TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS



Não é à toa que duas marcas japonesas se alternam na liderança do mercado nacional de sedãs médios. Honda e Toyota respeitam o motorista brasileiro e atualizam os seus carros rapidamente. Ao contrário de marcas como a Ford, que vê o seu recém-lançado Focus se desatualizar em seis meses com o lançamento da nova frente.

Ok. ok. O Civic brasileiro já está desatualizado. De vez em quando a Honda dá as suas mancadas, mas logo compensa com uma atualização rápida, como a do monovolume Fit, que vai chegar no final deste mês, embora com menos equipamentos do que antes.

Talvez seja por esse respeito que o novo Toyota Corolla está próximo de reassumir a liderança do segmento. Corolla e Civic brigam pelo posto desde que o Toyota deixou de ser aquele sedã quadradão, em 2002. O Honda ultrapassou no lançamento da geração de 2006. O Corolla devolveu em 2008. O Civic retomou no ano passado. E agora o Toyota tende a passar mais uma vez com a nova carroceria que já está à venda no Brasil, pela quarta vez fabricada em Indaiatuba, SP.



Baseado na versão europeia (que é vendida em poucos países do Velho Continente), com grade cromada e faróis mais retos e puxados, ambos curvados para cima, o Corolla 2015 ficou, ao mesmo tempo, moderno na frente e conservador na traseira de lanternas horizontais, mais finas e pontudas do que antes, unidas pela barra cromada acima da placa. Na lateral, chama atenção da linha ascendente da base das janelas na altura da coluna de trás.


Maior que o antigo em comprimento (de 4,54m para 4,62m), o espaço interno também cresceu com o aumento da distância entre-eixos de 2,60m para 2,70m. Aliás, as pernas no banco de trás não ficaram mais folgadas somente pelo crescimento do carro. O assoalho também ficou mais plano, melhorando muito o conforto do passageiro que vai no meio do banco traseiro, que também tem à disposição apoio de cabeça e cinto de segurança de 3 pontos. O porta-malas, como contrapartida, manteve-se com 470 litros e ainda têm a dobradiça "pescoço de ganso", que rouba espaço de acomodação.


O acabamento tem aparência um pouco simples para um carro de sua faixa de preço (que começa em R$ 66.570) por causa do plástico duro em várias partes das portas e maçanetas internas frágeis. No entanto, tem materiais como imitação de aço escovado ou fibra de carbono no puxador das portas, revestimento de tecido ou couro nas portas, imitação de black piano e cobertura revestida em borracha ou couro do painel.


Este, aliás, ficou com aparência de antiquado e muito vertical. Nem a cobertura cinza clara (bege na versão top) em quase toda a sua extensão tirou a má impressão, pois é em plástico duro. As saídas de ar (ausentes para o banco de trás) horizontais são minúsculas e ao lado delas há um relógio digital com fundo azul e números brancos, bem ao estilo anos 80 (lembra aqueles "futuristas" que ficavam no teto do Del Rey).


Esqueça aquele porta-objetos que ficava na lateral do console, que lhe dava a impressão de flutuante, como nos Volvo. O console novo também é convencional e tem muitas peças do modelo antigo, como botões, porta-copos e o trilho do câmbio automático, que agora é CVT (agora chamado MultiDrive) com equivalente a sete marchas, aposentando de vez o velho quatro marchas. A tela multimídia de 6,1 polegadas (pequena), que tem TV digital e GPS, e o controle do ar condicionado (que não é dual zone) são outros itens que nos lembram que estamos na segunda década do século XXI.


O quadro de instrumentos tem leitura fácil (inclusive a nova tela do computador de bordo) e grafismo clássico. Porém, perdeu a iluminação Optitron, que escurecia totalmente os instrumentos com o carro desligado. O efeito estava presente desde a geração de 2002. Aliás, a versão intermediária XEi do Corolla também não tem mais espelho e iluminação no para-sol do motorista, iluminação no do carona, acendimento automático dos faróis e rebatimento elétrico dos retrovisores externos, que passam a ser exclusivos do top Altis, que, por sua vez, já não tem mais o apoio de braço central dos bancos dianteiros como tampa deslizante para o porta-objetos.


O Novo Corolla chega ao mercado com praticamente as mesmas versões de acabamento do anterior: GLi, XEi e Altis. Só a XLi que foi extinta. Mais tarde, chegará o esportivo XRS, que deve ter o visual norte-americano. Já os motores são exatamente os mesmos: o 1.8 e o 2.0, ambos flex, com comando variável das válvulas de admissão e escape (Dual VVTi) e sistema de partida a frio, que dispensa o tanquinho.

O 1.8 equipa a versão GLi, que passa a ser a básica. Rende 139 cv e 17,7 kgfm com gasolina e 144 cv e 18,4 kgfm com álcool. Tem câmbio manual de seis marchas ou CVT com mudanças manuais somente na alavanca. 

Com a transmissão mais simples, esta versão, segundo a revista Quatro Rodas, acelera de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 14 segundos. O consumo é bem modesto, apenas 7 km/l na cidade e 10 km/l na estrada. Mesmo assim, é mais rápido e gasta menos que o Cruze 1.8 automático. Porém, demora mais a parar totalmente após a frenagem a 120 km/h (66,7 metros) e é muito mais ruidoso (67,8 dB, também a 120 km/h) do que o sedã da Chevrolet.


O 2.0 é reservado para as versões XEi (que deve ser a mais vendida) e a top Altis. A potência, que aumentou um cavalo, varia entre 143 e 154 cv e o torque entre 19,8 kgfm e 20,7 kgfm. Este será o motor "de guerra". De guerra contra os concorrentes, claro, para enfrentar o arquirrival Honda Civic, o Citroën C4 Lounge, Nissan Sentra e o Volkswagen Jetta, que usam esta cilindrada.

Mais uma vez recorrendo aos números da Quatro Rodas, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em exatos 10 segundos (estranhamente mais lento que o 1.8) e a retomada entre 80 e 120 km/h em 6,5 segundos. Todos os Corollas foram testados com álcool. O câmbio do 2.0 é exclusivamente CVT. XEi e Altis têm botão Sport no console e borboletas no volante para trocas manuais. O consumo é de 7,6 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada. Frenagem e ruído a 120 km/h são de 73,6 metros e 66,5 decibéis, respectivamente. 


Comparado rapidamente aos tais concorrentes, exceto o Jetta, o Corolla mostrou ter um bom desempenho (só perdeu para o Citroën, testado na versão 1.6 turbo), consumo razoável (ficou em posição mediana), ruído elevado (só é mais silencioso que o Nissan) e frenagem sofrível (só para bem depois que todo mundo).

A versão básica GLi com câmbio manual custa R$ 66.570 e a CVT, R$ 69.990. Vem de série com bancos em tecido em dois tons, direção elétrica, volante multifuncional, ar-condicionado com controle manual, chave-canivete, computador de bordo com seis funções (consumo médio e instantâneo, indicador para economia de combustível EcoDrive, autonomia, velocidade média, tempo de percorrido, controle de iluminação do painel e temperatura externa), coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, odômetro e relógio digital, sistema de som com conectividade USB para iPod e similares e Bluetooth, farol de neblina, vidros e retrovisores com acionamento elétrico, cinco airbags (frontais, laterais dianteiros e de joelho para o motorista), sistema Isofix para cadeirinhas infantis e freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD). O quadro de instrumentos desta versão é bem mais simples, parecido com o do Etios, com o velocímetro no meio, conta-giros no lado esquerdo e marcador de combustível no direito. A telinha do computador de bordo fica dentro do velocímetro. No lugar do sistema multimídia, um aparelho de som comum com entrada para o CD, display de informações e botões.



A XEi é vendida exclusivamente com o câmbio CVT e custa R$ 79.990. Adiciona ar condicionado digital de uma zona, computador de bordo mais moderno, acionamento dos vidros elétricos por um toque nas quatro portas, bancos em couro, bancos traseiros bipartidos (60/40) com descanso de braço central e porta-copos, controle de velocidade de cruzeiro, retrovisor interno eletrocrômico e o sistema Multimídia, com funções do áudio, navegação, câmera de ré, conexões USB para iPod e similares, dispositivo Bluetooth, DVD e TV Digital.



O Altis sai por R$ 92.900 e completa com luzes auxiliares em LED, sistema smart entry, sistema de partida sem chave tipo Start Button, ajuste elétrico para o banco do motorista, retrovisores externos eletrorretráteis e acendimento automático dos faróis e mais dois airbags, do tipo cortina, totalizando sete bolsas de proteção. A pintura metálica para todas as versões custa 900 reais. Sentiu falta de controles eletrônicos de estabilidade e tração, sensor de estacionamento (que tem aviso sonoro) e teto solar? O Corolla não tem. Nem na versão completa. 

Em custo-benefício, mesmo na versão completa, o Corolla ficou bem atrás dos seus concorrentes. Mesmo assim, já está encostando no rival. Graças ao impacto da novidade e à boa imagem da Toyota no mercado. "Corolla novo? Bora comprar!" Assim devem ter pensado os primeiros 2 mil compradores da décima-primeira geração mundial do sedã médio da Toyota.

Pontos Fortes 

+ Espaço interno
+ Motor
+ Desempenho
+ Câmbio CVT


Pontos Fracos

- Frenagem
- Preço
- Equipamentos

FICHA TÉCNICA

Motores: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.798 cm³ (1.8) e 1.986 cm³ (2.0), 16 válvulas
Potência 1.8: 139 cv (gasolina) e 144 cv (álcool) 
Potência 2.0: 142 cv (G) e 154 cv (A)
Torque 1.8: 17,7 kgfm (G) e 18,4 kgfm (A)
Torque 2.0: 19,8 kgfm (G) e 20,7 kgfm (A)  
Câmbio: Manual de seis marchas (GLi 1.8) ou CVT de sete (GLi 1.8, XEi e Altis 2.0) 
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,7 segundos (1.8) e 10 segundos (2.0) (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo 1.8: 7 km/l na cidade e 10 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Consumo 2.0: 7,6 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada (idem)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,62/1,78/1,48/2,70m
Porta-malas: 470 litros
Tanque: 60 litros
Preços:  R$ 66.570 (GLi 1.8 manual) / R$ 69.990 (GLi 1.8 CVT) / R$ 79.990 (XEi 2.0 CVT) / R$ 92.900 (Altis 2.0 CVT)