Uma evolução do conceito Vision A93, apresentado no Salão de Genebra de 1993, o Mercedes-Benz Classe A foi lançado em 1997 para ser o primeiro automóvel da marca alemã acessível a classe média. Até então a Mercedes era muito associada a sedãs e cupês de luxo, vans comerciais e caminhões, Na época, ela tinha acabado de lançar o SUV Classe ML (hoje GLE). E também fabricava o jipe Classe G, ambos de luxo. 


Mercedes Vision A93 - 1993




Primeira geração (1997-2004 - No Brasil de 1999 a 2005)


A primeira geração do Mercedes Classe A tinha carroceria de monovolume, uma moda europeia na época, representada por modelos como Renault Espace, Volkswagen Sharan, Ford Galaxy, Fiat Ulysse, Peugeot 806... 

No entanto, o Classe A foi posicionado mais abaixo e já tinha um forte concorrente, o Renault Scénic, derivado do Mégane, um modelo do segmento médio. Criou-se mais um segmento no mercado automotivo, que teve continuidade com o Opel Zafira, Citroën Picasso e o feioso Fiat Multipla.




Sua arquitetura era inovadora, com chassi, motor, câmbio, bateria, suspensão traseira, tanque de combustível e escape empilhados como um sanduíche e com o deslocamento do motor (inclinado a 59 graus) para baixo em caso de colisão. O Baby Benz, como foi apelidado, tinha 3,58m de comprimento, por 1,72m de largura e 1,60m de altura. A distância entre-eixos era de 2,42m. O porta-malas tinha capacidade mínima de 350 litros, mas podia chegar a até 1.700 litros. 


O Classe A também chegou ao Brasil, fabricado em Juiz de Fora, MG, fazendo dele o primeiro Mercedes de passeio produzido em nosso país. Dos seus concorrentes só o Scénic, o Zafira (pela Chevrolet) e o Picasso (fabricado no estado do Rio de Janeiro) vieram para cá. 

Só que antes de vir, o Classe A enfrentou muita polêmica ao capotar, em 1997, no chamado "Teste do Alce", promovido por uma revista sueca, que consistia em fazer uma manobra brusca de desvio ao avistar um alce imaginário. Esses animais são muito comuns na Suécia.


Os modelos tiveram que ser recolhidos e o Classe A só pôde começar a ser vendido na Europa em 1998, equipado, de série, com controles eletrônicos de tração e estabilidade. Estes equipamentos também chegaram ao Brasil, no ano seguinte, fazendo do Mercedes o primeiro carro nacional dotado desses itens. O câmbio com embreagem automática, que dispensava o pedal do mecanismo, seria outra novidade para nós se a Fiat não tivesse lançado o Palio Citymatic ao mesmo tempo. A transmissão não pegou em ambos por causa do alto custo de manutenção.



No Brasil, o Classe A foi lançado apenas na versão A160. Naquela época, a nomenclatura identificava a cilindrada e, assim, tinha motor 1.6 de oito válvulas, inicialmente com 99 cv. Havia dois pacotes de equipamento, chamados Classic e Elegance. Somente no ano 2000 chegou o A190, com motor 1.9 de 125 cv, e, em 2003, a versão luxuosa Avantgarde, com câmbio automático de cinco marchas. O A160 passou para 102 cv. Na Europa, ainda havia o A140, com motor 1.4, e posteriormente A210 Evolution (2.1, preparado pela AMG), além de motores a diesel (primeiramente A160 CDI e depois, A170 CDI) e uma versão de carroceria longa de 3,77m de comprimento. 


Apesar de prático e espaçoso, o Classe A tinha um estilo estranho para os brasileiros, como o final do vidro lateral traseiro elevado demais, além do acabamento interno abaixo dos padrões da Mercedes. Já custava mais de 30 mil reais na época (os concorrentes estavam na faixa de R$ 25 mil). Com o aumento do dólar em 1999, as peças importadas foram ficando muito caras e o monovolume difícil de manter. A fábrica de Juiz de Fora ficou ociosa. Assim, em agosto de 2005, o Classe A deixou de ser fabricado no Brasil após mais de 63 mil unidades. Depois de produzir o Classe C e o fastback de duas portas derivado deste (o CLC), a unidade mineira passou a fabricar caminhões. 

Face-lift 2001



Segunda geração (2004-2012)


A segunda geração, lançada em 2004, passou a ser importada, de 2006 a 2010, com motor 2.0 de 136 cavalos e câmbio CVT (A200 Elegance). Custava R$ 130 mil. Com esse preço, não teve saída. Na Europa houve uma versão de duas portas. O Classe B substituiu a versão longa.




Na segunda geração, o Mercedes Classe A passou a medir 3,84m de comprimento, 1,76m de largura, mantendo a altura de 1,60m. A distância entre-eixos aumentou para 2,57m e a capacidade do porta-malas para 435 litros. Na mecânica a novidade era o câmbio CVT e o motor 2.0 turbo (193 cv) ou aspirado. Foi com este último e o câmbio CVT que a segunda geração foi importada pelo Brasil. Entraram na lista de equipamentos novidades como airbags laterais, pré-tensionadores nos cintos, sistema multimídia e GPS. 

Terceira geração (2012-2017 - No Brasil a partir de 2013)


 O Mercedes Classe A só renasceu no Brasil em 2013 (na Europa em 2012), quando se transformou em um atraente hatchback esportivo de 4,29m de comprimento e 2,70m de entre-eixos, claramente posicionado no segmento premium, para concorrer diretamente com os rivais alemães Audi A3 e BMW Série 1, além do sueco Volvo V40. 

Aqui, ele chegou apenas com motor 1.6 turbo de injeção direta de 156 cv e câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas. Começou vendido nas versões A200 Style e Urban, custando mais de 100 mil reais. Na lista de equipamentos estavam faróis de duplo xenônio com LEDs. airbags laterais para motorista e passageiro, de joelhos para o motorista e de janelas, direção elétrica progressiva que filtra as irregularidades do piso, ECO start/stop, piloto automático e limitador de velocidade, sensor de chuva, volante multifuncional com borboletas para troca de marcha, assistente de partida em subida, Attention Assist (sensor de reconhecimento de fadiga do condutor) e sistema de som Audio 20 (com central tela TFT de quase seis polegadas, tocador de CD e conexões USB, auxiliar e Bluetooth). Depois chegaram as versões A250 com motor 2.0 turbo de 211 cavalos e a esportiva A45 AMG de 360 cv. O motor 1.6 passou a ser Flex. 




O Classe A vendido na Europa ainda tinha sistema de alarme de colisão por radar, controlador de distância do tráfego à frente, alerta de evasão da faixa de rolamento, Pre-Safe (que tensiona os cintos de segurança, fecha os vidros e o teto solar e ajusta os bancos quando se pressente um acidente) e  Google Street View no sistema multimídia. 

Em 2016 foi lançado um face-lift que deu uma grade mais tridimensional, além de novos equipamentos como tela multimídia maior e espelhável com Android e Apple. O A45 passou a render 381 cavalos. 


A terceira geração do Classe A, construída sobre a nova plataforma modular MFA, deu origem ao cupê de quatro portas CLA e o utilitário esportivo GLA, estes posteriormente fabricados em Iracemápolis, interior de São Paulo, além da segunda geração do Classe B. 





Quarta geração (2018 - No Brasil em 2019)


No início de 2018, o Classe A chega a sua segunda geração como hatch, mantendo o estilo, mas atualizando contornos e conteúdo, com direito a muitos equipamentos semi-autônomos. O interior, mesmo, abusa da conectividade, com dois tablets sobre o painel, um deles fazendo o papel de quadro de instrumentos. Mais detalhes aqui

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 
Publicado em 06 de fevereiro de 2018