Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
Na Coreia do Sul, a Kia pertence à Hyundai. Mas no Brasil as duas marcas são arquirrivais e representadas por empresas diferentes. A Kia pelo grupo Gandini e a Hyundai pela CAOA. Mesmo com plataformas iguais, criam estilos diferentes e uma sempre segue os passos da outra.
A Hyundai lançou o utilitário ix35 em 2010 e poucos meses depois a Kia trouxe o renovado Sportage. Esta lançou o sedã grande Cadenza e a Hyundai reestilizou o Azera. Agora é a vez da Kia reagir e trazer o sedã de médio-grande Optima, que substitui o Magentis e é construído sobre a plataforma do Sonata, importado desde o ano passado.
Enquanto o Sonata tem linhas fluídas e chamativas, com vocação para cupê, o Optima é fiel ao conceito de sedã, com o terceiro volume bem definido. Seu estilo lateral é mais sóbrio. De perfil, a sua identidade está no recorte elevado da parte posterior das janelas, além do friso contornando a caída do teto para o porta-malas, em vez de circundar a área envidraçada. Atrás, as lanternas horizontais, com iluminação em LED, têm formato de asa delta e vão até a lateral, mas nada de inovador. Há um discreto aerofólio na tampa do porta-malas. A frente, com grade em formato de rosnar de tigre, faróis espichados e máscara escura, é característica da marca e do alemão (sempre ele) Peter Schreyer, autor das linhas da carroceria. A agressividade está no para-choque aberto, como se também fosse a boca do tigre. Próximos aos faróis de neblina estão filetes de iluminação diurna em LED. O desenho das rodas de 18 polegadas, que mais parecem de um carro-conceito, dá um toque futurista ao Kia Optima.
O interior aparenta simplicidade, mas é muito bem acabado. Culpa de três detalhes: a pintura bege clara da base do painel, as suas linhas conservadoras - integrado ao quadro de instrumentos e voltado para o motorista (lembra o Chevrolet Monza) - e a ausência de GPS, que será incluído nos próximos meses, ajudando a desvalorizar o carro. Revestimentos de parte das portas e dos bancos também são bege.
Em compensação, o espaço interno é o grande atrativo do Optima. Com 2,79m de distância entre os eixos, o Kia oferece a possibilidade do passageiro do banco de trás até cruzar as pernas (quando o carro estiver estacionado, claro, pois é perigoso). Os joelhos não roçam nas costas do banco da frente e quem vai atrás tem saídas direcionais do ar condicionado. A falta de encosto de cabeça e cinto de segurança de 3 pontos no meio, o ressalto do apoio de braço traseiro e o túnel de transmissão alto é um desestímulo para o quinto passageiro. O porta-malas tem apenas 437 litros, pouco para o porte do Optima.
Entre os equipamentos de conforto e segurança estão ar-condicionado digital dual-zone, direção elétrica, seis airbags, freios ABS com EBD e BAS, controle de tração, controle de estabilidade, bancos de couro, sistema multimídia com entrada para iPod, computador de bordo com controles no volante, regulagem elétrica dos bancos, piloto automático, câmera de ré com projeção de imagens no espelho retrovisor interno, retrovisores externos rebatíveis eletricamente e para-brisa com desembaçador automático. Tudo por R$ 96.900. Com teto solar panorâmico, entrada e partida sem chave e faróis em xenônio, o preço aumenta para R$ 105.900. A garantia é de cinco anos.
O motor da série Theta II, de quatro cilindros, 2.4 16v com coletor das válvulas de admissão variável (CVVT), movido apenas a gasolina. é o mesmo do primo Hyundai Sonata, mas rende dois cavalos a mais: 180 contra 178 cv. A transmissão também é igual: automática de seis marchas com possibilidade de acionamento manual através de alavancas no volante.
Pesando 1.551kg, o sedã acelera de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos. Razoável. Mas a retomada é boa, feita em 7,2 segundos entre 80 e 120 km/h. A frenagem a 120 km/h em 63,7 metros está acima do normal para um veículo com freios ABS e controle de tração. O ruído de 66,2 decibéis a 120 km/h também é um pouco alto para um carro que pretende ser tão confortável. E ainda se destaca negativamente por se ouvir constantemente o barulho de rolagem dos pneus, que incomoda. O consumo não foi divulgado nem pela revista Carro Hoje, fonte de todos esses dados de desempenho, e nem pela Kia. Há ainda o sistema Eco, semelhante ao da Honda, que modera o consumo de combustível reduzindo a potência do ar condicionado.
Além do convencido Hyundai Sonata (R$ 97.250), o Optima vai concorrer com o Chevrolet Malibu 2.4 (R$ 99.900). Honda Accord 2.0 (R$ 99.800) e o Ford Fusion 2.5 (R$ 84.500). Os três últimos chegarão renovados, em breve, ao Brasil.
Da mesma forma que a reestilização dos seus concorrentes pode demorar, o Kia Optima também demorou. Ele era esperado desde o salão do automóvel de São Paulo de 2010, mas atrasou por causa da baixa capacidade de produção na Coreia do Sul e pelo aumento do IPI em setembro do ano passado. Se não fosse por isso teria vindo mais cedo e mais barato.
Pontos Fortes
+ Estilo
+ Acabamento
+ Espaço interno
Pontos Fracos
- Nível de ruído
- Frenagem
- Porta-malas
FICHA TÉCNICA - KIA OPTIMA 2.4 16V
Motor: Quatro cilindros, transversal, gasolina, 2.359 cm³, 16 válvulas
Potência: 180 cv
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,2 segundos (revista Carro Hoje)
Velocidade máxima: 220 km/h (fabricante)
Consumo: não divulgado
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,84/1,83/1,45/2,79m
Porta-malas: 437 litros
Tanque: 70 litros
Preço: R$ 96.900 (básico) e R$ 105.900 (completo)
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