Fazia muito tempo que a Volkswagen não fabricava um carro no Brasil tão rápido em relação à sua apresentação no exterior. Se não estou enganado, desde o antigo Polo, em 2002, nove meses depois de ser apresentado no Salão de Frankfurt do ano anterior.

O Polo volta a ser produzido no país, agora em São Bernardo do Campo, SP, duas gerações depois do que era fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná. E isso em menos de cinco meses depois do texto de apresentação internacional publicado aqui no Guscar. Ao mercado, ele está chegando apenas dois meses depois de começar a ser vendido na Alemanha. Lançamento praticamente simultâneo. 


A plataforma PQ24, usada posteriormente no Fox, no atual Gol e adaptada para o Up!, deu lugar à modular MQB, criada para o Golf e também usada no Passat. No Polo, ganhou o sobrenome A0 e permite a instalação de recursos mais modernos de segurança. Também vai dar origem ao sedã Virtus, ao utilitário T-Cross e, se a economia continuar aquecida, uma picape similar à Fiat Toro. 

O novo Polo brasileiro é praticamente igual ao europeu, que foi inspirado na anterior geração que não tivemos. Mas o estilo não chega a ser estranho para nós. A frente lembra bastante o Golf. Semelhança assumida até no comercial de televisão estrelado por Laila Ali, filha do boxeador Muhammad Ali, que se inspirou no pai, enquanto o Mini Golf (falado claramente no filme) se inspira no hatch médio.



O Polo tem 4,06 metros de comprimento, por 1,75m de largura e 2,57m de distância entre-eixos. Já o Golf mede 4,45m por 1,81m e 2,70m. O último Polo que foi fabricado aqui tinha 3,89m de comprimento, 1,65m e 2,47m. Entre os seus principais concorrentes, o Fiat Argo tem 3,99m, 1,72m e 2,52m. O Hyundai HB20, 3,90m, 1,68m e 2,50m. Por fim, o Chevrolet Onix mede 2,93m, 1,70m e 2,52m.

A diferença é que o para-choque do novo Polo brasileiro tem a parte trapezoidal central maior e protegida por uma grade de plástico preto, em comparação com a versão Beats europeia, de desenho semelhante, mas com uma abertura menor no meio. Nos dois, as extremidades são carenadas. O para-choque do GTI e do R-Line é mais aberto. 



Polo Beats europeu


Polo R-Line europeu

Os faróis do nosso têm o mesmo desenho, mas são mais simples (pra variar). O europeu tem luzes diurnas de LED que envolvem o conjunto. No nacional, o LED só está presente ao lado dos faróis de neblina, no para-choque. Pelo menos, nas versões mais caras, o friso cromado (que aqui se estende até o interior dos faróis) e a régua na cor da carroceria estão lá, assim como os três vincos que atravessam toda a lateral reta com terceira janela de base elevada. Um deles vai até a traseira com aerofólio no alto do vidro levemente verticalizado e atinge as mesmas lanternas do europeu. As nossas não têm luzes de LED. A tampa do porta-malas do brasileiro só abre pela chave ou botão no interior, mas tem um desnível no para-choque para encaixar a mão. No europeu, a abertura pode ser feita pressionando o emblema VW. Aliás, saiu do Polo anterior a inspiração para a traseira deste novo e do atual Gol.



O interior de painel horizontal, com a parte central levemente voltada para o motorista, foi mantido. Mas, no Brasil, o acabamento foi simplificado demais. Não tem nenhum revestimento macio, seja nas partes escuras do painel (como é lá na Europa) ou nas portas. Usada como argumento para justificar um bom acabamento, a montagem não é tão perfeita. Há algumas folgas nas junções. A faixa do painel tem acabamento em plástico (brilhante nas versões com motor TSI), mas nada colorida como no velho continente. É cinza mesmo. O acabamento do Polo brasileiro é pior que o do Up!, que pelo menos tenta passar mais sofisticação.



