Enquanto as picapes ocidentais (Chevrolet S10, Ford Ranger e Volkswagen Amarok) foram renovadas levemente, a Nissan Frontier "fecha" o ciclo de renovação total das picapes médias japonesas, iniciado com a Toyota Hilux em 2015 e a Mitsubishi L200 Triton Sport no ano passado.

E como toda a picape média, a quarta geração da Frontier vendida no Brasil (no mundo é a 12ª desde a década de 1930) está cada vez mais se tornando um carro de passeio numa carroceria que vai ficando mais full-size, com 5,25m de comprimento por 1,85m de largura e altura. O novo estilo ficou mais alto, com menos vincos, e com faróis e grade maiores e mais parrudos. 



A Frontier agora é construída sobre um novo chassi quatro vezes mais resistente, graças aos dois sobrechassis em forma de C, com aço também de alta resistência, embora tenha diminuído em 44 kg o peso da picape. Ela também tem os melhores ângulos de entrada e saída: 31º e 27º respectivamente. 

O interior tem aparência sofisticada, embora tenha bastante plástico duro no painel (de desenho muito parecido com o sedã grande Altima, que não é mais importado), e bancos em couro de gravidade zero, que não cansam o corpo, além de sistema multimídia. O espaço traseiro, porém, é regular e obriga o passageiro a elevar os joelhos. E não há cinto de segurança e apoio de cabeça para quem vai no meio. Apesar da capacidade de carga de 1.050 kg, o espaço da caçamba é pequeno: apenas 805 litros. 




A nova Frontier agora vem do México em apenas uma versão, chamada LE, com motor diesel biturbo 2.3 com os mesmos 190 cavalos do antigo 2.5 (e pensar que, por causa deste motor anterior, os concorrentes, hoje com 200 cv, já foram chamados de 'pôneis malditos' pela Nissan em um comercial) e câmbio automático de sete velocidades.

A tração é integral, com opção de reduzida, operada pelo sistema Shift On The Fly, acionado com o girar de uma manopla no painel com o carro em movimento até 100 km/h (antes era até 80 km/h), em qualquer tipo de terreno.


Segundo a revista Quatro Rodas, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 10,9 segundos (pode parecer um tempo alto, mas só fica atrás da Chevrolet S10) e a retomada de 80 a 120 km/h em 7,6 segundos, exatamente igual ao da rival. O consumo de 9 km/l e 11,5 km/l na estrada é mediano. O nível de ruído de 60,9 decibéis a 80 km/h é bom, mas a frenagem em 31,8 metros a mesma velocidade é o seu ponto fraco na pista. 

A Frontier 2018 custa R$ 166.700 e vem com painel de instrumentos com tela do tipo TFT, bancos de couro com ajuste elétrico para o motorista e aquecimento nos assentos dianteiros, sistema multimídia com leitor de DVD e navegador GPS, chave presencial, volante multifuncional, ar-condicionado digital de duas zonas com saídas traseiras, assistentes de descida e subida em rampa, câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro, luzes diurnas de LED, controles eletrônicos de tração e estabilidade. Ela é bem equipada e mais barata que as versões top de todas as suas concorrentes, mas deve itens como airbags laterais e espelhamento no sistema multimídia, além dos já citados cinto de três pontos e apoio de cabeça para o meio do banco traseiro. 




O Brasil perdeu o direito de fabricar a Frontier em São José dos Pinhais, no Paraná. Depois de um ano importada do México, ela passará a vir da Argentina a partir de 2018. O nosso país vizinho também vai produzir a Renault Alaskan, que é o seu clone com o losango francês. e a inédita Mercedes Classe X, que terá um estilo próprio. Passaremos a importadores, mas o ciclo de renovações e a disputa feroz entre as picapes médias não têm prazo para acabar. Daí a palavra 'fecha' entre aspas lá no início do texto. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO