Sete meses depois de ser apresentado no Salão de Genebra 2017, a segunda geração do SUV XC60, o carro mais vendido da história da sueca Volvo, já está à venda no Brasil em três versões de acabamento: Momentum, Inscription e R-Design.

À primeira vista, o XC60 pode parecer uma versão reduzida do estilo conservador do XC90, com quem compartilha a plataforma modular SPA. Mas se olharmos mais uma vez, veremos que o agora crossover médio tem base das janelas mais ascendente e ombros laterais mais pronunciados, um dos traços da geração anterior, assim como as lanternas traseiras, que nascem na lateral e se estendem até o vidro. A diferença é que o novo ganhou um prolongamento (também com luzes de LED) na tampa do porta-malas, para formar um L e dar um toque mais moderno. Acima delas e da placa, a parte onde fica a assinatura Volvo, está mais saliente. Já a frente segue o conceito estético inaugurado pelo XC90, com os faróis em LED em formato de "Martelo de Thor" e a grade vertical com filetes na mesma disposição, embora a versão top R-Design tenha elementos quadriculados.





XC60 2016

O interior é praticamente o mesmo do utilitário maior: acabamento refinado com partes em alumínio, madeira branca (extraída de árvores suecas) e couro de verdade, painel com tela multimídia e saídas de ar na vertical, além de quadro de instrumentos eletrônico (não falo digital porque reproduz virtualmente os instrumentos analógicos) nas duas versões mais caras. Os bancos, que podem ter as cores preta (versão Momentum só tem esta opção), bege claro, caramelo e marrom, têm estilo esportivo e a bandeira da Suécia como uma etiqueta que sai da lateral de uma camisa. Os botões de acionamento do motor (que é deslizado em vez de apertado) e do seletor de modo de direção (Confort, Eco, Dynamic e Off Road) simulam um diamante.





XC60 2016

Mas vi um deslize no acabamento na foto de divulgação: a estrutura de metal do trilho e da inclinação do banco. O espaço interno não parece ter aumentado tanto para um carro que teve a distância entre-eixos aumentada de 2,77 para 2,86m. É melhor para passageiros mais baixos. E também não há saída do ar condicionado digital para a traseira. Ninguém é perfeito. Pelo menos, a capacidade do porta-malas subiu de 490 para 505 litros, que ainda é pouco para o porte do utilitário.



Além do refinamento interior o XC60 encanta pelos equipamentos de segurança. Desde a Momentum, que custa R$ 239.950, já estão presentes o sistema City Safety, que freia automaticamente ao detectar obstáculos e pedestres, mesmo à noite, com assistente de direção; leitura de placas de trânsito; alerta de mudança de faixa e de colisão frontal; monitoramento da pressão dos pneus e sistema de proteção em saída de estrada, evitando impactos laterais e lesões na coluna cervical. 

Outros itens são o Volvo On Call, de segurança, proteção e conveniência, com assistência 24h, auxílio de emergência e localização, em caso de roubo ou furto, multimídia com navegador GPS, Apple CarPlay e Android Auto, bancos dianteiros elétricos com memória para o do motorista, painel de instrumentos com tela de oito polegadas, sistema de som com 10 alto-falantes, teto solar panorâmico e controle de cruzeiro adaptativo.



O Inscription custa R$ 259.950 e adiciona piloto automático adaptativo (ACC) com a impressionante função Pilot Assist até 130 km/h (recurso semi-autônomo presente no novo compacto XC40), abertura de portas sem chave, porta-malas elétrico com função Hands Free (basta passar o pé embaixo do para-choque), alerta de ponto cego e de tráfego lateral (BLIS), bancos dianteiros com aquecimento e com extensão do assento, quadro de instrumentos de 12,3" personalizável e rodas aro 20". O R-Design sai por R$ 269.950 e se diferencia apenas pelo pacote esportivo que dá nome à versão como bancos mais esportivos, grade de aletas quadriculadas, pedais cromados, spoilers mais pronunciados e rodas de 21 polegadas.


O XC60 chegou ao Brasil apenas com o motor 2.0 Turbo Drive-E de 254 cavalos, câmbio automático de oito marchas e tração integral, identificado pela nomenclatura T5. No ano que vem, devem chegar a versão com motor turbodiesel e a híbrida.  

Segundo a revista Carro, ele acelera de 0 a 100 km/h em 6,92 segundos, retoma a velocidade entre 80 e 120 km/h em 5,09 segundos e tem velocidade máxima de 220 km/h (do fabricante). Comparando a dois concorrentes alemães, o desempenho se coloca entre o Audi Q5 e o Mercedes GLC. Só a velocidade fica atrás dos dois. 

Em provas dinâmicas, o ponto fraco do Volvo é o consumo de 7.3 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada. O Q5 e o GLC são mais econômicos, desta vez com vantagem para o Mercedes. Na frenagem a 80 km/h, ele para centímetros mais longe que o Audi: 23,46 contra 23.30 metros. Andando a 80 km/h, o sueco registra 58,4 decibéis de ruído e é décimos mais silencioso que o GLC, mas fica atrás do Q5. Números também da Carro. 



Apesar do preço fora da realidade para um consumidor comum, o XC60 é mais barato que estes dois concorrentes (preço do Q5 vai de R$ 244.990 a R$ 292.990 e o do GLC, de R$ 270.900 a R$ 304.900), o Jaguar F-Pace (R$ 276.455 a R$ 346.955) e o Land Rover Discovery Sport HSE Luxury, que pertence à mesma dona indiana (a Tata) da Jaguar e custa R$ 277.996 com motor a gasolina, pois o britânico também tem opção turbodiesel. Neste caso, comparando a R-Design, pois é mais caro se confrontarmos a Momentum com a versão mais barata do Land (SE), que sai por R$ 221.996. O novo BMW X3 só chega no ano que vem, mas a geração atual custa R$ 257.950. 



Da mesma forma que o preço assustador acaba se mostrando mais barato em relação aos concorrentes, foi possível encontrar (mínimos) defeitos (espaço interno, consumo e acabamento dos bancos) no XC60, um carro que à primeira vista encanta e impressiona pelo seu conteúdo. Mas, realmente, ele é o crossover da Volvo mais bem resolvido em estilo, pois não é tão conservador como o XC90 e nem tão chocante como o compacto XC40.   

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA CARRO