O Volkswagen Polo chegou ao Brasil menos de seis meses depois de ser lançado na Europa. E no mês seguinte já ganhou a sua versão sedã, o Virtus, pensado para o Brasil e outros mercados emergentes, pois os principais países europeus preferem o hatch.

O Virtus foi revelado à imprensa em dezembro, mas só agora, em fevereiro, está chegando às concessionárias brasileiras. Ele pretende ser mais que a versão de três volumes do Polo, do qual utiliza a mesma plataforma MQB-A0 e é idêntico da frente a coluna do meio. Para começar oferece espaço interno e capacidade do porta-malas (521 litros) maiores que o hatch.


E é para isso que serve a plataforma modular, que foi esticada para o Virtus. Assim, ele é bem maior que o Polo, que mede 4,06m de comprimento e 2,57m de distância entre-eixos. O sedã apresenta 4,48m de comprimento e 2,65m de entre-eixos, a mesma do agora antigo Jetta, recém-reestilizado nos Estados Unidos, que, por sua vez, passa a ter 2,68m. A largura de 1,75m e a altura de 1,47m, no entanto, são as mesmas do Polo.


Outro diferencial do Virtus, principalmente em relação aos seus concorrentes, é o estilo mais fluído e elegante. Seu teto tem caída mais suave que o seu principal rival, o Fiat Cronos. A janela lateral tem uma coluna no vidro e uma vigia próxima a coluna. Só que fluência e elegância não querem dizer que o Virtus seja original ou ousado. A traseira de lanternas horizontais que se afunilam no prolongamento da tampa do porta-malas é muito semelhante às do Audi A4 e A3 Sedan. Seus refletores apenas imitam luzes de LED. 


O interior, salvo o espaço interno maior, é exatamente o mesmo do Polo, inclusive na tela multimídia integrada e camuflada nos "blacks pianos" do painel horizontal e no acabamento com 99% de plástico duro. Só não chega a cem por causa do revestimento em tecido no braço de cada porta da frente. O Virtus também tem o quadro de instrumentos virtual, exclusivo da versão Highline... como opcional.


O passageiro de trás vai com os joelhos bem afastados do banco dianteiro, mesmo quando este estiver regulado para pessoas altas. Mas, se o passageiro também for alto, vai raspar a cabeça no teto por causa da caída estética mais baixa. Além da saída do ar condicionado, todos os ocupantes do banco de trás (e cabem três adultos) têm a disposição apoio de cabeça e cinto de segurança de três pontos, já acatando a obrigatoriedade destes itens para novos modelos a partir deste ano. E por falar em segurança, o Virtus já foi classificado como cinco estrelas pelo Latin NCAP, graças aos controles de estabilidade e tração, de série nas versões com motor TSI.


Apesar dos 521 litros, o porta-malas é menor que o do Chevrolet Cobalt, que tem 563 litros. O Honda City, que acabou de passar por um face-lift, tem 537 litros. O Cronos terá 525. O volume só é maior que os 450 litros do HB20S. O assoalho do porta-malas do Virtus pode ter dois níveis, mas isso é opcional, assim como o rebatimento do encosto do banco dianteiro do carona.


O Virtus tem uma versão a menos que o Polo. Nele só falta o motor 1.0 MPI aspirado presente no hatch. Fora isso são as mesmas versões: 1.6 MSI, que custa R$ 59.990, e os 1.0 TSI (ou 200 TSI, referente ao torque de 200 Nm ou 20,4 kgfm): Comfortline (R$ 73.490) e Highline (R$ 79.990).

O MSI 1.6 só tem câmbio manual e vem equipado de série apenas com ar condicionado manual, computador de bordo, direção elétrica, alarme com controle remoto, banco do motorista com regulagem de altura, airbags laterais, ISOFIX, rádio AM/FM, bluetooth, tocador de MP3 e entradas USB, auxiliar e cartão de memória, travamento elétrico das portas, porta-malas e tampa de combustível e vidros elétricos nas quatro portas.



Os opcionais são os pacotes Safety Pack, por R$ 1.050, composto do computador de bordo I-System (o de série é comum), assistente de partida em subida e controles eletrônicos de tração e estabilidade e bloqueio eletrônico do diferencial. O pacote Connect, por R$ 2.950, adiciona sensores de estacionamento traseiros, rodas de liga-leve aro 15, sistema de som com tela touchscreen com conexão de aplicativo e volante multifuncional. Completo e com pintura metálica (R$ 1.450), o 1.6 MSI chega a R$ 64.390.

O Comfortline TSI incorpora de série os itens do pacote Connect (com exceção dos sensores de estacionamento traseiro) e coluna de direção com ajuste de altura e alcance, banco traseiro com encosto rebatível bipartido, cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura, pré-tensionador e limitador de carga, descansa-braço no banco traseiro, saídas de ar para o banco traseiro, espelhos retrovisores externos elétricos com tilt-down no lado direito (abaixa quando engata a marcha ré), faróis de neblina e iluminação do porta-luvas e do porta-malas.


A versão intermediária tem três pacotes de opcionais. O Tech I custa R$ 2.200 e inclui acesso ao veículo sem chave e partida por botão, sensores de estacionamento traseiros e dianteiros, piloto automático, espelho retrovisor interno antiofuscante (eletrocrômico), faróis com ajuste automático de intensidade com função de iluminação em curvas e "leaving home", rodas de liga-leve de 16 polegadas, sensores de chuva e faróis e borboletas no volante para mudança do câmbio.

Antes do Tech II vem o Tech Edition, por R$ 2.910, que adiciona ar condicionado digital, câmera de ré, indicador de pressão dos pneus e frenagem pós-colisão e porta-luvas iluminado e refrigerado. Finalmente, o Tech II, que custa R$ 3.500 e acrescenta o ajuste de espaço e a rede no porta-malas. Completo e com pintura metálica, o Virtus Comfortline chega a R$ 78.440.


O Highline tem luzes diurnas de LED no para-choque e assume alguns opcionais do Comfortline, com exceção dos sensores de estacionamento, do ajuste de espaço e rede do porta-malas, da câmera de ré, do retrovisor interno eletrocrômico, dos faróis automáticos e com iluminação em curva, indicador de pressão dos pneus, frenagem pós-colisão e dos sensores de chuva e faróis. Estes itens continuam opcionais, fazendo parte agora do pacote Tech High, que custa R$ 3.300 e ainda adiciona comando de voz, o sistema multimídia de 8 polegadas com tela colorida sensível ao toque, navegador e espelhável com aplicativos, sensor de aproximação e o badalado quadro de instrumentos virtual Active Info Display.


Avulsos são vendidos o rebatimento do banco do carona (R$ 300), as rodas de aro 17 (R$ 1.200) e o acabamento em couro sintético nos bancos e laterais das portas (R$ 800). Completíssimo, o Virtus encerra o seu preço em R$ 87.040, o que o coloca como o mais caro do seu segmento.



O Honda City EXL 1.5 custa R$ 83.400, o Fiat Cronos é estimado para custar R$ 72 mil na versão completa Precision 1.8, podendo chegar a R$ 82 mil completo (baseado nos opcionais da hatch Argo), e o Chevrolet Cobalt Elite 1.8 não passa de R$ 73.890. O Hyundai HB20S é ainda mais barato: R$ 71.580. 




Apesar de um pouco mais pesado que o Polo, o Virtus anda mais que o hatch. Com o motor 1.0 TSI, de 115 a 128 cavalos, equipado exclusivamente com o câmbio Tiptronic de seis marchas, o sedã acelera de 0 a 100 km/h em 10,13 segundos. A retomada entre 80 e 120 km/h é feita em 6,91 segundos. O consumo com álcool é de 8,5 km/litro na cidade e 13 km/l na estrada. A frenagem a 80 km/h é cumprida em 23,75 metros e o ruído a mesma velocidade é de 61,4 decibéis. Todos os números são da revista Carro. Com exceção do ruído, que é equivalente, o Virtus é superior a todos os concorrentes nas medições. Ainda não tenho dados do motor 1.6. 


O Virtus tem muitas qualidades e também seus defeitos, como o acabamento e o alto preço. Além destes obstáculos, também precisa reconquistar os consumidores que estão migrando para os utilitários esportivos compactos para evitar que o novo sedã tenha o mesmo destino dos seus antecessores Polo Classic e Logus (que, aliás, está completando 25 anos em 2018) e até o atual Voyage: o esquecimento. A exceção é o Polo Sedan, Aliás, sedã da Volkswagen terminado em US não traz boas lembranças. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO