O utilitário esportivo Toyota RAV4 nunca foi muito bonito, mesmo desde a primeira geração de 1994, mas tinha um estilo jovem. As "melhoreszinhas" foram a terceira, de 2006, e a anterior, de 2013. A quinta, lançada agora em 2018 e que adota a nova plataforma modular global da Toyota (TNGA), 57% mais rígida, consegue ser a mais feia de todos os tempos.


A primeira culpa é da grade hexagonal, que fica em posição baixa e tem dois estilos, um cromado com filetes perfurados e outro escuro, com duas barras horizontais. O emblema da Toyota fica no topo da estranha grade e acima, na altura do capô, um fino vão horizontal. Os faróis também são trapezoidais e se estendem até a lateral. Abaixo da grade ainda tem a proteção do para-choque, também diferenciado na versão mais simples, com nova reentrância no centro e os faróis de neblina protegidos por vidro.


O perfil consegue ser pior, com cortes bem retos, inclinados demais - lembrando o novo Mitsubishi Eclipse Cross (do qual também estou sem coragem de falar) - e vincos na coluna C, onde há um aplique preto que divide as cores do teto e da carroceria, mas quando é na mesma cor, polui o visual. O quebra-vento na janela traseira, de linha de cintura baixa, ainda dá um toque antiquado. Também poluída, com vincos e cromados, é a traseira, que tem lanternas horizontais com refletores em formato de L. As rodas podem ter até 19 polegadas. 


A impressão é de que o novo RAV4 ficou bem encolhido em relação ao modelo anterior, mas o comprimento foi reduzido em apenas meio centímetro. Arrendondando, ficou com os mesmos 4,60m. Mesma coisa aconteceu na altura de 1,70m. Já a largura e a distância entre-eixos aumentaram de 1,84 para 1,85m e 2,66 para 2,69m, respectivamente. As medidas também são próximas às do novo Honda CR-V, seu grande rival, que ficou muito mais bonito. 


A situação do novo RAV4 só melhora quando entramos no utilitário. O painel ficou mais agradável que o da geração anterior, com ergonomia otimizada, prateleira para acomodar objetos, acabamento mais refinado, com material macio, e mais tecnologia, embora recorra ao já manjado recurso da tela multimídia pendurada e tenha linhas mais retas que os concorrentes. O quadro de instrumentos mistura mostradores analógicos e digitais. O espaço interno para os passageiros foi ampliado.



Entre os itens de conforto. de série ou opcionais, estão presentes teto solar panorâmico, bancos dianteiros ventilados, ajustes elétricos do assento para oito posições e lombar para duas com memória, bancos traseiros aquecidos, abertura elétrica da tampa do porta-malas com os pés, sistema de som premium JBL com 11 alto-falantes, carregador de smartphone por indução, freio de mão eletrônico, ar condicionado digital de duas zonas e o novo sistema multimídia de sete ou oito polegadas com wifi.



O pacote Toyota Safety Sense (TSS) é de série e inclui os seguintes itens de segurança: frenagem automática com detecção de pedestres, controle de cruzeiro adaptativo e assistentes de reconhecimento de placas, manutenção de faixa de rodagem e oito airbags. E ainda tem a câmera 360 graus. 


O quinto Toyota RAV4 foi adaptado aos novos tempos e, por isso, trocou a motorização a diesel pela híbrida, combinando, em quatro versões de acabamento, um 2.5 a gasolina, que não teve a potência divulgada, com um elétrico. O motor 2.5 VVTi puramente também vai equipar cinco versões do novo utilitário, entre as quais se destacam a XSE, Adventure e a top Limited. As versões a gasolina terão câmbio automático de oito velocidades e as híbridas, um CVT. 

O novo sistema de tração nas quatro rodas permite desengatar completamente o eixo traseiro quando a aderência extra não for exigida. O mecanismo permite passar até 50% da força do motor para trás, além de contar com vetorização de torque, capaz de distribuir o torque individualmente para cada roda traseira. A tração 4x4 passa a contar com o Multi-Terrain Select, seletor de modos de tração que oferece ajustes diferentes para cada tipo de piso e pode ser acionado no controle giratório no lado esquerdo da alavanca de mudanças.


Há outras duas opções de tração 4X4 permanente. Uma delas é mais simples e dispensa a vetorização de torque. O RAV4 Hybrid tem o sistema AWD-i, que envia eletronicamente até 30% da força para trás. 

No texto do Volkswagen Touareg eu disse que o modelo alemão valorizou o conteúdo em relação à forma. A Toyota também deu a mesma prioridade ao novo RAV4. Só não precisava deixá-lo tão feio. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO