2015. Mas o HR-V está crescendo e deve ultrapassá-lo, pois tem muitas qualidades e poucos defeitos. Um deles é o de não ser tão valente no off-road.

Aliás, a produção do Honda HR-V vai ter o reforço de unidades importadas da fábrica de Campana, na Argentina, para acabar com a fila de espera que começou desde o seu lançamento.

Outras versões

Todas as versões do HR-V têm motor 1.8.

LX manual - R$ 69.900
LX CVT - R$ 75.400
EX CVT - R$ 80.400

FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.798 cm³, 16 válvulas
Potência: 140 (gasolina) e 139 cv (álcool)
Torque: 17,4 (gasolina) e 17,3 kgfm (álcool) a 5.000 rpm
Câmbio: automático CVT de sete marchas 
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11 segundos (revista Quatro Rodas com gasolina)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 10,4 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,29/1,77/1,58/2,61m
Porta-malas: 431 litros
Tanque: 51 litros
Preço: R$ 88.700
Cores: Branco Taffeta (sólida), Prata Global, Cinzas Iridium e Barium e Marrom Júpiter (metálicas, R$ 1.200), Preto Cristal e Vermelho Mercúrio (perolizadas, também R$ 1.200)