Texto: Gustavo do Carmo


O crossover Ford Edge chegou ao Brasil em 2008, em plena crise financeira norte-americana, que havia elevado o dólar a R$ 2,50. A sua origem de produção também não ajudava: a fábrica de Oakville, no Canadá.

Na época do texto de apresentação do modelo, eu interroguei se o Edge estava chegando ao Brasil numa época errada. Três anos depois, eu digo que a resposta é sim. Vendeu apenas 1.201 unidades em seu primeiro ano completo no mercado, em 2009. A situação piorou no ano passado, com apenas 610 unidades de janeiro a novembro, mesmo com o mercado mais calmo e o dólar mais baixo.

Mas a Ford resolveu dar uma segunda chance ao utilitário esportivo no Brasil e lançou o seu face-lift profundo. O que pode justificar a decisão é o sucesso de concorrentes como o Kia Sorento, o Hyundai Veracruz, o Mitsubishi Outlander e a líder de vendas Toyota Hilux SW4.

O Edge agora tem duas versões oficiais: a SEL, por R$ 122.100, e a Limited, mais completa, que custa R$ 133.910. O teto solar continua como único opcional por R$ 8.700.

Ultimamente, as estatísticas do Blogger têm registrado um aumento nos acessos ao link do lançamento do primeiro Edge no Guscar. Atendendo a essa demanda por informações da nova "meia-geração", resolvi fazer uma análise à distância do Ford Edge 2011, até para diferenciar do texto antigo.



Estilo ***

O Edge continua com o american way nas suas linhas. Só que agora mais moderno. A dianteira ficou mais imponente e é um dos diferenciais do novo modelo. Como no Fusion, com quem divide a plataforma, suas três lâminas horizontais e cromadas cresceram. Diferente do sedã, o conjunto ficou mais bonito. Dentro dos faróis horizontais há uma placa de acrílico com o nome do carro. A luz de neblina no para-choque agora está em dois filetes verticais de led. A lateral não mudou e a traseira ganhou apenas novas lentes nas lanternas, que deixaram de ser brancas e agora são vermelhas. A tampa do porta-malas ganhou um friso cromado na altura da placa. As rodas de liga-leve agora são de 20 polegadas na versão mais cara (na básica, continua com 18"). Pra quem achou que o Edge foi renovado muito cedo, nos Estados Unidos, ele foi lançado em 2006.


Acabamento ***


O interior foi outro ponto profundamente renovado. O painel, que ganhou detalhes em madeira na versão mais cara, trocou as linhas retas e norte-americanas (que lembravam o Dodge Journey) pelo estilo europeu do console central vazado, inspirado nos Volvo, mas mais próximo do Toyota Corolla. O quadro de instrumentos foi modernizado com displays em cristal líquido em volta do velocímetro, lembrando o Fusion Hybrid, na Limited. No SEL é apenas um mostrador cercado pelo velocímetro e conta-giros. Bancos, volante e alavanca de câmbio são revestidos em couro. Toda a cabine também ganhou novo isolamento acústico para reduzir o ruído. O acabamento ainda tem muito plástico.


Espaço interno ****

Como a carroceria não mudou, permanece o bom espaço para as pernas atrás, com o assoalho plano. Todos os cinco passageiros vão bem acomodados. A distância entre-eixos continua com 2,83m.


Porta-Malas *****

Continua com a excepcional capacidade de 906 litros, rebatíveis a até 1.971 litros. Na versão Limited, o rebatimento dos bancos e a abertura da tampa são feitos eletricamente.



Conforto ****

Os bancos dianteiros parecem poltronas e oferecem até 10 regulagens elétricas para o motorista e seis para o passageiro, com duas memórias. O banco de trás pode ser reclinado. O nível de ruído é bom, mas poderia ser melhor.



Motor e Câmbio *****

Continua o Duratec V6 24 válvulas 3.5, mas o propulsor ganhou melhorias como o duplo comando de válvulas independente, chamado Ti-VCT, que visa maximizar o fluxo de ar e ajustar continuamente o motor, o que reduz o consumo de combustível. Também houve um ganho de vinte cavalos na potência, que subiu de 269 para 289 cv. O câmbio automático de seis marchas agora é sequencial. A tração continua sendo integral.


Desempenho ***

Segundo a revista Carro, o novo Edge acelera de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos e pula de 60 para 120 km/h em 8,2 segundos. A velocidade máxima, divulgada pela Ford, é de 180 km/h. Números bons, se considerarmos os 2.075 kg do utilitário.



Consumo ***

Também é bom o consumo médio de 8,4 km/l obtido pela mesma Carro. Foram 7,8 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada.



Segurança ****

A lista de equipamentos tem seis airbags (frontais e laterais para os passageiros da frente e de cortina), freios ABS e controle de estabilidade, que tem monitor de inclinação da carroceria, desde a versão básica SEL. A Limited tem três recursos a mais: o monitoramento de ponto cego avisa, através de uma luz nos retrovisores acionada por sensores, quando um veículo entra na área fora do campo de visão dos espelhos. Outro é o alerta de tráfego cruzado, que avisa a aproximação de um veículo na posição perpendicular. E, finalmente, a câmera de ré. A frenagem em 27 metros a 80 km/h poderia ser melhor.


Equipamentos de Série ***


A maior atração entre os equipamentos de série do novo Edge é o atualizado sistema multimídia Sync, da parceria Sony-Microsoft. Operado por toque na tela (que cresceu para 8 polegadas), gerencia som, ar condicionado digital, telefone celular e até pisca-alerta. Tem também câmera de ré, duas entradas para USB, leitor de cartão de memória e entrada de áudio e vídeo. As funções ganharam ícones coloridos e tridimensionais. Pena que o GPS ficou faltando e o HD de 10 gigabytes foi excluído. Que mancada!

O Sync está integrado ao MyFord Touch, que ainda configura as cores da iluminação da cabine e das duas telas de LCD no quadro de instrumentos, além do som, telefone e ar condicionado, também. No Touch a operação é feita por botões no volante ou por comando de voz, desde que o motorista saiba falar fluentemente inglês. francês e espanhol. O nosso querido português não é reconhecido. Outra mancada!

Tem ainda a chave inteligente My Key, outra bossa que permite controlar diversas funções do utilitário, como a pressão dos pneus, a velocidade máxima, definir alertas sonoros de velocidade, limitar em 45% a potência do poderoso sistema de som premium da Sony, com 390 Watts e 12 alto-falantes (versão Limited) e bloquear o desligamento dos recursos de segurança ativa.

A My Key já está no pacote do SEL, mas o Sync e o MyFordTouch só estão disponíveis na Limited, que tem como único opcional o teto solar panorâmico, mas que só abre a parte da frente.

O SEL vem com os equipamentos 'obrigatórios' de luxo como ar condicionado de duas zonas, bancos em couro e de regulagem elétrica, trio elétrico e som com mp3 e entradas auxiliares. O freio de mão é acionado com o pé. Ainda assim, achei pouco para um carro de 120 mil reais.



Concorrentes ***

Kia Sorento 3.5 V6 4x4 - R$ 126.900
Hyundai Santa Fe GLS 3.5 V6 - R$ 117.095
Hyundai Veracruz - R$ 138.818
Jeep Grand Cherokee Limited - R$ 129.386
Land Rover Freelander - R$ 122.000
Mitsubishi Outlander 3.0 V6 - R$ 124.990
Toyota Hilux SW4 - R$ 164.400

FICHA TÉCNICA - FORD EDGE 3.5 V6 SEL E LIMITED ***

Motor: transversal, 6 cilindros em V, gasolina, 3.496 cm³, 24v, 289 cv

Aceleração de 0-100 km/h: 9,3 segundos (Revista Carro)

Velocidade Máxima: 180 km/h

Consumo Médio: 8,4 km/l (Revista Carro)

Tanque: 72 litros

Porta-malas: 906 litros

Comprimento/largura/altura/distância entre-eixos: 4,68 /1,93 /1,71 / 2,82 m

Preços: R$ 122.100 (SEL), R$ 133.910 (Limited) e R$ 142.610.