Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Atualizado em 16/06/2012 à 0h05.

A Toyota aderiu à moda dos veículos projetados para países emergentes (pobres) e vai vender no Brasil, a partir de setembro, o carro ideal para mercados que consomem produtos de estilo duvidoso, acabamento espartano e preço alto, garantindo ótimos lucros para as montadoras. 

É o Etios, modelo compacto lançado na Índia em 2010, em duas versões de carroceria: hatch (que recebe o sobrenome Liva por lá) e sedã. Este último parece uma imitação do Renault Logan, por causa das linhas retas, a lateral plana e as lanternas traseiras triangulares. Até os faróis são parecidos. Já o dois volumes junta o Logan, a grade do Corolla, a lateral do Gol e a traseira do Kia Picanto. 



                            

O interior é típico de carros de baixo custo: plásticos duros em excesso e estofamento barato. O painel tem as duas saídas de ar centrais circulares dispostas verticalmente mais para o lado do carona. As demais continuam nas extremidades. Não satisfeita em oferecer acabamento ruim, a Toyota resolveu prejudicar também a ergonomia, colocando o quadro de instrumentos no centro do painel. Para piorar, velocímetro e conta-giros são analógicos. Se fossem digitais diminuiria o problema. A adaptação para a mão esquerda usada no Brasil e na maior parte do mundo sairia muito cara. Na Índia, o volante fica no lado direito. 

A única qualidade do Etios está no espaço interno, tanto para passageiros quanto para as bagagens. Pernas, ombro e cabeça vão bem acomodados e a Toyota promete uma capacidade de 595 litros para o sedã. O hatch fica devendo: 263 litros. Até o porta-luvas comporta 13 litros. 

Curiosamente, apesar de terem a mesma plataforma, a distância entre-eixos varia em cada tipo de carroceria. O sedã tem 2,55m e o hatch, 2,46m. A diferença no comprimento é natural: 4,26m e 3,78m, respectivamente. Só a altura e a largura os dois Etios têm em comum: 1,51m e 1,70m. 


Estão previstos dois motores, 1.3 e 1.5, ambos flex, 16 válvulas e tanquinho de partida a frio (Cadê a tecnologia? Já tem carros dispensando o reservatório). O hatch terá os dois. O sedã só o de maior cilindrada. A potência não foi divulgada, mas o site Auto Diário informa que o 1.3 pode ter 90 cavalos e o 1.5, 110 cv com comando de válvulas variável (o conhecido sistema VVTi da Toyota). 

O Etios fabricado na já pronta planta de Sorocaba, interior de São Paulo, virá com airbags frontais e freios ABS de série. Já é algo positivo, pois a obrigatoriedade desses itens de segurança só começa em 2014. Entre outros equipamentos previstos estão ar condicionado manual, trio elétrico, regulagens do banco do motorista e do volante e tocador de CDs com MP3 e entradas USB. 

Desde que foi lançado na Índia havia a expectativa que o Etios passasse por profundas modificações estéticas para vir ao Brasil. Mudaram só a grade. É de se preocupar, pois é bem provável que o Corolla, mostrado aqui semanas atrás, mantenha o desenho antiquado do Japão. 

A Toyota pretende produzir 70 mil unidades do Etios por ano e vender esta quantidade de janeiro a dezembro de 2013 a preços estimados entre 35 e 55 mil reais. Isso deve dar bons lucros para a montadora, que tem planos de lançar outros carros para mercados pobres. A não ser que decida fabricar o Yaris para disputar o segmento de compactos premium, os japoneses já demonstram que também se renderam às carroças.