Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Desde o final dos anos 60, as duas gerações da Chevrolet Veraneio e a sua sucessora, a Blazer, prestaram bons serviços como camburão policial em todo Brasil. A nova geração do SUV grande da General Motors não deve fugir do mesmo destino nos próximos anos, mas, para já, a sua missão é oferecer luxo e conforto a uma família numerosa... e rica.

O utilitário esportivo continua derivado da S10. Só que agora se chama TrailBlazer, nome criativo, em meio a tantos Grands por aí. Apesar de lembrar o time de basquete da NBA localizado em Portland, o novo prenome sugere que o pesado camburão de 1995 entrou nos trilhos. Ou na trilha.



A altura em relação ao solo de 23,2 cm permite que a Trailblazer enfrente até 80 cm de profundidade em uma trilha alagada ou mesmo uma enchente urbana. A tração integral, controlada por um botão giratório no console, tem dois níveis de funcionamento: normal e reduzida, além da possibilidade de desligamento. No asfalto, o rodar ficou mais confortável. A suspensão traseira ganhou molas helicoidais para evitar o pula-pula da antiga Blazer, embora ainda não tenha se livrado do incômodo em pisos irregulares, culpa da velha arquitetura do chassi com eixo traseiro rígido. O SUV não ficou tão Trail como o nome sugere. 


A Trailblazer é grande, mas é menor que a S10: comprimento de 4,88m contra 5,35m do utilitário de caçamba com cabine dupla. A distância entre-eixos de 2,85 garante o amplo espaço interno da "perua", que comporta sete passageiros em disposição 2-3-2.



As duas fileiras de trás são um pouco mais elevadas em relação ao banco da frente, criando o efeito anfiteatro. Os bancos do meio podem ser reclinados. Todos os sete lugares têm direito a cinto de segurança de 3 pontos e apoio de cabeça, além de 11 porta-objetos. Mas levando a turma toda, o porta-malas só comporta 205 litros. É o suficiente para dar carona ao colégio para os colegas dos filhos. Ou levar todo mundo para o trabalho. Pra quem tem uma família convencional, de até cinco integrantes, a capacidade sobe para 878 litros. Deixando o utilitário só com o motorista e carona, a capacidade sobe para 1.830 litros.


O painel simétrico é o mesmo da picape que lhe deu origem. A iluminação dos instrumentos continua azul. Mas o seu acabamento e os revestimentos das portas e dos bancos, de couro, são mais sofisticados. Afinal, a Trailblazer é o carro mais caro fabricado no país. Por isso, tinha que ser luxuosa. Além disso foi feita para o lazer e conforto enquanto a picape para o trabalho pesado.


A sua única versão de acabamento é a LTZ, que traz de série ar-condicionado digital de duas zonas com saídas e comando manual de intensidade para os passageiros de trás, bancos com ajustes elétricos, computador de bordo, piloto automático com comandos no volante, som premium com rádio CD Player, MP3, Bluetooth, entradas mini-USB e auxiliar. freios ABS com EBD, controles de tração e estabilidade, airbag duplo frontal, airbags do tipo cortina, sensor de estacionamento traseiro, assistente de partida em rampas, sistema anticapotamento, engate Isofix de fixação de cadeiras infantis, rodas de liga leve de 18 polegadas (a roda do estepe é de 16") e faróis de neblina. Câmera de ré, navegador GPS e DVD frontal e de teto são vendidos como acessórios.



A motorização é que define o preço da Trailblazer. São duas opções. A mais barata é com o novo V6 3.6 VVT a gasolina de 239 cavalos de potência (mais fraco que o da Captiva, de 258cv), que custa R$ 145.450.

Já acho estranho um motor de quatro cilindros (ainda que movido a diesel) custar mais caro que um seis cilindros a gasolina. Mas chega a ser absurda a diferença de preço entre elas. O 2.8 CTDI turbodiesel, de 180 cavalos (e a potência ainda é menor!), vem da S10. A transmissão automática sequencial de seis marchas também é igual. Ainda assim, o motor é vendido por R$ 175.450. Trinta mil de diferença para um carro que tem o mesmo pacote de equipamentos? Injustificável.


Geralmente dizemos que uma carroceria derivada de algum modelo é igual ao original até a porta dianteira ou a coluna B. No caso da Trailblazer, essa semelhança com a S10 vai até a coluna C. Inclusive na base ascendente das janelas laterais. A diferença está, obviamente na traseira, que é reta, mas com o vidro traseiro prolongado até a lateral, que ficou com um efeito curvado nas janelas e colunas posteriores. Também se destaca o vinco "culote" que nasce na altura das lanternas bicolores com luzes de LED (vermelha e branca) de aparência horizontal. A grade dianteira dispensa apresentações.

Olhando rapidamente, é possível achar que a Trailblazer ficou muito parecida com a Toyota Hilux SW4. No entanto, comparando as duas chegamos à conclusão que a Chevrolet é mais moderna. Mas a intenção foi essa mesmo. Aproximar-se do estilo da sua maior concorrente, só que com mais elegância.


A Hilux a diesel de sete lugares (R$ 181 mil) consegue ser mais cara que a Trailblazer similar. Em contrapartida, a versão a gasolina é bem mais barata (R$ 115.300). Mesmo a japonesa não tendo sete lugares com esse motor, a diferença é muito grande. Outros concorrentes da Chevrolet serão o Mitsubishi Pajero Dakar (R$ 158.990), o Kia Mohave (R$ 169.900), o futuro Santa Fé renovado e o Land Rover Freelander (pela faixa de preço de R$ 152 mil).

Com a Chevrolet Trailblazer, o segmento de utilitários esportivos grandes, de repente, ficou mais disputado. A velha Blazer já não tinha nenhum fôlego. Vinha perdendo a preferência até na área de segurança pública. A Hilux SW4 já está sendo usada pela polícia de alguns estados, inclusive do Rio de Janeiro em breve. Mesmo inicialmente voltada para a família, a Trailblazer não deve escapar de ser convocada para servir ao país num futuro bem próximo.