Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Tem nome de herói de videogame. Mas a relação do Chevrolet Sonic com o simpático personagem da Sega é mera coincidência. Tanto que não haverá nenhuma referência a ele na publicidade. Em outros mercados o Sonic até tem outro nome, como Aveo na Europa e Barina na Austrália. Mesmo assim, a GM quer conquistar os jovens motoristas que, quando crianças ou adolescentes, jogavam com o veloz porco-espinho lá nos anos 90. 

Carro mundial, a exemplo do médio Cruze e o utilitário Captiva, o Sonic já está à venda no Brasil, depois de entrar no exigente mercado dos Estados Unidos, cada vez mais receptivo a carros compactos, principalmente na versão hatch, que desembarca aqui junto com o sedã. Ele também deseja preencher a lacuna existente entre o Agile ou Cobalt e o Cruze, entrar no segmento de compactos premium e ser o primeiro forte adversário do Ford New Fiesta. E se agradar aos mais velhos poderá ocupar o lugar do saudoso Astra.

Levando em conta a lenta chegada ao Brasil de modelos internacionais, até que o Chevrolet Sonic chegou rápido, mas não como o Sonic da Sega. Demorou dois anos. A GM usou esse tempo para analisar os concorrentes (o New Fiesta, Honda Fit/City, Fiat Punto e Volkswagen Polo), escolher a motorização ideal e negociar um preço competitivo para vir importado, primeiramente, direto da Coreia do Sul, origem que paga 30% a mais de IPI. E conseguiu: custa entre R$ 46.200 e R$ 56.100. Os valores já incluem o novo desconto do IPI anunciado no mês passado. É apenas um pouco mais caro que o New Fiesta. Só no ano que vem que ele passa a ser trazido do México.


Outra semelhança acidental do Chevrolet Sonic com o xará porco-espinho é o estilo frontal nervoso e agressivo, mas ao mesmo tempo simpático. A grade dividida, marca registrada da marca, é ainda mais exagerada. Tanto que a placa de licença fica na barra de plástico frontal, bem embaixo da linha divisória grade/para-choque na cor do veículo, que abriga a enorme gravata dourada. Os faróis, com desenho zangado, não têm lentes protetoras. Os refletores ficam desprotegidos, formando o chamado efeito 3D.

Este efeito também aparece nas lanternas traseiras do hatch, que tem os puxadores das portas laterais posteriores embutidos na coluna. A intenção foi fazer o dois volumes mais jovem e esportivo, com o teto alto, linha de cintura ascendente e traseira de minivan. As lanternas do sedã também são verticais, mas têm as lentes (vermelhas), que acabam destacando os dois refletores circulares. A tampa do porta-malas é alta e a caída do teto convencional, dando-lhe um perfil mais sóbrio. É o elegante da linha, voltado para jovens famílias.


O interior é o mesmo para as duas carrocerias, onde predomina o painel inspirado no Cruze. Até o tom mais claro, que se estende até as portas, está lá. Não venham dizer que o quadro de instrumentos, como o das motos, formado pelo conta-giros analógico e o velocímetro digital foi imitado pelo Cobalt. Foi exatamente o contrário. Afinal, o Sonic, que tem este quadro de instrumentos mais aparente, foi lançado no exterior em 2010.




As saídas de ar centrais são retangulares horizontais e as das pontas do painel são circulares, com difusor que lembra a turbina de um avião (superSonic?). O que parece outro par de saídas verticais, na verdade, são dois porta-objetos. Há outros 12 espalhados pela cabine, entre eles a gaveta embaixo do banco do carona, um porta-cartão embaixo do rádio e os dois porta-luvas, sendo que o de cima tem uma entrada USB em seu interior. O acabamento é bem montado, mas peca pelo excesso de plásticos duros.

O espaço na frente é muito bom e igual para os dois. Já, atrás, o hatch acomoda bem melhor a cabeça de dois passageiros. As pernas vão um pouco apertadas em ambos, embora menos que no New Fiesta. O viajante do meio vai sem apoio de cabeça, cinto de segurança de 3 pontos e ainda sofrerá com o túnel da transmissão. A preocupação com a folga dos ocupantes foi tanta que a Chevrolet abriu mão do porta-objetos nas portas traseiras. Não deve ter adiantado muito.


Altura (1,52m), largura (1,74m) e a distância entre-eixos (2,53m) são as mesmas. Já o sedã (4,40m) é bem mais comprido que o hatch (4,04). Isto só fez diferença no porta-malas, que se mostrou o calcanhar de aquiles do hatch. Tem apenas 265 litros de capacidade. Menos que o do Uno, de 280. O do sedã, de 477 litros, é razoável, mas tem carros menores do que ele com mais de 500 litros. E a dobradiça ainda é do tipo pescoço de ganso.


Nos estudos para escolher o motor ideal do Sonic no Brasil havia a dúvida entre o Ecotec 1.8 16v, o mesmo do Cruze, ou a sua variação mais compacta, com 1.6 litros. Optou-se por esta última, que também é Flex, possui coletor de admissão variável (VIM), duplo comando de válvulas continuamente variáveis (Dual VVT) e software de gerenciamento baseado em torque (SO) desenvolvido pela própria General Motors. O Ecotec 1.6 Flex rende 116 cavalos com gasolina e 120 cv com álcool.  É a estreia deste propulsor no mercado brasileiro. O Sonic chegou com duas opções de câmbio: manual de cinco marchas e automático de seis, também igual do médio. Este último é exclusivo do LTZ e tem direito a plaquinha Ecotec6.

No hatch, a aceleração de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos está ao nível dos rivais Punto e New Fiesta. A frenagem de 80-0 km/h em 26,5 metros também, mas apenas em relação ao Fiat, pois o Ford vai até os 30 metros. A mesma coisa acontece no nível de ruído de 68,7, só que aí os dois são superados pelo New Fiesta. O consumo de 7 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada, com álcool, é o seu ponto fraco.


O sedã também se equipara aos concorrentes. A aceleração de 11,4 seg. é quase idêntica ao Fiat Grand Siena e o New Fiesta, mas perde para o Honda City. A retomada entre 80 e 120 km/h de 9,3 seg. se beneficia do câmbio automático na opção testada pela revista Quatro Rodas, dona de todos esses dados, e supera esses três modelos. A frenagem 80-0 de 26 metros quase empata com o Ford e supera os outros dois rivais. O nível de ruído a 120 km/h de 67,7 decibéis é idêntico ao do Fiesta e do City, mas ambos perdem para o Grand Siena. Assim como o hatch, o sedã também é gastador de combustível. A média é quase a mesma, só anda menos 0,3 km/l na estrada. Fica atrás do trio mencionado.


As duas carrocerias do Sonic chegam em duas versões de equipamentos. A que custa os R$ 46.200 citados no início do texto é o hatch LT. O sedã LT sai por R$ 49.100. Ambos vêm equipados com ar-condicionado, airbags dianteiros, direção hidráulica, computador de bordo, rádio/CD Player com MP3 e entradas auxiliares, freios ABS com EBD, vidros, retrovisores e travas elétricas, rodas em liga leve aro 15 e desembaçador do vidro traseiro.

O Sonic LTZ é vendido por R$ 48.700, o hatch, e R$ 51.500, o sedã, ambos com câmbio manual.  Adiciona ao LT o sensor de estacionamento, faróis de neblina dianteiros, apliques cromados nas maçanetas internas, friso lateral cromado, rodas em liga leve aro 16, com pneus 205/55 R16, descansa braço central, controles para o rádio no volante, Bluetooth, a entrada USB no porta-luvas e rede porta-objetos no porta-malas. O câmbio automático, em pacote com o controlador de velocidade e o revestimento dos bancos em couro, aumenta o preço para R$ 53.600 (hatch) e R$ 56.100 (sedã).


Além desse preço, o comprador poderá ter que desembolsar mais R$ 965 pela pintura metálica, que pode ser vermelha, cinza, prata e preta. O Azul Boracay, essa cor brilhante que você vê no hatch, é exclusiva dele. A única cor sólida é a branca.

Notou a falta de equipamentos como controles de tração e estabilidade, sistema multimídia com GPS integrado (é vendido o de para-brisa, como acessório), ar condicionado digital, airbags laterais, assistente de partida em ladeira e teto solar? Pois é. Aí que está o verdadeiro motivo pelo qual o Sonic chegou da Coreia do Sul com um preço tão competitivo. A GM já anunciou que ele não ficará mais barato quando vier do México. Espero que ganhe mais itens, então. Só assim, o Sonic será tão bem lembrado no futuro como o seu xará do videogame. 





Avaliação

Preço 
***
Motor 
****
Desempenho 
***
Consumo
*
Segurança 
***
Conforto 
***
Porta-malas Hatch
*
Porta-malas Sedan 
***
Estilo Hatch
****
Estilo Sedan
***

Acabamento 
***
Espaço interno Hatch 
***
Espaço interno Sedan 
**
Equipamentos 
***

Média 
***

CHEVROLET SONIC HATCH ECOTEC 1.6 16v

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.598 cm³,16 válvulas
Potência: 116 cv (gasolina) e 120 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,2 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: 180 km/h (fabricante)
Consumo: 7 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,04/1,74/1,52/2,53 m
Porta-malas: 265 litros
Tanque: 46 litros
Preço básico: R$ 46.200 (LT) / R$ 48.700 (LTZ manual) / R$ 53.600 (LTZ automático)

CHEVROLET SONIC SEDÃ ECOTEC 1.6 16v

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.598 cm³,16 válvulas
Potência: 116 cv (gasolina) e 120 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,4 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool e câmbio automático)
Velocidade máxima: 180 km/h (fabricante)
Consumo: 7 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,40/1,74/1,52/2,53 m
Porta-malas: 477 litros
Tanque: 46 litros
Preço básico: R$ 49.100 (LT) / R$ 51.500 (LTZ manual) / R$ 56.100 (LTZ automático)