Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Os europeus já têm o luxuoso DS5 e aguardam o DS9, em preparação. Os argentinos já podem comprar o médio DS4. Mas o Brasil somente agora conhece o compacto DS3, lançado esta semana e que está chegando ao mercado por R$ 79.900.

A linha DS foi criada em 2009, como uma opção mais sofisticada e esportiva dos modelos da Citroën. Ao mesmo tempo que as letras significam Dinamic Style, a marca francesa quis homenagear o saudoso DS, sedã de luxo produzido entre 1955 e 1975, que tinha linhas tão avançadas que ainda hoje são consideradas atuais e expostas até em galerias de arte. O DS original também ficou famoso pela suspensão hidropneumática.


O DS3 é o primeiro modelo da nova série de estilo dinâmico. Baseado na nova geração do hatch compacto C3, que vai chegar ao país no final do ano (mas a plataforma já é usada nos C3 Picasso e Aircross fabricados no Rio), fez a sua estreia como carro-conceito - com o nome de DS Inside - no Salão de Genebra daquele ano. 

Com 3,95m de comprimento, a sua marca registrada está na coluna flutuante na cor do carro. Na verdade, ela termina antes do teto e é bem inclinada, lembrando uma barbatana de tubarão. A linha de cintura lateral é contínua e a da tampa do porta-malas sobe levemente. Isso dá a impressão de que o DS3, que tem apenas duas portas, é uma picapezinha fechada e com vidros escurecidos. O toque de esportividade está na caixa das rodas volumosa e na grade agressiva em formato de boca. As lanternas quadradas de cantos arredondados e prolongamento lateral curto com luzes de LED, os grande faróis que se afunilam, os filetes verticais de LEDs para iluminação diurna cravados no para-choque dianteiro e as rodas de 17 polegadas completam o visual do DS3.



O interior é aconchegante, com acabamento de primeira qualidade, aromatizador, volante de três raios e base achatada, bancos com forte apoio lateral e painel de saídas de ar horizontais e máscara de plástico brilhante em toda a sua extensão. Mas o quadro de instrumentos e o console inferior lembram os utilitários da linha C3 já à venda no Brasil. E faltou o GPS integrado. O espaço interno na frente é ótimo. Só que atrás é apertado e somente duas pessoas de estatura baixa vão bem acomodadas. O porta-malas tem 280 litros. Está até de bom tamanho, já que o DS3 é um carro esportivo e não familiar. A sua distância entre-eixos é de 2,46m.


O capô (acima do duplo chevron) e o volante abrigam o logotipo exclusivo da linha DS, um S estilizado num retângulo vertical. No centro da traseira está a assinatura do modelo, com o S sem moldura, cercado por um triângulo deitado que representa o D e o número 3 bem pequeno.

Para fazer jus à sua proposta esportiva, o DS3 ganhou o motor 1.6 THP, com turbocompressor e injeção direta, que faz a sua estreia num Citroën do mercado brasileiro. O propulsor é o mesmo usado no sedã 408, no crossover 3008 e no cupê RCZ, todos da Peugeot. Também rende 165 cavalos, como os conterrâneos franceses. Curiosamente, foi desenvolvido em parceria com a BMW para equipar, justamente, o Mini Cooper, o 'muso' inspirador e potencial concorrente do Citroën. Só faltou o câmbio automatizado de dupla embreagem do 408. Veio somente com a transmissão manual de 6 velocidades. A sua tração é dianteira. A suspensão contraria o DS homenageado e não é hidropneumática. 

Velocidade máxima de 219 km/h, aceleração de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos e retomada entre 80 e 120 km/h em 8,3 segundos combinam com a potência do motor. E o consumo de 11,4 km/litro na cidade e 16,9 km/l na estrada reforça o conceito de downsizing instituído pelas marcas: motor de baixa cilindrada para  economia de combustível e turbocompressor para aumentar o desempenho. Mas o turbo cobrou o seu preço no nível de ruído de 67 decibéis a 120 km/h. Mesmo com freios ABS com distribuidor eletrônico de frenagem e assistente de frenagem de urgência, o DS3 ficou acima dos concorrentes Audi A1 e Mini Cooper. Para em 60 metros a 120 km/h, enquanto os rivais se imobilizam na faixa dos 55 metros. Todos os números deste parágrafo, com exceção da velocidade (do fabricante) são da revista Quatro Rodas.


O Citroën DS3 chega ao país importado da fábrica francesa de Poissy, em versão única, equipado com ar-condicionado automático (de uma zona apenas, o que já é suficiente), direção elétrica, trio elétrico, seis airbags (frontais. laterais frontais e de cortina), controles de estabilidade (ESP) e tração, faróis com acionamento automático, faróis de neblina, sistema Isofix de fixação de cadeirinhas de crianças, para-brisa com isolamento acústico, computador de bordo, rádio/CD/MP3 com comando na coluna de direção, Bluetooth, sensores de chuva e de estacionamento, piloto automático e retrovisor interno fotocrômico. Tudo isso por R$ 79.900. O único opcional é o revestimento dos bancos em couro, que custa R$ 2.900.

Assim como os seus já mencionados rivais, o DS3 também se destaca pela ampla quantidade de detalhes externos e internos personalizados. Além das oito cores disponíveis (as sólidas branca, vermelha e amarela, mais as metalizadas preta, prata, cinza, azul e vermelha), o comprador pode escolher a cor das rodas (pretas ou brancas, com microcalotas branca, preta, amarela e vermelha), máscara do painel (preta, carbono, branca, amarela ou vermelha), manopla da alavanca de câmbio (preta, branca, amarela e vermelha) e adesivos na carroceria e no teto, exclusivamente preto, por enquanto. Somente no ano que vem que ele terá a opção de branco, como no Mini Cooper. O teto de vidro também é inexistente, inclusive na Europa, pois ainda não foi projetado. Talvez numa futura reestilização.  

Tanto no Brasil quanto na Europa, o DS3 é um compacto premium chic, de estilo e requinte diferenciados. Mas lá, a concorrência é maior e o segmento levado mais a sério. A Citroën até já o escalou para disputar o Mundial de Rali. Em nosso país, ele será um substituto espiritual do finado cupê C4 VTR e, como ele, apenas um carro de imagem. Imagem que se revelou muito boa no desempenho, consumo e preço. A1, Cooper, 500, Veloster e o futuro Beetle que se cuidem. Que venham logo o DS4 e o DS5.



Pontos Fortes

+ Estilo
+ Acabamento
+ Motor
+ Desempenho
+ Consumo
+ Preço menor que os concorrentes

Pontos Fracos 

- Frenagem
- Ruído alto
- Espaço interno
- Falta de GPS

FICHA TÉCNICA - CITROËN DS3 1.6 THP

Motor: Quatro cilindros em linha, transversal, turbo, injeção direta de gasolina, 1.598 cm³, 16 válvulas
Potência: 165 cv 
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,6 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 219 km/h
Consumo: 11,4 km/l na cidade e 16,9 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 3,95/1,71/1,48/2,46m
Porta-malas: 280 litros/980 litros com os bancos rebatidos
Tanque:50 litros
Preço: R$ 79.900