TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA CARRO


Mesmo desenhado pela sul-coreana Samsung, o sedã médio Fluence é um derivado da terceira geração do hatch Mégane europeu. Assim, ele pode ser considerado o único Renault autêntico moderno vendido no Brasil.

Porém, o Fluence é um incompreendido. Apesar do estilo atraente, acabamento de ótima qualidade, espaço interno (distância entre-eixos de 2,70m) e porta-malas (de 530 litros) amplos e de ter vencido dois comparativos aqui no Guscar, ele não vende bem. Foi apenas o sexto mais comercializado no seu segmento com 6.955 unidades emplacadas de janeiro a novembro. O terceiro da categoria mais vendido, o Chevrolet Cruze, teve pouco mais de 21 mil unidades no mesmo período. Aliás, é um mal que atinge os modeloa franceses. O Peugeot 408 e o Citroën C4 Lounge também nunca convenceram.

Para tentar uma guinada no mercado, a Renault, enfim, trouxe para o Brasil a nova frente padrão da marca francesa para o Fluence. É a mesma usada no jurássico Clio de segunda geração, só que agora no carro certo, condizente com a sua modernidade.


A grade entre os faróis, que ficaram mais ovalados e com fundo escuro, emoldura o amplo losango no centro. Os para-choques também são novos, com a grade maior em forma de trapézio e a área dos faróis de neblina separada. As luzes diurnas de LED estão disponíveis em todas as versões, mas o acabamento cromado é exclusivo da versão top Privilège. Na traseira, a única mudança foi nas lentes das lanternas que ficaram mais salientes. Internamente elas ganharam luzes de LED, mas só na Privilège também. O desenho delas, da tampa do porta-malas e da lateral do modelo continua o mesmo.


Assim como o interior caprichado, com painel emborrachado, que manteve o desenho. Só ganhou novos apliques em alumínio e costuras do revestimento em couro dos bancos. As novidades mais importantes são o velocímetro digital (igual ao da versão esportiva GT Turbo, que ainda não recebeu o novo visual e foi temporariamente suspenso) e o sistema multimídia R Link com tela fixa, mas sensível ao toque e reconhecimento de voz de 7 polegadas no alto do painel, que inclui navegador GPS e câmera de ré.


O motor continua o mesmo Hi-Flex 2.0 16v, com duplo comando de válvulas no cabeçote. Rende 140 cavalos com gasolina e 143 cv com álcool. O câmbio também permanece com as opções manual de seis marchas e o automático CVT (relações continuamente variáveis), que agora é X-Tronic e permite trocas manuais sequenciais. 

Não houve mudanças significativas no desempenho, mas a frenagem de 22,3 metros a 80 km/h testada pela revista Carro é excelente. Por outro lado, o consumo de combustível é alto, na faixa de 5,4 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada, segundo a mesma publicação.


Na distribuição de versões de equipamento, a básica continua sendo a Dynamique, que custa R$ 66.890 com o câmbio manual e R$ 71.890 com o CVT. Vem de série com ar-condicionado automático dual zone com saída para o banco traseiro,  cartão hands free com função walk away closing (onde basta se afastar do carro, por cinco metros, de posse da chave, para ocorrer o travamento das portas e o recolhimento automático dos retrovisores), piloto automático, sensores de estacionamento traseiro, chuva e faróis, trio elétrico, rádio com CD, MP3 e entradas auxiliares, antena de teto, retrovisores externos com luzes de direção, desembaçador do vidro traseiro, cintos de segurança de 3 pontos e apoio de cabeça para todos, faróis de neblina, apoio central de braço para o motorista e os passageiros de trás, quatro airbags (dianteiros e laterais), freios ABS com EBD e assistente de frenagem de urgência, sistema Isofix, para fixação de cadeirinhas infantis no banco traseiro e novo luzes diurnas LED no para-choque dianteiro. 


A novidade é a intermediária Dynamique Plus, que só usa o câmbio CVT, custa R$ 74.890 e acrescenta o sistema R Link e bancos em couro (parte natural e parte sintético).

A versão de topo continua sendo a Privilège, por R$ 82.990, que agora traz faróis de xênon com lavador e regulagem de altura, teto solar, luzes de LED nas setas integradas dos retrovisores que também se rebatem, airbags de cortina, controles de estabilidade e tração, acabamento cromado no para-choque e rodas aro 17 polegadas.

Para o consumidor, o novo Fluence é a atualização de um modelo confortável, bem equipado, espaçoso e barato (o preço é menor que a maioria dos concorrentes listados abaixo). Para a Renault pode ser a última chance do seu sedã médio despontar no mercado e não continuar com o carma do velho Mégane, cujo hatch está prestes a ganhar a sua quarta geração, o que deixaria o Fluence já desatualizado e ainda mais inexpressivo no mercado.


Concorrentes 

Chevrolet Cruze - R$ 73.100 (LT 1.8) a R$ 86.900 (LTZ 1.8)
Citroën C4 Lounge - R$ 63.390 (Origine 2.0) a R$ 82.790 (Exclusive 1.6 THP)
Ford Focus Sedan - R$ 72.400 (S 2.0 Powershift) a R$ 92.400 (Titanium Plus 2.0)
Honda Civic -  R$ 68.400 (LXS 1.8) a R$ 75.900 (LXR 2.0 - intermediária)
Nissan Sentra - R$ 64.090 (S 2.0) a R$ 74.690 (SL 2.0)
Toyota Corolla - R$ 68.290 (GLi 1.8) a R$ 94.390 (Altis 2.0)


Pontos Fortes 

+ Estilo
+ Acabamento
+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Frenagem


Pontos Fracos 

- Consumo
- Inexpressivo no mercado


FICHA TÉCNICA 

Motor: Quatro cilindros, transversal, 16 válvulas, flex, 1.997 cm³
Potência: 140 cavalos com gasolina e 143 cavalos com álcool
Torque: 19,9 kgfm (G) e 20,3 kgfm (A) a 3.750 rpm
Câmbio: manual de seis velocidades (Dynamique) ou CVT
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,4 segundos (revista Carro, com álcool) 
Velocidade máxima: 195 km/h
Consumo: 5,4 km/l na cidade e 9,5 km/l (Carro)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,62/1,81/1,47/2,70 m
Porta-malas: 530 litros
Tanque: 60 litros
Preço: R$ 66.890 (Dynamique manual) / R$ 71.890 (Dynamique CVT) / R$ 74.890 (Dynamique Plus CVT) / R$ 82.990 (Privilège)