TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


O City começou a ser fabricado no Brasil em 2009, com a missão de colocar a Honda no concorrido mercado de sedãs compactos. Além de ter ficado muito caro em relação aos seus desejados concorrentes, seu preço se aproximou demais do Civic e ele acabou perdendo compradores para o modelo médio, pois ficava devendo quando comparado ao irmão mais velho.

Passados cinco anos, dois deles depois de receber um face-lift, o City produzido em Sumaré (SP) está de cara nova em quatro níveis de equipamento (DX, LX, EX e EXL). Aliás, quase tudo novo. Só o motor 1.5 i-VTEC foi mantido, mas agora tem sistema de partida a frio, chamado FlexOne. O câmbio automático passa a ser o CVT, de relações continuamente variáveis.



A plataforma, como no anterior, ainda é do monovolume Fit, mas da nova geração. No entanto, o sedã tem, além da carroceria três volumes, um estilo próprio na dianteira, mais clássico e refinado. A frente até lembra vagamente o Fit, mas faróis e barra da grade (em U) são maiores. Aliás, ficou bem parecido com o Civic. A lateral está mais espichada (o carro cresceu 5,5 cm, passando para 4,45m) ganhando silhueta mais ondulada e um vistoso vinco descendente abaixo das maçanetas das portas. 


A área envidraçada é emoldurada por um plástico preto que termina na coluna C, lembrando o Hyundai HB20S. As rodas de liga-leve de 16 polegadas têm desenho estrelado em movimento. As lanternas traseiras continuam inspiradas no BMW Série 3, só que da geração atual, cm formato horizontal, divididas pela tampa do porta-malas e separadas uma da outra por uma barra cromada e a placa. 


O interior está mais sofisticado e com acabamento melhor que o da geração anterior e também em comparação com o Fit. O painel não é igual, mas lembra o monovolume, com traços retangulares, saídas de ar centrais horizontais estreitas e quadro de instrumentos de elementos circulares, incluindo a tela do computador de bordo, no lado direito. Uma das diferenças é um aplique prateado que começa no centro do painel e se estende até a área do carona.


O ar condicionado digital comandado por toque, que faltou no Fit brasileiro, felizmente foi incluído no City, mas restrito apenas às duas versões mais caras. Os instrumentos têm moldura iluminada azul, que fica verde quando o motorista estiver conduzindo de forma econômica. A tela de cinco polegadas tem câmera de ré, mas não tem GPS.


O espaço interno melhorou bastante, principalmente para as pernas do passageiro do banco de trás. E isso graças ao aumento da distância entre-eixos de 2,55m para 2,60m, Mesmo alguém de 1,90m vai viajar bem folgado. O assoalho agora é plano, como no Civic. 


A Honda divulga 536 litros de capacidade para o porta-malas. Mas, consultando a ficha técnica  no site da montadora, descobre-se que é a soma de 485 litros da área convencional mais 51 litros embaixo do assoalho. Outro pecado é a dobradiça "pescoço de ganso" que rouba espaço da bagagem. O Ford Ka+, por exemplo, é mais barato e tem dobradiças pantográficas.


Como já foi dito, o City continua com o motor flex 1.5 i-VTEC 16v de comando variável das válvulas. A potência permanece em 115/116 cv. Já o torque subiu para 15.3 kgfm. O câmbio automático CVT chega a sete marchas. O volante tem borboletas para troca manual de marchas, que falta ao Fit. A transmissão só não é oferecida na versão básica DX (o manual tem apenas cinco marchas), enquanto as borboletas e a posição esportiva S só aparecem nas duas versões mais caras (EX e EXL).


Com câmbio automático e gasolina no tanque, a versão top do City acelera de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos e retoma a velocidade em 8,2 segundos. O consumo é de 12,5 km/l na cidade e 16,7 km/l na estrada. A 120 km/h a frenagem é de 67,7 metros e o nível de ruído de 68,5 decibéis. Os números são da revista Quatro Rodas.

Comparado aos concorrentes (Fiat Linea, Ford Fiesta, Kia Cerato e Hyundai HB20S), o City é superior em consumo (tudo bem que os outros foram testados com álcool) e só perde em desempenho para o Fiesta, que tem motor 1.6 16v de 130 cavalos, e para o 1.8 16v de 132 cv do Linea, mas só ganha do Hyundai HB20S em frenagem (os freios traseiros do Honda são a tambor) e fica atrás de todo mundo no nível de ruído. Os sul-coreanos usam o mesmo motor 1.6 16v Flex de 128 cavalos.


O Honda City custa a partir de R$ 53.900 na versão DX, com câmbio manual. A LX sai por R$ 62.900, a EX R$ 66.700 e a EXL, por R$ 69 mil. Estas três últimas só com o câmbio CVT.


O City DX tem grade cinza, quadro de instrumentos com iluminação alaranjada, calotas sobre as rodas de aço de aro 15" e vem de série com ar condicionado, direção elétrica, trio elétrico, áudio com CD, MP3 Player e dois alto-falantes, airbags frontais, freios ABS com EBD e quadro de instrumentos com iluminação âmbar. O LX adiciona o câmbio CVT, grade e friso traseiro cromados, alarme, mais dois alto-falantes, rodas de liga-leve de 16 polegadas, o banco traseiro bipartido com descansa-braço. O EX ganha maçanetas cromadas, faróis de neblina, retrovisores externos com piscas, rodas diamantadas, chave canivete, o quadro de instrumentos com iluminação azul e indicação de economia, o ar condicionado digital e a tela multimídia (ambos com controle tátil), câmera de ré, Bluetooth, quatro tweeters, controle de velocidade (piloto automático), volante multifuncional e a função Sport e as borboletas no volante do câmbio CVT. O EXL completa com bancos  e volante em couro, apoio de braço dianteiro central e airbags laterais. 


O custo-benefício do City é razoável. Um pouco mais barato que o Fiat Linea com airbags de cortina, bem mais barato em comparação com o Cerato, que tem teto solar, mas é muito caro que o New Fiesta, pois o mexicano tem controles de tração e estabilidade. 

O novo Honda City continua muito caro para um sedã compacto e pouco equipado para um médio. Mesmo assim, esse o objetivo desta nova geração, que assumidamente quer  brigar com gente grande. Não foi à toa que ficou muito parecido com o Civic. 

Concorrentes

Fiat Linea Absolute 1.8 16v - R$ 69.467 (com airbags de cortina)
Ford New Fiesta Titanium 1.6 16v -  R$ 64.590 (com controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa)
Hyundai HB20S 16v - R$ 55.190
Kia Cerato 1.6 16v - R$ 71.900 (com teto solar)



Pontos Fortes 

+ Estilo
+ Acabamento
+ Espaço interno 
+ Consumo 

Pontos Fracos

- Motor
- Frenagem
- Nível de ruído 


FICHA TÉCNICA 

Motor: Quatro cilindros em linha, transversal, 1.497 cm³, 16 válvulas
Potência: 115 cv (gasolina) e 116 cv (álcool)
Torque: 15,3 kgfm a 4.800 rpm
Câmbio: Manual de cinco marchas (DX) e automático CVT (demais)
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,7 segundos (revista Quatro Rodas, com gasolina)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 12,5 km/l na cidade e 16,7 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,46/1,70/1,49/2,60m
Porta-malas: 536 litros (485 + 51 litros abaixo do assoalho)
Tanque: 46 litros
Preços: R$ 53.900 (DX) / R$ 62.900 (LX) / R$ 66.700 (EX) / R$ 69.000 (EXL)