TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 


Quem assiste à reprise da novela O Dono do Mundo, no Canal Viva, vai se lembrar, ao ver o carro do personagem Rodolfo, vivido por Kadu Moliterno, que a Renault Espace, primeira minivan exclusivamente para passageiros lançada na Europa em 1984, já foi vendida no Brasil. 

Claro. Não pela própria Renault, que só chegaria oficialmente aqui no ano seguinte à novela de 1991, mas uma adaptação "pirata" com mecânica e componentes do Ford Del Rey, produzida quase artesanalmente por uma extinta encarroçadora de São Paulo, subsidiária de uma concessionária da Ford, chamada Grancar Design, de propriedade do famoso estilista Toni Bianco. E o nome da Espace brasileira também era outro: Futura. Só durou um ano e meio e mal foi vendida no Rio de Janeiro.


No mesmo ano da novela, a Espace original conhecia a sua segunda geração.  A terceira, de 1996, chegou a ser cogitada para ser importada oficialmente, mas a primeira alta do dólar após o Plano Real, em 1999, sepultou a ideia, pois a minivan, já grande e luxuosa, chegaria cara demais. A quarta, de 2002, com linhas bem angulosas, sequer foi cogitada.

A quinta foi lançada no ano passado. Ela rompeu com o conceito de minivan e se tornou um crossover, com desenho baixo e esportivo, com a imponente grade recortada "padrão Renault", as janelas que ocupam quase toda a lateral acima da linha de cintura e as lanternas em formato de bumerangue, com extensão horizontal na tampa do porta-malas. Se vem para o Brasil? Estamos bem servidos com o Dacia Duster ou com a van Master. Temos que babar mesmo. 


Temos que babar pela plataforma modular CMF, que faz com que a Espace tenha 4,85m de comprimento por 1,87m de largura e 1,68m de altura, com 2,88m de distância entre-eixos; pelo interior de acabamento impecável; pelo teto panorâmico de série em todas as versões (o da mais básica só para motorista e passageiro), que, junto ao amplo para-brisa e os quebra-ventos na coluna, forma uma visibilidade gigantesca; pelo painel com tela multimídia do sistema R-Link 2 na posição vertical, cuja parte central "flutua" até o console entre os bancos em couro; pelo amplo espaço interno (na segunda fileira) e pelos sete lugares individuais opcionais, embora a terceira fileira seja apertadinha, mesmo que permita empurrar a fileira do meio para frente.


O porta-malas tem capacidade variável de 680 a 785 litros (quando o banco traseiro é empurrado para trás) na versão de cinco lugares e ainda 2.101 litros só com os bancos da frente. Com sete lugares usados tem 247 litros, de 614 a 719 com as duas fileiras e 2.035 litros só com os bancos da frente. 

Ok. A Espace de hoje não é mais uma sala de estar como eram as três primeiras gerações, com os bancos dianteiros que viravam para trás e o do meio traseiro que era rebatido, avançado e formava uma mesa. Mais utilitária esportiva, a nova Espace tem uma configuração de rebatimento dos bancos mais simples, podendo apenas abaixar as duas fileiras automaticamente por um botão no porta-malas. A segunda fileira também tem encaixes ISOFIX para cadeirinhas infantis.




Renault Espace em 1984

A Renault Espace 2015 tem três versões oferecidas na Espanha (país do site Km77, referência desta matéria): Life, Zen e Initiale Paris. A primeira, mais básica, já traz de série faróis de LED, sistema multimídia R-Link 2, ar condicionado digital dualzone, sensores de estacionamento dianteiro, traseiro e lateral, seis airbags, controles de tração e estabilidade, freio de estacionamento elétrico, assistente de partida em rampa e abertura das portas e partida sem chave. A intermediária Zen adiciona revestimento parcial em couro sintético, banco do motorista com ajustes elétricos, memória e massagem, detector de ponto cego nos retrovisores externos e configuração da cor da iluminação do ambiente (verde, azul, amarelo, vermelho ou roxo). A Initiale completa com bancos totalmente em couro natural, câmera de ré, câmera de visão noturna, teto de vidro até a segunda fileira, aquecimento dos bancos dianteiros e dos laterais da segunda fileira, head up display, piloto automático adaptativo, reconhecimento de sinais de trânsito e assistente automático de estacionamento.


Na mecânica o brasileiro volta a babar pelo sistema de suspensão 4Control (muito confortável e silenciosa, por sinal), que não é tração integral e sim faz as rodas traseiras também girarem. Aliás, apesar da mudança de perfil para crossover, do aumento da altura livre do solo e de reforços no inferior do chassi, a nova Espace não tem opção de tração 4x4. 

A Espace tem três motores, dois a diesel e um a gasolina, todos 1.6. Este último (chamado TCe), que seria permitido no Brasil, tem turbo e injeção direta e rende 200 cavalos. Dos diesel (dCi), um tem turbo único com 131 cavalos e o outro tem dois (Twin Turbo), com 160 cavalos. Todos têm o sistema Start-Stop, conhecido do Fiat Uno Evolution. O motor de menor potência só é oferecido com câmbio manual de seis marchas. Os outros dois com o automatizado de dupla embreagem. O diesel tem seis velocidades e o a gasolina sete. 

As versões automatizadas contam com o sistema Multisense, que permite selecionar entre quatro conjuntos de ajustes possíveis dos elementos relacionados à condução: a resposta do acelerador, a dureza da suspensão, a assistência da direção, o ajuste do sistema 4Control e a rotação em que são feitas as trocas de marcha.


A Espace movida a gasolina acelera de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos e atinge os 211 km/h de velocidade máxima. O consumo urbano é 12,8 km/litro e o rodoviário de 18,8 km/l. Emite apenas 140 gramas de gás carbônico por quilômetro rodado, atendendo à norma Euro VI. Na versão a diesel de 131 cavalos, os números são de 10,7 seg, 191 km/h, 19,6 e 25,0 km/l e 116 g/km. Na de 160 são 9,9 seg, 202 km/h, 20 e 22,7 km/l e 120 g/km. 

Na Espanha, a nova Espace custa de € 29.350 (versão Life diesel de 131 cv) a € 44.150 (Initiale Paris Twin Turbo 160 cv de sete lugares), o que equivale entre R$ 95.387 e 143.487, sendo que no Brasil iria custar mais que isso, na faixa dos 200 ou 250 mil reais, talvez em versão única. Seria um carro pra babar até mesmo aqui dentro do país. Mas é claro que ele não vem. Baba, Brasil! 



A história da Renault Espace em fotos

1a Geração (1984-1990)




Face-lift 1988


2a Geração (1991-1996)





3a Geração (1997-2002)




4a Geração (2003-2014)





Face-lift 2010