Embora a primeira geração já tivesse porte semelhante, o Kia Cerato sempre pareceu compacto perto de Honda Civic e Toyota Corolla. Principalmente na motorização. O sedã sul-coreano já teve motor 2.0, mas acabou perdendo por causa do baixo volume de vendas. Assim, ficou com o seu 1.6 na faixa de 120 cavalos, enquanto os rivais japoneses já tinham 1.8 ou 2.0 de 140 cv.

A quarta geração, que chegou recentemente ao Brasil, em único motor 2.0 flex 16v e duas versões de equipamento, enfim, traz porte e motorização condizentes com a concorrência, que inclui também o Chevrolet Cruze, que só tem opção de turbo. O comprimento pulou de 4,56m para 4,64m (o mesmo do Civic, 1cm a mais que o Corolla, porém, 2cm abaixo do Cruze) e a distância entre-eixos se manteve nos 2,70m, igual aos três. Importado do México, livre de imposto de importação e cotas, o Cerato agora parece ter condições iguais de brigar pela liderança do mercado de sedãs médios.


Estilo
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Além de porte, o Kia Cerato ganhou elegância com a caída do teto suave e a grade boca de tigre integrada ao desenho frontal. O novo estilo faz lembrar o cupê de quatro portas esportivo de luxo Stinger. Na traseira, as luzes de neblina e freio são separadas das lanternas e ficam no para-choque, podendo ser facilmente danificadas em caso de uma leve colisão. 




Acabamento
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O painel, de desenho horizontal, com a tela multimídia flutuante, tem bom acabamento, com material macio na parte superior. Nas portas, o soft touch está presente em boa parte delas, mas apenas nas dianteiras. Nas traseiras, são revestidas de plástico duro, o que lhe tirou uma estrela. O quadro de instrumentos ainda é físico, mas a tela entre eles é colorida. Entretanto, poderia ser totalmente eletrônico.




Espaço interno
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O espaço interno no banco traseiro é bom, mas pessoas mais altas ficam um pouco apertadas.




Porta-malas
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Com 520 litros, é o maior do segmento, embora supere o Civic (519) por apenas um litro, enquanto Corolla e Cruze têm porta-malas na faixa dos 400 litros. Já o Volkswagen Jetta tem 510 litros. O único problema é a haste pescoço de ganso, que amassa a bagagem. 




Motor e Câmbio 
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Flex e 2.0 litros de cilindrada, o mesmo do utilitário Sportage, o motor Nu-II do Cerato comprova a nova competitividade contra o Civic e também contra o Cruze, após sofrer com o 1.6 de 128 cavalos na geração anterior. Agora rende 157 cavalos com gasolina e 167 cv com álcool, superior ao 2.0 do Honda e ao 1.4 Turbo do Chevrolet. Porém, ainda está atrás do 2.0 Dynamic Force do Corolla, que tem 169 e 177 cv. O câmbio é automático de seis marchas, igual a Cruze e Volkswagen Jetta, mas Civic e Corolla têm CVT. 




Desempenho
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Se na potência, o Cerato perde apenas para o Corolla, no desempenho, ele fica atrás também do Cruze (o mais rápido). O Kia vence o Civic apenas por décimos. Segundo a revista Quatro Rodas, o sul-coreano acelera de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 6,9 segundos.


Consumo
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O consumo de 16,3 km/litro do Cerato na estrada, melhor que o Corolla e o Civic, até que foi bom. O problema foi a média na cidade, de 10 km/l. Com isso, a soma dos percursos foi de apenas 26,3 km/l e o Kia acabou ficando para trás, pois o Toyota anda acima dos 27 km/l e Honda e Chevrolet Cruze chegaram aos 28 km/l. Os números também são da Quatro Rodas.




Frenagem
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A 80 km/h, o Cerato para em 25,8 metros. Fica na faixa de Civic e Cruze, mas perde para eles por décimos. A 120 km/h ele freia em 57,7 metros e também fica atrás dos concorrentes. O Corolla sobra na frenagem. Números da Quatro Rodas. 




Equipamentos de série 
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O novo Kia Cerato chegou ao Brasil em duas versões de equipamentos: EX, que traz abertura interna do porta-malas e da tampa de combustível, ar condicionado manual com saída para o banco traseiro, banco do motorista com ajuste manual, bancos revestidos em tecido, travamento e abertura das portas e acionamento do alarme por controle remoto, trio elétrico (espelhos sem rebatimento elétrico), rodas de liga-leve de 16 polegadas, luzes diurnas de LED, acendimento automático dos faróis, seis airbags, assistente de partida em rampas, controles de tração e estabilidade, sistema multimídia com tela de 8 polegadas com espelhamento para celulares Android e Apple, Bluetooth, câmera de ré, sensor de monitoramento de pressão dos pneus, modos de condução Economy e Comfort e encaixe Isofix para cadeirinhas infantis. 



A SX adiciona ar condicionado digital de duas zonas, bancos dianteiros aquecíveis, bancos em couro, entrada e partida sem chave, borboletas no volante para mudanças manuais de marcha, para-sol com iluminação, pedais e descanso para o pé esquerdo em aço escovado, rebatimento elétrico dos retrovisores externos com setas integradas e sistema anti-embaçamento, lanternas traseiras em LED, retrovisor interno eletrocrômico, modo de condução Smart e imobilizador de condução. 

O Kia Cerato tem bons equipamentos nas duas versões, mas na mais completa fica devendo bancos elétricos, alerta de ponto cego, sensor de chuva, carregador sem fio, wifi, teto solar e rodas de 17 polegadas, itens presentes nas versões top dos principais concorrentes (não exatamente todos). Isso, sem citar os itens semiautônomos como estacionamento automático, alerta de mudança de faixa e frenagem automática em risco de colisão, presentes no Cruze e no Corolla. 




Preço 
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A básica EX custa R$ 94.990 e a SX, R$ 104.990. É mais barato que os três concorrentes frequentemente citados aqui na avaliação e mais o Volkswagen Jetta. Só não ganha cinco estrelas porque a Kia economizou bastante nos equipamentos para baixar o preço. 


Conclusão 
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Elegante, bem acabado e com amplo porta-malas, o Kia Cerato pode ter crescido no tamanho e adotado um motor mais potente para enfrentar os concorrentes, mas em desempenho, consumo, frenagem e, principalmente, equipamentos de série ele deixa a desejar. Continua com a sensação de timidez em relação a eles. 



TEXTO: GUSTAVO DO CARMO 
FOTOS: DIVULGAÇÃO 
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS