TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS DA INTERNET (VERSÕES ESTRANGEIRAS)
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS


O relançamento do Suzuki Swift, agora na versão Sport, trouxe de volta a lembrança do velho compacto vendido no Brasil entre 1991 e 1999, nas versões hatch de duas e quatro portas, sedã de quatro portas e conversível.

O Swift (que alguns o associavam com a famosa marca de salsichas e patês) foi importado pelo Brasil já na segunda geração, lançada mundialmente em 1988. A primeira carroceria era de 1983. No Japão as duas gerações se chamavam Cultus. E na Austrália era vendido como Holden Barina, que depois passou a batizar o Corsa e o Sonic. 


Aqui, o Swift chegou em 1991, junto com os jipes Vitara (de duas portas) e Samurai (o antecessor do Jimny). Primeiro veio a versão hatch GTi, de duas portas, com motor 1.3. Tinha discretos spoilers nos para-choques, saias laterais e aerofólio sobre o vidro traseiro, cuja inclinação mais acentuada era vista também na versão 1.0 de duas portas. As primeiras unidades tinham rodas de liga-leve escuras, com uma pequena calota também escura, para melhorar a aerodinâmica (a foto abaixo é da versão japonesa, só para ilustração). Porém, quando o painel foi reformulado, na linha 1992, ele passou a vir com as calotas cinzas claras de plástico. As rodas de alumínio passaram a ser opcionais.


O motor 1.3 era de quatro cilindros e tinha injeção eletrônica de combustível, já multipoint (cada cilindro com o seu bico injetor), que ainda era uma novidade na época para os brasileiros, tal como as quatro válvulas por cilindro, que só apareceram num carro fabricado aqui no Tempra 16v em 1993. Rendia 100 cavalos (cinco a menos que no exterior) e seu torque era de 11,5 kgfm a 4.950 rpm. O câmbio era manual de cinco marchas.

O Swift GTi, segundo a Quatro Rodas, acelerava de 0 a 100 km/h em 10,57 segundos e o consumo era de 12 km/l na cidade (a revista cravou 11,99 km/l) e 14,50 km/l na estrada. A frenagem a partir de 80 km/h era cumprida em 28,7 metros. Bons números, mas o nível de ruído era muito alto: 70,1 decibéis de média.

Sobre a revista, não dá para ignorar uma curiosidade: em 1992, ela comprou dois exemplares da versão para o teste dos 60.000 km. O primeiro se envolveu num grave acidente em Porto Velho, Rondônia, quando um caminhão de lixo em alta velocidade tombou em cima dele. O motorista, o fotógrafo Cláudio Larangeira, só quebrou uma costela. E ainda fotografou o carro.

A Quatro Rodas logo comprou um novo GTi e acelerou a sua quilometragem (fazendo muitas viagens) para apresentá-lo desmontado no Salão do Automóvel daquele ano.  

O Swift GTi já oferecia regulagem de altura do volante, ar condicionado, direção hidráulica e som com rádio toca-fitas. Estes itens já apareciam no Swift 1.0, que tinha opção de duas e quatro portas.


A diferença entre as duas carrocerias ia além das portas a mais. Não bastasse o vidro traseiro mais vertical, o de quatro portas era bem mais comprido (3,84m contra 3,74m), alto (1,38m contra 1,35m) e com maior distância entre-eixos (2,36m contra 2,26m). O de duas, no entanto, era mais largo (1,58m contra 1,57m). Em comum só o pequeno porta-malas de 173 litros, que na época era medido pela própria Quatro Rodas.


O interior reformulado era basicamente o mesmo nas duas versões: bancos revestidos de tecido, portas com acabamento em plástico e generosa tira de tecido e painel com desenho simples. Não havia a moda das saídas de ar trapezoidais ou aladas e instrumentos individuais com cluster digital. O gabinete central era vertical, tinha difusores retangulares e mais abaixo o rádio. O quadro de instrumentos era um semi-círculo com marcadores de leitura fácil e hodômetros mecânicos. O espaço era muito bom, mas o Swift acomodava melhor quatro passageiros. Os bancos dianteiros eram altos e incorporavam o apoio de cabeça, sendo que no encosto do GTi havia um pequeno buraco. Os primeiros GTi a desembarcarem no Brasil, em 1991, aliás, vinham com um painel mais antigo, de formas retangulares, com volante de braços vazados (pelo menos isso já tinha) que lembravam o do primeiro Renault Clio.

