Os hatches médios estão em baixa no Brasil, mas ainda tem montadora que acredita no segmento. Ainda bem que a Chevrolet é uma dessas e deu uma segunda geração ao Cruze Sport6, mantendo inclusive o nome, de olho nos consumidores que querem luxo, mas com um estilo esportivo.

Fabricado na Argentina, como o sedã, o novo Cruze Sport6 ganhou em estilo e modernidade. Ficou com aparência mais alta (embora a medida de 1,48m tenha se mantido) e arredondada. Mas perdeu em personalidade. Ficou muito parecido com o Kia Cerato Hatch. Pelo menos, aqui no Brasil ele ainda é diferente.




Lá se vão treze anos desde que os carros da SEAT, marca espanhola de propriedade da Volkswagen, perderam a graça, ou melhor, a personalidade. Do lançamento do Altea, em 2004, para cá, só apresentou modelos exatamente iguais, diferenciado-se apenas pelo formato de carroceria (monovolume, hatch, sedã, perua e agora SUV) e tamanho.

Houve uma variação de estilo em 2012, quando surgiu a atual geração do médio Toledo, que voltou a ser um sedã depois de uma experiência mal sucedida como um feioso "monovolume e meio". Desde então, todos os SEAT passaram a ter absolutamente a mesma frente.

Até o compacto Ibiza (que foi vendido no Brasil nos anos 90 com estilo próprio) ganhou a frente de faróis e grades retangulares no face-lift da sua geração de 2008. Na época em que foi lançado, a imprensa dizia que ele anteciparia o estilo do nosso atual Gol. Não antecipou.




Lançada com algum sucesso em 2008, mas esquecida desde o lançamento do compacto Tracker, o SUV Chevrolet Captiva, finalmente, conheceu o seu sucessor no Brasil no final do ano. 

É o Equinox, que tem estilo moderno e arrojado, com a grade padrão da marca da gravata em dimensões bem maiores, faróis afilados com leds diurnos, janelas arredondadas, coluna C bem inclinada e vidro traseiro envolvente, mas com teto e traseiro retos e as manjadas lanternas horizontais.




Depois de três gerações (duas delas vendidas no Brasil com a marca Chevrolet), o Opel Vectra deu lugar, em 2008, ao Insignia, que, pelo seu estilo arredondado, elegante e ousado, aliado aos atributos de conforto, logo conquistou o título de Carro do Ano na Europa em 2009.

Oito anos depois, o Insignia chega à sua segunda geração, agora com o sobrenome Grand Sport, e somente nas carrocerias fastback e perua, chamada Sports Tourer. O sedã de três volumes foi aposentado, pois não faria sentido já que seria um cupê de quatro portas do mesmo jeito.




Um ano depois de apresentar o esportivo de quatro lugares GTC4Lusso, um meio caminho entre um face-lift e uma nova geração do antigo FF, a Ferrari atualiza mais um modelo. A F12 Berlinetta , de 2012, ganhou grandes modificações estéticas na frente, lateral e traseira, mudou de nome para 812 Superfast, mas manteve a estrutura do cupê anterior, precedido, em ordem cronológica para o passado, pela 599 GTB Fiorano (2006), 575 Maranello (2002), 550 Maranello (1996), 512M (1994), 512TR (1991), Testarossa (1984), 512i Berlinetta Boxer (1981), 512M BB (1976), 365 GT4 BB (1973), 365 GTB e GTS4 Daytona (1968), 275 GTB, GTS e GTB4 (1964) e finalmente 250 (1953).




O segmento de hatches médios tem sido bastante desvalorizado no Brasil há muito tempo. A Citroën abandonou o segmento em 2014, quando parou de importar o C4 de primeira geração e sequer trouxe a segunda. Mesma coisa com a Nissan com o Tiida um ano antes. A Peugeot ainda vende o velho 308 com uma gambiarra estética. Honda e Toyota nunca trouxeram as versões hatch de Civic e Corolla, respectivamente. A Renault só vendeu a primeira geração do Mégane do gênero de 1998 até 2005. A Fiat acabou de encerrar a produção do Bravo. A Hyundai já está com o i30 desatualizado e não sinaliza que vai trazer a nova geração. Já os produtos das marcas premium, como Audi (A3 Sportback), BMW (Série 1), Mercedes (Classe A) e Volvo (V40) estão em outra faixa de preço.

Mas de vez em quando surge uma boa novidade, como a segunda geração do Chevrolet Cruze Sport6, que segue as linhas arredondadas do sedã que lhe deu origem, traz os mesmos equipamentos de tecnologia e também passa a vir da Argentina.

Claro que eu considerei a versão completa LTZ, com opcionais, para enfrentar o Volkswagen Golf Highline (que também tem motor flex 1.4 turbo e injeção direta como o Cruze) e o Ford Focus Titanium Plus, que também é flex, tem injeção direta, mas não tem turbo e é 2.0. Com tão poucas opções em sintonia com o mercado externo (regra para participar dos comparativos do Guscar, exceto modelos queridos no Brasil), mais uma vez um comparativo de hatchs médios tem apenas três participantes.




Há 25 anos, com a chegada do Tempra ao mercado, começava a tentativa da Fiat de emplacar um carro grande com o seu nome no Brasil. Em seus primeiros anos em nosso país, a marca italiana participava do mercado de luxo através da Alfa Romeo, cuja filial brasileira foi comprada pela então rival italiana, que só em 1986 a adquiriu mundialmente.




No ano passado, a Renault lançou, no Brasil, o Kwid, um novo hatch compacto de suspensão elevada que a marca francesa pretende vender como um micro-SUV. Há quase 25 anos, a moda era dos monovolumes e foram eles que influenciaram o estilo do pequeno Renault da época: o Twingo, lançado no Salão de Paris de 1992, iniciando as suas vendas na Europa no ano seguinte.




Próximo de completar 61 anos, o Isetta ganhou fama por ser o primeiro microcarro do mundo e pela sua carroceria em forma de ovo, com apenas dois lugares, uma porta na frente (que incorporava a coluna de direção, pedais e instrumento) e bitola traseira estreita. Ele foi criado na Itália pelo engenheiro Ermenegildo Preti em 1950 e apresentado a Renzo Rivolta, dono da fábrica de motocicletas, motonetas e refrigeradores Iso, que produziu o carro de 1953 a 1954, quando passou a ser fabricado sob licença pela BMW. No Brasil, o fabricante de máquinas agrícolas Romi, do empresário Américo Emílio Romi, de Santa Bárbara D'Oeste (SP), adquiriu, já em 53, a licença para produzí-lo.




O Toyota Camry nasceu no Japão, em 1979, como uma versão sedã de quatro portas do cupê Celica. Somente em 1982 se tornou um modelo independente, com nova plataforma e carrocerias sedã e hatchback de cinco portas. Tinha motores 1.8 (74 cv) e 2.0 (92 cv com gasolina e 74 cv a diesel), montados na transversal, câmbio manual de cinco marchas ou automático de quatro e media 4,44m de comprimento, com 2,60m de distância entre-eixos.




Em 2016, Honda Civic e Chevrolet Cruze foram completamente renovados e o Nissan Sentra ganhou um face-lift. Não os comparei logo no lançamento porque eu estava esperando a renovação frontal do líder do mercado, o Toyota Corolla, que começou a ser vendido somente no início de abril.

Então, finalmente, decidi reunir estes quatro modelos e o Ford Focus Fastback para mais um comparativo de sedãs médios. As versões consideradas, como sempre, foram as top: Civic Touring, Cruze LTZ completa, Sentra SL, Corolla Altis e Focus Titanium Plus. Civic e Cruze usam motor turbo e os demais 2.0, sendo que o do Ford tem injeção direta.

Desta vez, Renault Fluence (vencedor de todos os comparativos que participou), Citroën C4 Lounge e Volkswagen Jetta ficaram de fora. O tempo deles já passou e eles precisam se renovar completamente para voltarem à briga.

TEXTO (TRECHOS DO TEXTO ORIGINAL): GUSTAVO DO CARMO 
FOTOS: DIVULGAÇÃO