TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS
Se estivesse na década de 1980, o BMW i8 seria chamado de o carro do futuro. Mas já estamos no Século XXI e o futuro já começou, como diz a música da mensagem de fim de ano da Rede Globo de Televisão. E o i8 também já está à venda no Brasil. Os R$ 799.000 pedidos pelo cupê fazem dele um verdadeiro sonho de consumo.
Suas linhas, repletas de vértices e vincos aerodinâmicos - capazes de fazer o irmão compacto, o estranho monovolume elétrico i3, morrer de inveja - lembram, ao mesmo tempo, o Audi R8 e o antigo BMW M1. Ele também é confundido com o Batmóvel (dos filmes mais recentes). As portas abertas para cima (com função estrutural), remetem, ainda, ao DeLorean, a máquina do tempo do filme De Volta para o Futuro. Outra comparação pode ser um exagero saudosista meu, mas por causa das luzes de LED nos faróis e lanternas, na faixa azul chamativa na base das portas e na traseira, na moldura do duplo rim da BMW (que é selado), ambos com função aerodinâmica, e no brilho das rodas de 18 polegadas, lembrei do seriado Automan, exibido na Globo em meados dos anos 80, numa época pré-Faustão. Vale lembrar que o modelo usado na série era um Lamborghini Countach emoldurado de neon.
Além do seu estilo, o futuro do i8 está na sua propulsão: motor elétrico de 266 kW (ou 131 cavalos) ligado ao eixo dianteiro e um a gasolina de três cilindros 1.5, com turbo e injeção direta preparado para render 234 cv nas rodas traseiras. São ao todo 365 cavalos. O câmbio é automático de seis marchas. O i8 é o esportivo dos novos tempos ecologicamente corretos.
Os puristas que se sentiram ofendidos com um esportivo com o motor do Mini Cooper (ainda que anabolizado) andar como um legítimo V8, vão se sentir ainda mais enganados ao saberem que o i8 tem alto-falantes escondidos no assoalho que simulam o ronco de um motor de oito cilindros.
Para fazer os puristas a reverem os seus conceitos, o i8 é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos, retomar entre 80 e 120 km/h em apenas 2,9 segundos, mas não passa dos 250 km/h. E olha que ele não tem limitador de velocidade. Ao mesmo tempo, o esportivo é capaz de percorrer impressionantes 24,2 km com um litro de gasolina na cidade e 31,7 km/l na estrada. A frenagem a 80 km/h é feita em 26,1 metros e o ruído a mesma velocidade é de 67,9 decibéis. Estes números são da Quatro Rodas.
O motor elétrico do i8 pode ser recarregado em qualquer tomada, mas a autonomia para andar em modo totalmente elétrico (chamado eDrive) é de apenas 37 km, desde que o trânsito esteja bom. E como todo carro ecológico não poderia faltar o EcoPro, uma das funções do modo de condução que prioriza a eletricidade e até gerencia o ar-condicionado para economizar bateria, além de atuar mais na regeneração de sua carga por meio da energia cinética dos freios e pelo próprio motor a combustão (quando a bateria atinge níveis baixos de carga). As outras são a Comfort e a eDrive.
Por dentro, o painel também é futurista, com saídas de ar e comandos centrais voltados para o motorista. Há até uma discreta elevação no console, próximo ao botão de controle do sistema multimídia MMI, cuja tela é retrátil, mas não sensível ao toque. Este ressalto forma um cercadinho para o motorista. O quadro de instrumentos é totalmente digital, em tela de TFT de alta resolução. Os instrumentos, que além de informar a velocidade e os giros do motor, também exibe o consumo, regeneração de energia e relógio, mudam de cor (de azul para vermelho) no modo Sport. Alumínio, couro nos bancos e fibra de carbono estão presentes no acabamento.
Atrás dos anatômicos bancos dianteiros, não há bancos e sim banquetas para passageiros baixinhos eventuais, pois o espaço é mínimo. Também reduzido é o espaço de 154 litros no porta-malas. Mas, em se tratando de um cupê esportivo feito para impressionar, está até de bom tamanho.
Apesar do i8 contar com ar condicionado digital dual zone, bancos com ajuste elétrico, câmbio com trocas no volante e GPS, ele não tem parking assist, frenagem autônoma de emergência, tampouco assistente de manutenção à faixa. E seu piloto automático é convencional. Desta vez, quem não vai gostar nada serão os futuristas, afinal, com toda tecnologia ecológica, o i8 é conservador na lista de equipamentos. Ainda mais custando perto de 1 milhão de reais.
FICHA TÉCNICA
Origem: Alemanha
Motor a combustão: Três cilindros, central-traseiro, transversal, 12 válvulas, turbo, injeção direta de gasolina, 1.499 cm³
Potência e torque: 234 cavalos e 32,6 kgfm a 3.700 rpm
Motor elétrico: 131 cv e 25,5 kgfm
Câmbio: automático de seis marchas
Tração: traseira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 4,6 segundos (revista Quatro Rodas)
Retomada de 80 a 120 km/h: 2,9 segundos (Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 250 km/h (fabricante)
Consumo: 24,2 km/l na cidade e 31,7 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Frenagem 80-0 km/h: 26,1 metros (Quatro Rodas)
Nível de ruído a 80 km/h: 67,9 decibéis (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,69/1,94/1,30/2,80 m
Porta-malas: 154 litros
Tanque de combustível: 54 litros
Preço: R$ 799.000
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