Painel até 1991

Painel a partir de 1992

O Swift já oferecia naquela época aviso luminoso para a colocação de cintos de segurança, luz indicadora para troca de marchas e trava automática das portas em movimento.

Embora o DKW Vemag já usasse nos anos 50, mas com dois tempos, o Swift era equipado com motor 1.0 de três cilindros (e quatro tempos) vinte anos antes de Kia Picanto, Hyundai HB20, Volkswagen Fox e Up! e Ford Ka. Claro que naqueles tempos tinha apenas duas válvulas por cilindro e injeção eletrônica single point (apenas um bico para os três cilindros). Por isso rendia apenas 55 cavalos e nem era flex. Assim, acelerava até 100 km/h em 17,91 segundos e chegava apenas aos 141 km/h. A frenagem também era alta, de 34,7 metros a 80 km/h. Em compensação, o consumo (13,8 km/l na cidade e 16.96 km/l na estrada) e o ruído (67,9 decibéis) eram melhores que o GTi 1.3. O Swift 1.0 também tinha opção de câmbio automático de quatro marchas.

Foto: Cláudio Larangeira / Revista Quatro Rodas

O Swift Sedan só vinha com quatro portas (três volumes com duas portas era neurose de carro nacional). Os motores eram o mesmo 1.3 do GTi e o exclusivo 1.6 16v de quatro cilindros, injeção single point e 91 cavalos de potência. O câmbio podia ser manual ou automático. Acelerava até 100 km/h em 11,53 segundos e alcançava os 173 km/h. O ruído era de 65,8 decibéis. Mas a frenagem era alta: 30,6 metros. O consumo era de 11,14 e 14,11 km/l na cidade e estrada.

O interior era igual ao dos hatches, mas os bancos dianteiros tinham apoio de cabeça convencional. Apesar dos seus 4,09m de comprimento e 1,59m de largura, o espaço interno era idêntico ao do hatch de quatro portas, porque a distância entre-eixos era a mesma (2,36m), assim como a altura de 1,38m. A lista de equipamentos de série também era semelhante a dos irmãos. O porta-malas tinha 305 litros, segundo a Quatro Rodas.




No final de 1993 foi apresentado na extinta Transpo (um salão de todos os meios de transporte que se realizava em São Paulo nos anos 80 e 90) o Swift conversível, para concorrer com o Kadett GSi e Escort XR3 sem capota.

Com medidas iguais ao do hatch de duas portas (comprimento de 3,74m e entre-eixos de 2,26m), tinha apenas dois lugares, capota de lona com fechamento manual e o mesmo motor 1.3 do GTi e câmbio manual. Porém, era bem menos potente que o do hatch esportivo por causa da injeção eletrônica single-point. Entregava apenas 67 cavalos, com 10,1 kgfm de torque a 3.500 rpm. Acelerava de 0 a 100 km/h em 13,49 segundos. O consumo que era muito bom: 14,30 km/l na cidade e 16,42 km/l na estrada. Pena que durou pouco em nosso mercado.


O hatch 1.0 de duas portas manual custava, em junho de 1993, 15.700 dólares, já que na época vigorava o superinflacionado Cruzeiro (que dois meses depois viraria Cruzeiro Real). O automático saía por US$ 17.700. O preço do manual de quatro portas era de US$ 16.700, o automático US$ 18.700. O sedã custava US$ 22 mil (1.3 manual), 23.200 (1.3 automático), 24.800 (1.6 manual) e 25.800 (1.6 automático). O hatch GTi não saía por menos de 25.900. O conversível chegou somente em 1994 custando US$ 30.500. 

A Nissan não estava errada ao dizer que o Nissan March foi o primeiro popular japonês quando o lançou no Brasil, em 2011. De fato, o Swift foi o primeiro 1.0 nipônico vendido no país. Porém, ele era muito caro. Os poucos 1.0 nacionais custavam na faixa dos 7 mil dólares. Dos compactos com motor mais alto, até o Gol GL e Escort Ghia, ambos 1.8, eram mais baratos que o Swift 1.0, em janeiro de 1994. Custavam na faixa dos 14 mil dólares.

O Swift hatch 1.0 tinha preço mais próximo do Chevrolet Kadett GLS 1.8 (18.694) e Fiat Tipo 1.6 i.e. (importado por 17 e 18 mil). Ou seja, não era nada popular. A Nissan tinha razão.

O Swift Sedan, apesar de compacto, custava perto de um Chevrolet Monza, Fiat Tempra, Ford Verona, Volkswagen Logus e a versão intermediária do Volkswagen Santana, a GL.

O GTi, que já tinha aumentado para US$ 26.250 em 1994, era bem mais caro que o Gol de mesma sigla (23.523), mas a diferença para o Escort XR3 (25.980) era pequena. Só era mais barato que os pouco mais de 30 mil dólares do Kadett GSi. Em compensação, o conversível custava bem menos que o Kadett (US$ 39.371) e o Escort (US$ 35.665).

Se essa conversão do dólar fosse feita hoje, por R$ 2,50, o Swift Hatch 1.0 custaria, com preço de junho de 1993, entre R$ 39.250 e 46.750. Ainda seria mais caro que os compactos 1.0 atuais, mas dentro da faixa dos acima de 1.0, como Fiat Palio, Ford Ka, Renault Sandero e VW Fox. O sedã sairia entre 55 mil e 63.250, próximo de um Fiesta Sedan ou Honda City.  O GTi custaria, em 1994, R$ 65.625, mais barato um Punto T-Jet completo (R$ 73.690), um Citroën DS3 (R$ 79 mil) e o próprio Suzuki Swift Sport atual (R$ 74.900). O conversível sairia por R$ 76.250, bem mais caro que o Fiat 500 Cabrio automático (R$ 66.300) e até um Smart (R$ 72 mil).

Swift com face-lift

Aos poucos a linha do Swift foi reduzida. Primeiro a Suzuki não trouxe mais o sedã 1.3, depois o hatch 1.0 de duas portas automático, o conversível, o sedã 1.6, o GTi... até o Swift Hatch 1.0 deixar de ser importado definitivamente em 1999.

O novo Swift americano

Naquele ano foi lançada, nos Estados Unidos, a terceira geração, com estilo mais arredondado e só com duas portas, sem fugir radicalmente do que era vendido aqui. Esta terceira série não chegou para cá e nem foi para a Europa. Em vez disso veio um face-lift com novos faróis e grade. O velho continente só voltou a receber o Swift em 2004, já na quarta geração, com silhueta de monovolume, próxima à quinta, que está voltando para o Brasil.

Swift europeu 2004

No mercado de usados, segundo a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Ecomômicas), o Swift Hatch 1.0 está sendo cotado entre R$ 3.739 (1991) e R$ 8.976 (1999). O sedã 1.3 entre R$ 3.873 (1991) e R$ 6.512 (1994). O 1.6 vai de 4.555 (1991) a R$ 7.141 (1994). O GTi está avaliado entre R$ 4.594 (1991) e R$ 10.783 (1995) e o conversível 1993 valeria R$ 8.606 e o 1994, R$ 9.417.

Os compradores brasileiros do Swift elogiam a durabilidade do motor, a agilidade, a estabilidade e o consumo, mas, como todo importado, criticam a dificuldade de encontrar peças e as pouquíssimas concessionárias, ainda mais durante o período de ausência da divisão de automóveis da Suzuki, entre 2003 e 2008.


Teve um Suzuki Swift antes de 1992 ou depois de 1995? Conte como ele era. Conte sua experiência nos comentários. Colabore com fotos. Ajude a corrigir este texto. Participe.