Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


O lançamento da Chevrolet Trailblazer e o futuro utilitário derivado da nova Ford Ranger trazem a lembrança de um outro modelo da Ford, muito popular nos anos 90, apesar do alto preço: o Explorer.

Ele era construído sobre a plataforma da primeira geração da picape Ranger. Foi lançado nos Estados Unidos em 1990 com carroceria de três ou cinco portas. Tinha linhas retas, inclusive na frente de grade cromada e luzes de neblina alinhadas bem abaixo dos faróis quadrados. Já naquela época, o Explorer abdicava do estepe na tampa do porta-malas, que é usado até hoje no compacto Ecosport. Aliás, também veio dele o costume de chamar os SUVs da Ford com a letra E. O outro é o Escape. 

No Brasil, o Explorer chegou importado pela Souza Ramos (hoje representante da Mitsubishi) em 1992, mas foi oficializado pela Ford no final do ano seguinte. Veio apenas com cinco portas e na versão XLT, com motor V6 4.0 de 160 cavalos de potência, câmbio automático de quatro marchas com alavanca na coluna de direção e opção de tração integral ou traseira.


O interior era confortável, com painel retangular e bancos de veludo, típicos da época. Entre os equipamentos se destacavam piloto automático com controle no volante e bancos dianteiros com ajuste elétrico, itens que hoje ainda são restritos a carros médios, além dos que já estão presentes até em carros populares como CD Player, ar condicionado e trio elétrico. Uma novidade daqueles tempos era a presença de porta-copos. O porta-malas tinha 635 litros.


O primeiro Explorer tinha 4,68m de comprimento e 1,70m de altura, que lhe dava um porte imponente, principalmente na cidade, onde era mais usado. Ainda sem ser classificado como tal, o Explorer deu início à moda dos crossovers nas ruas brasileiras já na década de 90. 

Em 1995, passou por um face-lift, que deixou a grade dianteira, ainda cromada, e o interior arredondados. Ganhou bancos em couro, airbags frontais de série, bancos extras para crianças e, em 1998, motor V8 5.0 de 218 cavalos. No ano anterior, fora eleito o primeiro utilitário esportivo do ano da revista Autoesporte. A partir de 2000 passou a vir somente na versão Limited, com grade na cor da carroceria. 


A segunda geração da Explorer foi importada entre 2003 e 2006, somente na versão XLT com sete lugares para adultos e motor V6 de 210 cavalos. Estava bem maior que a original, com 4,80 de comprimento por 1,80m de altura. E era equipado com airbags laterais. Em 2008 foi substituído no mercado brasileiro pelo crossover Edge.


Conforto, espaço interno e a superioridade no trânsito eram os pontos fortes do Explorer, que também tinha seus defeitos: consumo médio elevado - na faixa dos 5,5 km/litro na versão V8, a alta desvalorização, o seguro caro e a dificuldade de encontrar peças de reposição. Em 2000, vários casos de estouro espontâneo do pneu provocaram acidentes fatais nos Estados Unidos. A tragédia manchou a imagem do utilitário, provocou um recall mundial e determinou o fim da parceria centenária entre a Ford e a fabricante Firestone.


No mercado de usados, o Explorer está cotado pela FIPE entre R$ 11.939 (modelo 1991, ainda com importação independente) e R$ 45.078 (a segunda geração de 2005). A primeira versão importada oficialmente, de 1994, vale R$ 14.030. 

O Explorer nos Estados Unidos já está na terceira geração com uma plataforma inteiramente nova em monobloco. Talvez por isso, o futuro utilitário derivado da Ranger, que deve se chamar Everest, não poderá reviver esse nome que marcou a primeira exploração da Ford no mercado de utilitários esportivos urbanos de luxo no Brasil.

FICHA TÉCNICA - FORD EXPLORER XLT 1994

Motor: Seis cilindros em V, longitudinal, gasolina, 12 válvulas, 3.958 cm³ 
Potência: 160 cavalos
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,6 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 172,6 km/h (idem)
Consumo: 6 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada (idem)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,68/1,77/1,70/2,84 m
Caçamba: 635 litros
Tanque: 72 litros
Cotação: entre R$ 14.030 e R$ 45.078