Um dos atrativos internos do novo Polo europeu, o quadro de instrumentos virtual configurável, veio, mas é opcional e só na versão mais cara, da qual vamos falar mais tarde. O espaço interno é um dos pontos fortes do novo Polo. Pelo menos aqui tem um item que o europeu não possui: a saída de ar condicionado para o banco traseiro. O porta-malas de 300 litros também tem boa capacidade, mas o estepe tem pneus temporários.

O novo Polo chegou ao Brasil com três opções de motores, todos flex, e de acabamento. O 1.0 MPI, o mesmo tricilíndrico do Up!, com 75 cavalos com gasolina e 84 cv com álcool, e o 1.6 MSI, de quatro cilindros e dezesseis válvulas, usado na picape Saveiro, com 110 e 117 cv (potência com álcool reduzida em três cavalos), não têm nome de versões. São simplesmente Polo.



O 1.0 TSI, turbo de três cilindros, é que foi dividido em duas versões: Comfortline e Highline. Aliás, o motor foi rebatizado como 200 TSI. O número não representa a potência (que é de 116 e 128 cv), mas o torque em Newton-metro (Nm). Em kgfm é 20,4 com os dois combustíveis. O TSI só utiliza o câmbio automático (de verdade, com conversor de torque, o chamado Tiptronic) de seis marchas. Já o 1.0 aspirado e o 1.6 apenas o manual de cinco velocidades.



Duas novidades mecânicas para o segmento de compactos são exclusivos das versões com motor TSI: sistema de frenagem pós-colisão e limpeza automática dos freios, que são a disco nas quatro rodas somente no motor mais potente. Estes recursos fazem parte do controle eletrônico de estabilidade, que também inclui o verdadeiro controle eletrônico de tração, assistente de partida em rampa e o bloqueio eletrônico de diferencial. Estes quatro últimos itens são opcionais (pacote Safety, por R$ 1.050) nos motores 1.0 e 1.6 aspirados, que possuem, de série, um controle mais simples de tração associado aos freios ABS, que são de série por lei.



O Polo 1.0 MPI custa R$ 50.440 e já traz de série ar condicionado, direção elétrica, vidros e travas elétricos, airbags laterais, ISOFIX, computador de bordo comum, rádio, MP3 Player, leitor de cartão de memória e entradas USB e auxiliar, chave canivete com controle remoto, banco do motorista com regulagem de altura, para-sóis iluminados e suporte para smartphone no alto do painel.


O pacote Safety também inclui o computador de bordo I-System, que é mais sofisticado. Com rodas de liga-leve de 15 polegadas, sistema multimídia Composition Touch, de tela monocromática e espelhável apenas com Android, e volante multifuncional o conjunto de opcionais se transforma no Connect Pack e o preço aumenta para R$ 2.600. O 1.6 MSI tem os mesmos equipamentos de série e pacotes, mas custa R$ 54.990.



O 200 TSI mais barato é o Comfortline, que custa R$ 65.190 e tem de série os itens do Polo básico mais coluna de direção ajustável em altura e profundidade, retrovisores elétricos, bancos com padronagem exclusiva, interior em cor preto Titan, painel em Cinza Paladium, descansa-braço entre os bancos dianteiros com porta-objetos, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 15 polegadas, controle de estabilidade (ESC), assistente de partida em rampa (HHC), assistente de frenagem de emergência (HBA), bloqueio eletrônico do diferencial (EDS), bloqueio eletrônico do diferencial com atuação do ESC (XDS+), limpeza dos discos de freio (BSW) e controle de momento de giro das rodas (GMA).




A lista de opcionais é extensa. O pacote Tech I custa R$ 2.200 e tem entrada sem chave e botão para partída do motor, sensores de estacionamento dianteiros e traseiro, controle automático de velocidade (piloto automático), espelho retrovisor interno antiofuscante automático (eletrocrômico), farol com ajuste automático de intensidade e função coming/leaving home, rodas de liga-leve de 16 polegadas, sensores de chuva e crepuscular e volante multifuncional em couro com borboletas no volante. O Tech II sai por R$ 3.500 e adiciona ao primeiro nivelamento do assoalho do porta-malas (com rede), ar condicionado digital, controle de pressão dos pneus, câmera de ré, detector de fadiga e porta-luvas iluminado e refrigerado.



No Highline, que custa R$ 69.190, o ar condicionado digital, porta-luvas refrigerado, as rodas de liga de 16 polegadas, piloto automático, luzes diurnas de LED e o sistema de entrada e partida sem chave passam a ser de série. O acabamento no painel é em cinza tungstênio e com detalhes em preto brilhante. 



Sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, monitoramento de pressão dos pneus (RKA+), variador de altura do assoalho do porta-malas, antena estilizada, câmera de ré e sensor de fadiga continuam opcionais, agora acrescidos do Discover Media com navegador GPS (com tela colorida e USB, SD, Bluetooth, Android Auto, Car Play, MirrorLink), faróis com facho automático e temporizador, frenagem pós-colisão (Post Collision Brake), sensores de chuva e crepuscular e rede no bagageiro no pacote Technology Pack, por R$ 2.800. O badalado quadro de instrumentos virtual eletrônico (Active Info Display) é o único adicionado no pacote Tech High, que sobe para R$ 3.300. 



Também são opcionais para o Highline o revestimento em couro sintético dos bancos e das portas (R$ 800), as rodas de liga-leve de 17 polegadas (R$ 1.200) e o encosto rebatível do banco dianteiro do carona (R$ 300).

Completo, o Polo 200 TSI Highline custa R$ 76.240, com a pintura metálica incluída. As cores oferecidas com esse tipo de tinta são a Azul Night, Cinza Platinum e Prata Sirius e Tungstênio. E cadê aquela vibrante cor amarela do modelo divulgado por alguns veículos de comunicação? Foi só para apresentar à imprensa. Pelo menos no comercial de TV, a Volkswagen teve o bom senso de usar o modelo na cor prata. 



A única cor sólida sem custo é a Preto Ninja. A Vermelho Tornado e a Branco Cristal custam R$ 450. Um grande abuso de poder econômico. O Polo completo só não chega a ser um abuso também porque o Fiat Argo HGT completo (R$ 86.000) consegue ser mais caro. 

Segundo a revista Quatro Rodas, o Polo TSI acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos, retoma entre 80 e 120 km/h em 7,4 segundos e tem um consumo de 12,1 km/l de gasolina na cidade e 16 km/l na estrada. A frenagem a 80 km/h é de 27,7 metros e o ruído na mesma velocidade é de 61,7 decibéis. Em todas estas provas, ele supera seus concorrentes Hyundai HB20 Premium 1.6, Fiat Argo 1.8 e Chevrolet Onix 1.4, embora tenha tido empates no consumo com os dois últimos, respectivamente na cidade e na estrada.  

No Polo 1.6, os números são de 12,4 segundos, 18,8 segundos, 12,8 km/l na cidade e 17,2 km/l na estrada e 28,9 metros a 80 km/h. A Quatro Rodas não está mais divulgando dados de ruído na maioria dos seus testes. Com este motor, o Polo já não é o melhor hatch compacto. Fica atrás do Hyundai em desempenho, do Argo em consumo e dos dois na frenagem. Pelo menos, ficou na frente do Onix. 


Se o acabamento interno não fosse tão simplificado e a versão de topo não tivesse tantos opcionais eu diria que o renascido Polo seria um carro perfeito, mas o motor TSI e a plataforma mais moderna ainda lhe dão o status de melhor hatch compacto premium vendido no país. Agora quero ver a Fiat e o Lázaro Ramos incluirem o novo Volkswagen no Desafio Argo. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS