TEXTO: GUSTAVO DO CARMO 
FOTOS: GUSTAVO DO CARMO E DIVULGAÇÃO



Todo mundo está careca de saber que as quatro montadoras mais tradicionais e populares do mercado brasileiro são estrangeiras: General Motors, Ford (americanas), Fiat (italiana) e Volkswagen (alemã). E também é óbvio que as quatro são presença constante em todos os salões europeus, principalmente o de Genebra. 


Fiat 

Só que neste ano, justamente em que eu estive pessoalmente lá, nem todas as marcas se destacaram. A Fiat, por exemplo, só apresentou uma edição comemorativa do 500, em alusão ao ano do lançamento da versão original do compacto retrô (1957), e versões aventureiras (Cross) do Panda (inexistente por aqui, mas que inspirou o nosso Novo Uno) e do utilitário Freemont (este sim, vendido em nosso país). Só registrei o 500. Não me interessei pelos outros dois.

500 1957 Edition - Série especial alusiva ao ano do lançamento da versão original do microcarro italiano. Tem detalhes ainda mais retrôs do que ele já é, como teto e capa dos retrovisores pintados de branco, rodas simulando calotas antigas e banda branca (cromadas no novo modelo). O interior é em couro marrom. 

Jeep e Alfa Romeo

As maiores atrações da montadora italiana foram, mesmo, das suas subsidiárias: a Jeep, da americana Chrysler, que apresentou o SUV compacto Renegade - que será fabricado em Pernambuco e dará origem ao 500X - e a Alfa Romeo, que mostrou a versão sem capota do cupê esportivo 4C, que deve chegar em seu retorno ao Brasil.

Renegade - O pequeno utilitário esportivo será fabricado em Goiana, município de Pernambuco, no ano que vem. Apesar do estilo estranho, o interior ficou bem agradável, com tela multimídia no centro do painel e no quadro de instrumentos. Parte do teto pode ser removida para transformá-lo em um targa.

O Renegade brasileiro ainda terá mudanças estéticas quando for nacionalizado. A plataforma é a mesma do Fiat 500L (a perua do 500 não vendida aqui) e do 500X, que também não será vendido em nosso país. O nosso Jeep deverá ter uma versão modernizada do motor 1.8 E.TorQ.

 Na Europa já estão confirmados três tipos de tração: dianteira, integral permanente e outra com reduzida forte, além de seleção automática para diferentes tipos de piso e controle automático de descida. O câmbio será manual de cinco ou seis marchas, um automatizado de dupla embreagem de seis e um automático de nove velocidades. Os motores serão da série Multiair (gasolina) e MultiJet (diesel), com cilindrada variando entre 1.4 e 2.4 littros. 

Alfa Romeo 4C Spider - É difícil de acreditar, mas este roadster derivado do cupê 4C ainda é um conceito. Mas a sua produção já é certa. A versão fechada deve ser o primeiro Alfa Romeo a retornar ao Brasil (como importado, claro) ainda este ano. O arco do para-brisa é em fibra de carbono e o vidro traseiro é de composite, um material mais leve para deixá-lo com menos de 1 tonelada. O motor 1.8 tem turbo e injeção direta, o que o faz render 240 cavalos. O câmbio é automatizado de dupla embreagem e a tração é traseira, com seleção de diferentes modos de condução. O cupê fechado acelera de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos. 


Opel

A Chevrolet, marca que representa a General Motors no Brasil desde que ela começou a fabricar os seus caminhões aqui, ainda nos anos 1950, também está presente na Europa. Só que lá é apenas uma marca de nicho e está até reduzindo a sua participação, se limitando ao esportivo Corvette. GM forte no velho continente é com a Opel (ou a Vauxhall no Reino Unido), que quase foi vendida pelo grupo estadunidense durante a crise de 2008.  

Apesar da grande representatividade na Europa, a Opel também teve poucas novidades. Tirando as versões esportiva (S) e aventureira (Rocks) do compacto Adam, a maior delas foi o conceito Monza. O nome é nosso velho conhecido, mas o homenageado não foi o sedã médio que se tornou o carro mais vendido do Brasil por três anos seguidos na década de 80 e sim o cupê derivado do antigo sedã luxuoso da marca europeia: o Senator. Está longe de chegar ao mercado, mas seu estilo deve inspirar os próximos modelos Opel.


Monza - A homenagem ao velho cupê de quatro portas do Senator e não o nosso clássico médio é um modelo híbrido e com alta dose de tecnologia multimídia, com LEDs tridimensionais no quadro de instrumentos. 

Cadillac

Quem também esteve presente foi a Cadillac, com os cupês ELR e ATS. O primeiro é híbrido e derivado da dupla Chevrolet Volt e Opel Ampera. Ambos fizeram suas estreias na Europa.


ELR - Baseado na dupla Chevrolet Volt/Opel Ampera, o Cadillac tem apenas duas portas para ficar ainda mais exclusivo e se dar bem no mercado europeu. Tem dois motores elétricos: um de potência equivalente a 184 cv, que é o responsável por impulsionar o carro, e outro de 75 cv que serve como gerador. A energia também é gerada por um propulsor a gasolina 1.4 de 86 cv. Se os dois motores não forem suficientes, ainda tem a bateria de 198 kg e 16,5 kW de capacidade, que demora quatro horas e meia para ser recarregada em 240v. A autonomia é de 480 km.

Entre os equipamentos, se destacam o ajuste eletrônico da firmeza da suspensão, avisos de mudança involuntária de faixa e de aproximação de veículos no ponto cego, piloto automático ativo e GPS.   


ATS - Cupê vai enfrentar BMW Série 4 e Audi A5 com motores 2.0 turbo de 276 cavalos e 3.6 de seis cilindros e 325 cv. 


Volkswagen

A Volkswagen também se destacou com um conceito, o T-Roc, que ainda tem muita cara futurista, mas deve dar origem a um cupê esportivo de quatro portas 4x4 para concorrer com o BMW X4. Além dele, a alemã apresentou a versão definitiva do estranho cupê econômico XL1 e os face-lifts do hatch compacto Polo (mais avançado que o nosso) e do Scirocco (cupê derivado do Golf também não vendido aqui).





T-Roc - Ainda com cara de conceito, vai dar origem a um cupê utilitário ao estilo do BMW X4 e poderia até gerar um roadster 4x4 de quatro lugares porque a configuração atual deste protótipo ficou muito boa. O motor do conceito é um 2.0 turbo de 184 cv, o câmbio é automatizado DSG de sete marchas e a tração integral 4Motion.



Polo - Esta geração do compacto ex-premium que a Volkswagen do Brasil abandonou, uma a frente do nosso (claro), passou por um discretíssimo face-lift que só mudou estrutura em LED dos faróis, para-choques, painel e o motor. Um dos propulsores é o nosso conhecido EA-211 1.0 de três cilindros do Fox e do Up!, mas com turbo, injeção direta e 89 cv. Outro três cilindros é o 1.2 de 59 ou 74 cv. O 1.2 menos potente tem parada e partida automáticos e sistema de regeneração de energia. O câmbio pode ser automatizado de sete marchas. Tente identificar o face-lift comparando-o com a primeira versão desta carroceria aqui.

    


Scirocco - Quem também passou por um face-lift de pouco impacto foi o cupê esportivo derivado do Golf. Aliás, veio da versão GTI do hatch médio a inspiração para os novos para-choques. Além destes mudaram também a grade, a estrutura dos faróis e levemente o desenho das lanternas traseiras. Por dentro, painel com novo acabamento e volante achatado. Na mecânica destaque para a adição de sistema de desligamento do motor em paradas breves, regeneração de energia nas frenagens e o aumento da potência de todos os motores, como os TSI a gasolina 1.4 e 2.0 e os turbodiesel 2.0. Esta versão R da foto, por exemplo, tem bloco TSI turbo e injeção direta e 280 cv (15 a mais que o modelo pré-face-lift). Compare os modelos aqui. / Foto do painel: Divulgação 


Ford

A Ford também teve poucas novidades. A única que me despertou atenção vai revoltar os brasileiros: o face-lift do Focus, que mal acabou de ser lançado no Brasil com a frente de 2010. Já estamos em 2014 e já era de mudar de cara, que ficou igual ao do Aston Martin, New Fiesta, Fusion e até o Ka. Enfim, o Focus foi uniformizado. Também estavam presentes o renovado Mustang e o Ecosport, que não é tão superior ao nosso em acabamento como já disseram.



Focus - Com nova carroceria recém-lançada, o médio da Ford, seja hatch ou sedã mal está conseguindo emplacar no Brasil. Agora a sua situação vai ficar mais difícil (ou não, já que brasileiro adora carro desatualizado), já que o Focus volta a ficar defasado em relação ao mercado externo. A grade passa a seguir o padrão da marca norte-americana, já usado no New Fiesta, Fusion e no Ka. Os faróis ganharam ajuste automático de facho. As lanternas do hatch também ficaram menores. O interior mudou pouco,  como no volante e no sistema multimídia SYNC com menos botões. O assistente de estacionamento agora trabalha em vagas perpendiculares. Na mecânica, as novidades são o motor 1.5 Ecoboost (mesma família do 2.0 do Fusion) de 150 ou 180 cv, o 1.6 e 2.0 turbodiesel e o elétrico de 145 cv. Na Europa, também há a versão perua. Nos Estados Unidos, ontem foi lançada a nova frente do sedã. No Brasil? Espere o fim do ano que vem. / Foto do painel: Divulgação 



Mustang - O mitológico esportivo norte-americano fez a sua estreia na Europa e na versão conversível. Já falei dele no fim do ano passado aqui no Guscar