TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


Enquanto os brasileiros estão subindo num Renault Duster, projeto velho e barato da romena Dacia, os europeus, asiáticos e até africanos vão subir num Renault maior e mais caprichado: o novo Kadjar, a ser apresentado ao público no Salão de Genebra, que começa na próxima semana.

Baseado na plataforma da segunda geração do Nissan Qashqai (também inexistente por aqui), o utilitário esportivo médio da marca francesa tem 4,45m de comprimento. O Kadjar não vai substituir o Koleos, utilitário de mesmo porte projetado pela sul-coreana Samsung e que deve ser reposicionado em sua nova geração. 



A frente do Kadjar é parecida com a do moderno SUV compacto Captur (que, provavelmente, subiu no telhado para nós) e de vários outros modelos da Renault: tem faróis com luzes diurnas de LED, alinhados à grade em formato de sorriso, e o losango destacado. Uma identidade visual que começou no conceito DeZir. Na lateral, o Kadjar é recheado de vincos pronunciados e ondulados. A base das janelas é ondulada ascendente em direção à traseira. Mas a caída do teto é reta. A tampa do porta-malas também tem vincos acentuados na altura das lanternas horizontais (também em LED) e do para-choque. O vidro traseiro tem cantos arredondados.


No interior há a combinação de bom acabamento, conforto e simplicidade do desenho do painel. As saídas centrais de ar, com difusores horizontais e retangulares, e o gabinete central são destacados e parecem flutuar sobre o tablier. O quadro de instrumentos é digital, como no Fluence. O Kadjar terá cinco lugares e o porta-malas tem a capacidade de 472 litros.


Não foram divulgados muitos detalhes técnicos, mas o Kadjar terá versões com tração dianteira ou integral com modos automático, lock (bloqueio de diferencial) e 4x2. Provavelmente, terá os propulsores 1.2 TCe de 130 cv e 1.6 TCe com até 200 cv, assim como os diesel 1.5 dCi de 115 cv e 1.6 dCi 160 cv. A transmissão de dupla embreagem também deve fazer parte do pacote.

As primeiras fotos do Kadjar foram apresentadas em um momento delicado na França, poucos dias depois dos atentados terroristas no jornal debochado Charles Hebdo, no mercado judeu e em uma fábrica.

Por isso, a Renault correu para explicar que o nome árabe (escolhido antes dos atentados) vem da junção fonética das palavras "quad" e "jar". A primeira se refere ao apelido dos 4x4 na França e a segunda semelhante a ágil. Difícil de entender, né?


O mais lógico mesmo é que a marca francesa escolheu um nome de pronúncia fácil para os mercados do oriente que pretende conquistar. Na China, por exemplo, o Kadjar será o primeiro Renault fabricado por lá. 

Apesar do nome de todo o terreno, o Kadjar está mais para um utilitário urbano de luxo do que um legítimo aventureiro. O seu ângulo de entrada em terrenos íngremes é baixo: apenas 18º. O de saída é de 25º. Para a sua real proposta, a de oferecer conforto, o Kadjar ganhou a segunda geração do sistema multimída RLink, freio de estacionamento eletrônico, botão de partida e abertura por cartão, teto solar panorâmico e controle de tração.

Enquanto isso, no Brasil, a Renault vem caindo cada vez mais no meu conceito. E nem a Giovana Antonnelli vai me fazer subir num carro da marca que não seja o sedã Fluence.