Peço perdão pelo chavão para dizer: demorou, mas chegou! O novo Honda CR-V, que era esperado para o final do ano passado, enfim já está nas concessionárias brasileiras, vendido apenas na versão Touring, com motor 1.5 Turbo, por R$ 179.900.

Embora seja de uma nova geração (a quinta) e tenha crescido em todas as dimensões (comprimento de 4,53 para 4,59m, largura de 1,82 para 1,85m, altura de 1,65 para 1,69m e distância entre-eixos de 2,62 para 2,66m), o estilo não mudou radicalmente.


As linhas foram inspiradas na geração anterior depois do face-lift. A frente ganhou capô mais proeminente, além de faróis em LED integrados aos frisos cromados, dentro do padrão dos últimos lançamentos da Honda, como o Civic e a atualização estética do City.  Na parte de baixo, a  grade ficou com um espaço livre e ganhou aletas que abrem e fecham de acordo com a velocidade, para melhorar a aerodinâmica. A lateral ficou mais musculosa, com vincos modificados e janelas laterais com caída mais reta formando uma ponta mais acentuada em direção à coluna traseira, onde se localiza parte  das lanternas, que também são de LED e se estendem, de forma saliente pela lateral e a tampa do porta-malas, unidas por um largo friso cromado.


O interior está mais refinado, com material macio sobre o detalhe em imitação de madeira. O painel está com desenho mais simples e abandona a segunda tela no vão que ficava na parte superior. A tela multimídia agora é uma só, lembrando um tablet de 7 polegadas colado no centro do painel. Os comandos do ar condicionado mantém os botões da geração anterior, mas não evita o touch de modelos como o City e o HR-V porque também pode ser operado na tela multimídia. A alavanca de câmbio em um console elevado é uma tradição no Honda CR-V desde a primeira geração. As saídas centrais de ar, antes verticais, agora são horizontais estão e destacadas na parte superior do painel. O quadro de instrumentos agora é totalmente digital, como no Civic, com quem o CR-V compartilha a plataforma. Outra novidade é o head up display, que projeta informações sobre uma plaquinha de acrílico. Também marca presença o sistema de cancelamento de ruído, semelhante ao do concorrente Chevrolet Equinox.



O espaço interno aumentou bastante com as novas medidas, mas a capacidade do porta-malas caiu de 589 para 522 litros, com 1.084 litros rebatendo o banco traseiro. Em compensação, é possível abrí-lo apenas com o pé.

O CR-V está disponível em quatro cores de carroceria: as perolizadas White Diamond, Cristal Black e Basque Red, além da metálica Lunar Silver. O interior vem na cor marfim para as cores White Diamond e Basque Red, preto para a cor Lunar Silver ou cinza para o Cristal Black.


Os quase 180 mil reais pedidos pela versão única Touring se justificam porque o CR-V agora vem importado dos Estados Unidos, de onde a alíquota de importação é mais alta, e não mais do México, com quem temos acordo de isenção deste imposto. O anterior custava quase 32 mil reais a menos.

O CR-V Touring vem equipado com rodas de liga-leve diamantadas de 18 polegadas, sistema multimídia com Android Auto, Apple CarPlay e navegador GPS, ar-condicionado digital com duas zonas e saída de ar traseira, freio de estacionamento elétrico com função Brake Hold, tomadas USB para recarga na parte de trás, teto solar elétrico (de tamanho pequeno e não o panorâmico), banco do motorista com oito ajustes elétricos e memória e do passageiro com regulagem elétrica com quatro funções, partida remota do motor pela chave, destravamento das portas e partida do motor sem chave, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controles de estabilidade e tração, alerta de saída de faixa, monitoramento da pressão dos pneus, sistema Agile Handling Assist (que aplica ativamente e de maneira seletiva os freios do carro para melhorar o desempenho em curvas), direção elétrica, monitoramento de atenção do condutor, Honda LaneWatch (uma câmera no retrovisor direito que exibe imagens na tela da central multimídia ao ativar o pisca direito), entre outros.

Além da plataforma e do quadro de instrumentos eletrônico, o CR-V compartilha com o Civic o motor 1.5 Turbo de injeção direta, movido somente a gasolina, com 190 cavalos e o duplo controle de tempo de abertura das válvulas (Valve Timing Control – VTC), que substitui o sistema VTEC do velho motor flex 2.0. Também do sedã vem a transmissão automática CVT, de sete marchas. A tração integral Real Time AWD recebeu melhorias e agora entrega até 40% mais de torque do motor nas rodas traseiras seguindo as condições de rodagem.

Segundo a revista Quatro Rodas, ele acelera de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos e recupera a velocidade entre 80 e 120 km/h em 6 segundos. O consumo é de 10,5 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada. A 80 km/h o Honda para em 29,5 metros e tem um ruído de 63,7 decibéis. 


O novo Honda CR-V vai disputar mercado com o novo Volkswagen Tiguan, o Peugeot 5008 e o Chevrolet Equinox, todos com motor turbo, sendo que o francês é o único de cilindrada próxima (1.6) enquanto os outros dois são 2.0. 

Comparando os dados de teste e o preço, o CR-V não foi nada bem. No desempenho, só supera o Peugeot. Na frenagem e ruído, nem este. A situação só melhora no consumo, onde praticamente empata com o 5008. 


No preço, ele só fica em condições de igualdade com o Tiguan, que custa aproximadamente os mesmos 180 mil na top R-Line 350 TSI, mas o modelo da Volkswagen tem outras duas versões mais baratas (250 TSI por R$ 124.990 e 250 Comfortline R$ 149.990) e o Honda só tem a Touring. O Equinox custa entre R$ 137.490 (LT) e R$ 155.990 (Premier) e o 5008 varia entre R$ 157.490 (Griffe) e 166.490 reais (Griffe Pack).

Mais caro e comendo poeira dos rivais, o Honda CR-V ainda tem a seu favor os novos equipamentos, o consumo de combustível, o espaço interno, o conforto e a fidelidade dos seus antigos proprietários.  

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS