TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
FONTE DE CONSULTA: BESTCARS WEBSITE

Quando começou a ser fabricado em Indaiatuba, no estado de São Paulo, em 1998, o Toyota Corolla já estava na oitava geração, com 32 anos de história. Desde então, o Brasil passou a fazer parte da história dos 50 anos de produção deste modelo, que já foi compacto no Japão e hoje briga palmo a palmo com o Honda Civic no segmento de sedãs médios-grandes, completados em 2016. 

Seu nome, escolhido em pesquisas de mercado, significa coroa de flores em latim. Essa coroa representaria triunfo e vitória, que o Corolla conseguiu em 1997, quando se tornou o carro mais vendido do mundo. então com mais de 32 milhões de unidades e hoje com mais de 40 milhões até agosto. E o nosso país tem uma boa participação nesse número.  


1a Geração - 1966



O primeiro Corolla, lançado em outubro de 1966, era um sedã compacto de duas portas e acabamento simples, acreditem! Media apenas 3,85m de comprimento (tamanho de um Nissan March - o que vai ser substituído, claro) e 2,28m de distância entre-eixos. Sua grade era inteiriça e o par de faróis redondos ficavam recuados. Seu motor era de 1.1 litro montado na posição longitudinal e desenvolvia 60 cavalos de potência, além de 8,5 kgfm de torque.


Por falar na Nissan, a cilindrada, com "acessíveis 100 cm³ a mais", era anunciada pela Toyota para provocar o principal concorrente da época, o Nissan Sunny, uma espécie de tataravô do Versa. O arquirrival Honda Civic só seria lançado em 1972.


Em 1967 surgiram as versões de quatro portas e a perua de duas. No ano seguinte, apareceu o Cupê, chamado de Sprinter. Neste mesmo ano o Corolla começou a ser vendido nos Estados Unidos, onde ganhou motor 1.2.







2a Geração - 1970


A nova cilindrada só chegaria ao Corolla japonês na segunda geração, em 1970. O modelo começava a crescer e a flertar com o segmento médio. O comprimento passou para 3,95m e o entre-eixos a 2,33m. O estilo, entretanto, não mudava muito, ganhando apenas colunas laterais mais largas e perdendo o quebra-vento na janela da frente. Os filetes da grade ficaram horizontais. Na época, a Toyota já era a quarta maior fabricante do mundo, atrás apenas das três grandes americanas - General Motors, Ford e Chrysler.


Antes da terceira geração, o cupê Sprinter ganhava quatro portas e se tornava um fastback. A versão duas portas deste se desdobraria em duas esportivas, chamadas Levin e Trueno, com motor 1.6, de duplo comando de válvulas e 73 cavalos de potência.






3a Geração - 1974



No momento em que o Corolla já era o segundo carro mais vendido do mundo, atrás apenas do Fusca, surgia a terceira geração, em 1974. A grade, com moldura cromada e elevada, ficou destacada na frente.



A distância entre-eixos subia para 2,37m. A linha também já estava bem completa: sedã de duas e quatro portas, perua de duas e quatro portas, cupê sem coluna, fastback e até furgão de duas portas. Os motores também já eram variados: 1.2 de 55 cv, 1.4 de 82 cv e 1.6 de 75, 83 ou 108 cv.



4a Geração - 1979


A quarta geração, de 1979, consolidou o novo posicionamento do Corolla ao medir 4,05m de comprimento e 2,40m de entre-eixos. Além disso, seu antigo posto de compacto foi ocupado pelo Tercel.

No visual, o Corolla era outro carro. A carroceria se tornou inteiramente retilínea, com volumes bem definidos. Os faróis, pela primeira vez, passaram a ser retangulares. Os piscas invadiam um pouco a lateral. Mas em algumas versões ainda eram redondos duplos e até simples.


A motorização ficava entre 1.3 (69 cv), 1.5 (75 cv) e 1.6 (75 e 108 cv). Nos Estados Unidos havia o 1.8, de 75 cv. O câmbio automático ainda tinha três velocidades, mas logo aumentaria para quatro. Outra versão de destaque era o cupê hardtop, que parecia um conversível targa.

Foto: Wikipedia
Foi o sedã desta geração que o ex-jogador Nunes, do Flamengo, ganhou como prêmio no Japão por ter feito dois gols na conquista do título mundial do clube carioca por 3x0 contra o Liverpool, da Inglaterra. Ele só receberia o carro quase dois anos depois. Mais um pouco ele teria que receber a nova edição. Zico, como melhor em campo, ganhou um cupê Celica.




5a Geração - 1983



A quinta geração, lançada em 1983, ficou ainda mais reta e também adotou faróis alinhados com a grade e definitivamente retangulares. Na mecânica radicalizou. A montagem do motor passou a ser transversal, a tração dianteira e a suspensão traseira independente. Mas só para o sedã e o novo hatch de duas e quatro portas. As demais carrocerias, como a perua de quatro portas e o fastback de três (Levin) e cinco portas (Sprinter Trueno) continuavam com a tração traseira e a posição longitudinal.




A linha Corolla 1983 adotou motores 1.3 (65 cv) e os novos 1.6. O mais simples tinha 84 cavalos. Já o outro, lançado apenas no ano seguinte, tinha duplo comando das válvulas e rendia 124 cv. Foi usado na GT-S, versão esportiva do hatch de três portas, do fastback e do cupê. Outra novidade era o diesel 1.8 de 58cv para o mercado europeu.



6a Geração - 1987



A sexta carroceria do Toyota Corolla continuava reta, mas seus contornos foram suavizados. O interior já transmitia conforto pelo estofamento dos bancos e apoios de cabeça na frente e atrás. A distância entre-eixos de 2,43 era a mesma da geração anterior, mas a largura aumentou.


O sedã, o fastback e a perua, ambos de quatro portas, o cupê de duas e o hatchback, de duas e quatro portas, continuavam como versões de carroceria. Desta vez, todas passaram a ter tração dianteira e motor transversal. A linha de motores era formada pelo 1.3 com 10 cavalos a mais, o 1.6 com carburador de 90 cv, e com injeção eletrônica de duplo comando de válvulas, de 100 e 124 cv, além do 1.8 diesel de 64 cv.



A perua e o sedã ganharam tração integral, mas o segundo só durou um ano e era oferecido apenas nos Estados Unidos. Em 1990, toda a linha já tinha injeção eletrônica. O GT-S alcançou os 130 cavalos de potência.





7a Geração - 1991 (1992 no Brasil)


Em 1991 era apresentada uma das três gerações mais bonitas do Corolla (a segunda e a de 2002 são as outras). E não é porque foi a primeira a ser vendida no Brasil. Ele mesclava muito bem linhas retas (no capô e no porta-malas) com arredondadas (no teto).




Na Europa continuavam as versões sedã e perua de quatro portas, hatch de duas portas e fastback de quatro portas, que em alguns mercados ainda se chamava Sprinter. No Japão, o Levin ainda existia e passou a ter visual mais esportivo.



Versões hatch e liftback na Europa, inexistentes no Brasil
Aqui no Brasil, o Corolla chegou no final de 1992, no início da reabertura das importações, somente na versão sedã de quatro portas LE, com motor 1.8 16v de 115 cavalos. Nascido como um carro compacto e popular, já era para nós um carro de luxo, que custava pouco mais de 40 mil dólares e concorreu com o já rival Honda Civic, também importado no mesmo ano, e com nacionais top da época, como o Volkswagen Santana e o Chevrolet Monza, depois o Vectra. Em 1994 chegaram as versões DX do sedã, mais barata, e a perua, chamada de SW.



8a Geração - 1995 (1997 no Brasil)



A oitava geração, de 1995, seguiu o caminho inverso e retomou as linhas retas em plena década de 90. Foi a mais feia de todas. No Japão e nos Estados Unidos, até que não era tão desastroso, pois tinha faróis horizontais e grade pequena que só deixaram o carro conservador demais.


Mas a versão europeia que foi importada pra cá era um horror: tinha faróis redondos, piscas do mesmo formato, só que menores, e um grade cromada, isolada e cheia de furos, que parecia um ralador de queijo. Teve gente que o apelidou de Corolla de óculos.

A perua, que também veio para o Brasil, conseguia ser pior. Além de totalmente reta, ainda tinha lanternas na coluna e recorte arredondado da terceira janela. Quem salvava o estilo da linha eram as versões fastback e hatch, inexistentes aqui. Essa frente, estranha para os familiares sedã e perua, combinava melhor com os esportivos.



Até o motor que chegou para nós teve um retrocesso. No lugar do 1.8 mandaram um 1.6 de apenas 106 cavalos.

Apesar de não agradar no estilo, esta geração do Corolla fez história. No exterior, pela despadronização mundial.


Corolla norte-americano

Como já vimos, tinha visual diferente no Japão, nos Estados Unidos e na Europa. No mundo, superou o recorde de vendas do Fusca em 1997. Para os brasileiros, foi a primeira a ser fabricada em nosso país, em Indaiatuba, SP, no final do ano seguinte.


O primeiro Corolla nacional ficou só no sedã. Trocou a frente "de óculos" por um conjunto normal de faróis retangulares e grade convencional, recuperou o motor 1.8 16v de 116 cavalos e ganhou novas versões de acabamento: a XL (que manteve o motor 1.6), a XEi e a SE-G, com o 1.8. A primeira tinha airbags frontais de série, a segunda ar condicionado e a top, bancos em couro. Outro lado bom desta geração era a distância entre-eixos, de 2,60m. 

9a Geração - 2001 (2002 no Brasil)


Corolla SE-G nacional

Amadurecida, esta geração foi a responsável por acirrar a rivalidade com o Honda Civic em nosso mercado. Com ela, o Corolla assumiu a liderança de vendas no segmento de sedãs médios. Aqui foi lançada em 2002, baseada no modelo tailandês, também adotado nos Estados Unidos. Tinha faróis tremulantes, grade arredondada e lanternas traseiras horizontais em formato de gota.


As três versões de acabamento continuaram, mas o motor 1.8 de 16v era inteiramente novo. Com variador do comando das válvulas de admissão (VVT-i), rendia 136 cavalos. Por dentro, um painel de linhas modernas, horizontais e com um atraente quadro de instrumentos que só era visível quando ligado (Optitron) na versão SE-G, a mais completa.


No Japão, onde surgiu um ano antes, tinha capô e baú do porta-malas mais curtos. Os faróis e a grade eram mais simples, de formato retangular. Restaram o sedã, o hatchback e a perua, chamada de Fielder.


Os europeus ganharam uma minivan chamada Verso. Foi em 2004, mesmo ano em que a perua Fielder iniciou a sua produção no Brasil em versão única e sem nome, baseada na XEi do sedã, com o motor 1.8. Era a versão japonesa com a frente tailandesa, formato inédito no mundo.

Corolla Verso - Europa

Pouco antes de ser reestilizado, em 2007, o Corolla ganhou o motor Flex. Manteve a potência tanto com álcool quanto com gasolina. A Fielder assumiu a versão XEi e também ganhou a top SE-G. O motor 1.8 também chegou ao básico XLi. Foi uma pequena tentativa para recuperar a liderança do segmento, perdida para o eterno rival Civic, que chegara totalmente reestilizado no ano anterior, com direito a painel digital. Só restou à Toyota antecipar a vinda da décima geração. 


10a Geração - 2006 (2008 no Brasil)

Se o novíssimo e crescido Honda Civic só chegou este ano à décima geração, o Corolla já alcançou essa contagem em 2006, sendo lançada aqui em março de 2008. Mudou bastante na aparência, mas não inovou. Seus volumes ganharam músculos, as lanternas traseiras mais relevo, os faróis ficaram mais puxados e a grade mais imponente. No interior, o painel foi renovado, com destaque para o console que parecia vazado, mas tinha dois porta-objetos ao seu redor.



Continuou com o motor 1.8 VVT-i Flex, mas em 2010 ganhou o 2.0 Dual-VVTi (agora com variador de fases também da válvula de escape), com potência de 142 cv para gasolina e 153 cv para álcool, nas versões XEi e a renomeada Altis (ex-SE-G). O XLi continuou com o 1.8 e um 1.6 de 110 cavalos e câmbio automático exclusivamente para deficientes físicos. Uma nova versão, chamada GLi, foi acrescentada à linha, com motor 1.8.


A perua Fielder desapareceu do nosso catálogo. No Japão, ela ainda continuou existindo. Por lá, o hatch ganhou o sobrenome Auris, a única vendida nos países mais importantes da Europa, onde o monovolume Versa também foi reestilizado. O sedã também é chamado de Axio no mercado japonês.

Corolla Fielder no Japão. Fonte: Wikipedia


Toyota Auris na Europa

De volta ao Brasil, em abril de 2011, o Corolla ganhou uma leve reestilização frontal, que o deixou mais sorridente, como se tivessem lhe aplicado botox. A novidade mecânica foi um novo motor 1.8 (com 1.798 cm3, 4 cm3 a mais), com a tecnologia Dual-VVTi, que rende 139 e 144 cv, com gasolina e álcool, respectivamente. Já o 2.0 foi estendido ao GLi e o câmbio manual passou a ter seis marchas.

Em 2012, foi lançada a nova versão esportiva XRS, apenas com aerofólio baixo sobre a tampa do porta-malas, rodas e máscara dos faróis escuras e para-choques, mas com o mesmo motor 2.0 VVTi. 



Com a décima geração, o Corolla retomou a liderança do segmento em 2009, mas voltou a perdê-la para o arquirrival Civic em 2013. Antes de dar o troco com a nova geração, apresentada no ano seguinte, disponibilizou um sistema multimídia embutido no painel, com GPS e câmera de ré.





11a Geração - 2013 (2014 no Brasil)



Um ano antes da 11a geração do Toyota Corolla chegar ao Brasil, eu levei um susto. A imprensa apresentou, primeiro, as fotos da versão japonesa do modelo mais vendido do mundo: tinha linhas retas que lembravam a geração de 1992. Felizmente, o Axio ficou só para o Japão. Em junho de 2013 foi apresentada a versão para países emergentes, que chegaria aqui em março do ano seguinte.



Corolla Axio e Fielder japoneses

Embora as linhas sejam mais modernas que no japonês, houve um traço de conservadorismo na parte lateral (com um pouco da base da janela lateral abruptamente levantada em direção a traseira) e nas lanternas horizontais.



O toque de modernidade da atual geração está na grade curvada, cujos frisos cromados se estendem até dentro dos faróis espichados. Logo depois, foi apresentada a versão norte-americana, mais esportiva, com grade desenhada pelo vão entre o capô e o para-choque dianteiro. Os europeus continuaram apenas com o hatch e perua Auris e a minivan Verso, que são mais estilosos.


Corolla norte-americano


Auris Hatch e Touring europeus

Mas o alívio não foi completo. O painel interno tem linhas horizontais, mas com montagem bem vertical, atrapalhando a ergonomia. E com direito a um relógio digital de fundo azul que lembra muito aqueles do Del Rey dos anos 80. É praticamente o mesmo do americano (que tem o relógio no centro) e dos Auris (que tem saídas de ar circulares nos cantos e vai ser estendido ao sedã em breve), mas um pouco diferente do japonês. O acabamento do Corolla também abusa do plástico duro num carro que já custava mais de R$ 90 mil em 2014.


Em compensação, o Corolla ganhou câmbio automático CVT, TV digital, sistema de entrada e partida sem chave e sete airbags, mas ainda não trouxe controles de tração e estabilidade. Chegou nas mesmas versões da geração anterior: GLi, XEi e Altis. Mas no ano seguinte, a versão básica perdeu equipamentos como rodas de liga-leve e som. No entanto, ganhou a série especial GLi Upper Black, exclusivamente preta, aparentemente voltada para motoristas do aplicativo Uber. Este ano foi lançada mais uma série especial: a de aparência esportiva Dynamic, de rodas escuras, lembrando o antigo XRS. Seu motor é 2.0.



Mesmo ainda liderando o segmento e sendo o sexto veículo mais vendido do país até a metade do ano, o Corolla deve ganhar um face-lift no ano que vem, que vai deixar a grade mais fina e deve trazer mais equipamentos, como o sistema multimídia totalmente operado por toque, os tão esperados controles de estabilidade e tração e a aposentadoria do anacrônico reloginho digital. Tudo para se prevenir da ameaça da novíssima geração do Honda Civic e um esquenta-lugar para a 12a geração do agora cinquentão Corolla, um ex-compacto de 3,85m de comprimento, atualmente um sedanzão de 4,62m e futuramente um automóvel híbrido, baseado no Prius, voltado para os novos tempos, em que o meio ambiente e a racionalização de custos pedem prioridade.