Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


A chinesa JAC Motors deu mais dois passos para criar raízes no Brasil. Primeiro lançou a pedra fundamental da sua fábrica em Camaçari, na Bahia, que vai produzir o substituto do hatch médio-compacto J3. A cerimônia incluiu até a "plantação" do primeiro exemplar importado deste modelo, junto com outros objetos atuais, para servir de cápsula do tempo no futuro, pois ele será desenterrado em 2032.

O outro passo foi o lançamento do J2, que já está à venda por R$ 30.990 e terá um desafio a mais: tentar fazer o brasileiro a gostar de carros subcompactos (ele tem apenas 3,53m de comprimento) e de desenho diferente. Para isso, a importadora fez diversas adaptações para o modelo convencer por aqui.



O novo JAC tem carroceria alta, quase monovolume, mas com a traseira cortada abruptamente, ficando bem reta. As lanternas são ovais e prolongadas até a coluna. A empena cega desta, ao lado das janelas em arco em cima e ascendentes em baixo, é preenchida com aplique preto, poluindo a lateral. A frente, a parte mais atraente do J2, é curta, com faróis também ovalados, grade horizontal e, acima desta, o emblema da marca em alto relevo. Este face-lift foi criado exclusivamente para o Brasil. Na China, a grade é bem menor, praticamente uma boquinha (foto abaixo).



O interior também ganhou mudanças. Melhorou em acabamento, mas ainda tem plásticos duros e ásperos. O painel de linhas minimalistas - formadas pelo quadro de instrumentos preso à coluna de direção e o console central totalmente circular - foi pintado de preto antes de embarcar para cá. O erro do grafismo foi colocar pontos vermelhos em cada velocidade do velocímetro. Assim, o ponteiro se confunde com os pontinhos e a leitura fica difícil. E piora quando se ajusta o volante, pois o quadro de instrumentos desce ou sobe junto. O conta-giros também é minúsculo.


Por causa da distância entre-eixos de 2,39m. o espaço interno é apertadinho e só acomoda bem duas pessoas. O porta-malas de apenas 121 litros é na verdade um porta-bolsa. 

Para conquistar no custo-benefício, o J2 vem equipado de série com ar-condicionado, direção elétrica, rodas de liga leve de 14 polegadas, faróis de neblina, espelhos, travas e vidros elétricos, airbag duplo, freios com ABS e EBD, sensor de estacionamento traseiro, sistema de som moderno com entrada USB, abertura interna do tanque de combustível e alarme. 

Mas faltaram o computador de bordo, regulagem de profundidade do volante, ajuste de altura dos bancos e dos cintos de segurança dianteiros, limpador do vidro traseiro e protetor de cárter. 


Também houve mudanças na motorização. O 1.0 de três cilindros e 66 cavalos do mercado chinês foi substituído pelo já nosso conhecido 1.3 VVT de 108 cavalos, que a JAC chama de 1.4. É o mesmo usado no J3. Pena que ainda não é flex. O câmbio é manual de cinco marchas.

No entanto, o motor foi uma boa escolha, pois ele se sai bem em aceleração e consumo. Só a retomada que é lenta. De acordo com a revista Quatro Rodas, o J2 chega aos 100 km/h em 12,6 segundos, pula dos 80 aos 120 km/h em 29,1 seg., além de fazer média de 11,9 km/litro de gasolina na cidade e 15,2 km/l na estrada.  


A frenagem e o isolamento acústico também são muito bons. Ele para a 80 km/h em 28,3 metros e só perde para o Toyota Etios. Na mesma velocidade, o decibelímetro da publicação da Editora Abril registra 59,7 decibéis. 


Além do bom motor, o J2 tem um bom custo-benefício. Bem equipado, ele é apenas um pouco mais caro que o Fiat Uno 1.0 Vivace completo (R$ 30.961), mas é bem mais barato que este mesmo concorrente com motor 1.4 e outros nacionais como Palio, Gol, Onix HB20, Etios e Peugeot 207 completos. Custa menos até que o conterrâneo que é mais parecido com ele: o Chery S18. Mas a JAC não quer brigar só com o chinês. Ela quer incomodar os nacionais. 

Durabilidade ela já tem: o J3 desmontado após 60 mil km foi elogiado pela Quatro Rodas. Só falta se sair bem no próximo crash-test da Latin NCAP, pois o mesmo J3, com airbags frontais, só conseguiu uma estrela para motorista e passageiro. 



Pontos Fortes

+ Preço
+ Equipamentos de série
+ Motor
+ Desempenho
+ Consumo
+ Frenagem 
+ Ruído 

Pontos Fracos

- Espaço interno
- Porta-malas 
- Leitura dos instrumentos
- Imagem arranhada da JAC no crash-test do J3

FICHA TÉCNICA - JAC J2 1.4

Motor: Quatro cilindros, transversal, 16 válvulas, VVT, gasolina, 1.332 cm³
Potência: 108 cavalos
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,6 segundos (revista Quatro Rodas) 
Velocidade máxima: 187 km/h
Consumo: 13,9 km/l na cidade e 15,2 km/l (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 3,53/1,64/1,47/2,39 m
Porta-malas: 121 litros
Tanque: 35 litros
Preço: R$ 30.990