Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação



O Focus agora é o líder de vendas do segmento de hatches médios no Brasil. Destronou o Hyundai i30, que será reestilizado ainda este ano. Mas o próprio modelo da Ford também dará lugar a uma nova geração no início do ano que vem, novamente importada da Argentina. Na Europa, o modelo foi lançado em 2011.

As linhas retas e conservadoras, que chegaram ao Brasil em 2008 (com quatro anos de atraso), deram lugar a traços cheios de curvas. Quem também saíram de cena foram as lanternas cercando o vidro traseiro. Elas agora são montadas na posição mais baixa, em formato de coração, mas com um prolongamento até a lateral. De perfil, o novo Focus lembra bastante o compacto New Fiesta, com as janelas arqueadas e cortadas diagonalmente. O sedã, que deve chegar junto com o hatch, é ainda mais parecido com o Fiesta Sedan. Ele tem traseira curta, mas suas lanternas têm formato de asas, o mesmo da perua Sportbreak, que poderá ser vendida no Brasil pela primeira vez na história da linha Focus. Vamos torcer.


A frente é a mesma para os três: os faróis são levemente mais horizontais que os do Fiesta, enquanto a grade do capô é mais aberta, com um friso cromado cortando o emblema. Já a do para-choque é trapezoidal, entre dois triângulos.


Por dentro, o acabamento aparenta mais qualidade, com materiais macios, mas também muito plástico duro. O painel tem desenho mais arrojado e envolvente. Os difusores de ar ovais, presentes desde a primeira geração, de 2000, foram aposentados. Deram lugar a molduras retangulares e verticais, tanto nas pontas quanto no centro do painel, ladeando os controles do som e sistema de entretenimento. O console central superior destacado lembra o Chevrolet Cruze. O quadro de instrumentos deixa de ter aquela máscara cromada para adotar um formato de óculos, com o cluster colorido em cima e os marcadores de óleo e combustível em baixo. A tela do console central também é colorida, tendo GPS ou não, ao contrário do Fiesta.



No hatch, o espaço atrás para as pernas não mudou e ainda diminuiu na largura. O ganho mesmo foi na altura, para alegria dos passageiros mais altos. A perua tem mais folga para a cabeça. Já no sedã o comprimento interno aumentou, mas está na média dos concorrentes. O porta-malas tem capacidade de 363 litros para o hatch, 475 litros no sedan e 490, expansíveis até 1.516 litros na Sportbreak. 

Comparando as medidas com o Focus atual, o hatch aumentou 1cm no comprimento (agora com 4,35m) e na distância entre-eixos (2,65m), mas ficou 2cm mais estreito (1,82m) e mais baixo (1,48m). O sedã cresceu mais no comprimento, que passou de 4,48 para 4,53m. As demais dimensões são as mesmas, tanto no atual, quanto no novo. A perua tem 4,57m de comprimento e 1,50m de altura.


A versão top do novo Focus deve manter o nome Titanium e vir equipada com sistema de áudio assinado pela Sony, ar-condicionado bizona, piloto automático, sistema de auxílio em declive, câmera de ré, airbags frontais, laterais e de cortina, controles eletrônico de estabilidade e tração e talvez como opcionais, um teto panorâmico que ocupa quase toda a capota e o GPS. Na Europa há um sistema de estacionamento automático, semelhante ao Park Assist da Volkswagen. 

A versão básica, provavelmente, terá o motor flex 1.6 16v Sigma. Na carroceria atual rende 109 com gasolina e 116 cv com álcool. Na Europa também há um 1.6 bicombustível, exclusivo do hatch, que rende 120 cv. Com ele, acelera de 0 a 100 km/h em 11,1 segundos e alcança os 193 km/h. O consumo médio é de 16,95 km/l. 

A grande expectativa é para saber se a Titanium da nova geração terá o moderníssimo EcoBoost 1.6, bloco moderno com turbo e injeção direta, que rende 150 cavalos. Trabalha em conjunto com o sistema Start & Stop - que desliga o motor nas paradas - e o câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas, para fazer jus à proposta ecológica do propulsor. Seu consumo é o mesmo do flex, mas ele acelera em 8,6 segundos e alcança os 210 km/h.


Outros três motores da linha Ecoboost, o 1.6 com 182 cv e o 1.0 tricilíndrico com 100 ou 125cv, com certeza, não virão. Infelizmente, há uma possibilidade maior do novo Focus desembarcar da Argentina com o velho Duratec 2.0 de 143/148 cv e o câmbio automático de quatro marchas para torná-lo mais comercial.  

A terceira edição do Focus hatch deverá custar entre 60 e 80 mil reais. O sedã entre R$ 62 e 82 mil. E a perua, se vier, R$ 65 e 85 mil.


O dois volumes, com certeza, fará muito barulho num segmento que, aos poucos, vai se renovando com Chevrolet Cruze, Fiat Bravo e Peugeot 308. E ainda deixará desatualizados o Citroën C4 e o Volkswagen Golf, o mesmo desde 1999. Já a vida do sedã será um pouco mais difícil, pois há mais concorrentes modernizados. Finalmente, a perua poderá ressuscitar um mercado carente desde o fim da bem-sucedida Toyota Corolla Fielder e que, atualmente, só tem a Renault Mégane Grand Tour, a Hyundai i30 CW e a Volkswagen Jetta Variant, todas de gerações anteriores. O obstáculo pode estar nas minivans Nissan Livina, JAC J6 e as futuras Chevrolet Spin e Renault Lodgy, mas a Focus é muito mais caprichada do que estas. 

Independente da versão, o foco do mercado pode voltar para a nova linha de médios da Ford.