Texto: Gustavo do Carmo
Foto: Divulgação


Mais para atender às pressões das montadoras, que já ameaçavam dar férias coletivas por causa dos pátios cheios e baixas vendas, do que para compensar o consumidor, que já tinha sido prejudicado pelo aumento do IPI para importados extra-México-Mercosul em setembro passado, o governo federal abriu a semana anunciando a redução do mesmo Imposto sobre Produtos Industrializados até o dia 31 de agosto. 

Os carros nacionais, do Mercosul ou do México com motor até 1.0 litro de cilindrada, que antes pagavam 7%, agora estão isentos. Os importados da mesma faixa, como o Kia Picanto, que estavam pagando 37%, passarão a pagar 30%. 

Veículos nacionais com motores a álcool (ainda tem algum que não seja flex?) ou bicombustíveis, entre mil e cem e duas mil cilindradas, tiveram redução de 11% para 5,5%. Os importados caíram de 41 para 35,5%. Os com motores só a gasolina reduziram para 6,5% (antes 13) e 36,5% (43). Entre os utilitários, a alíquota caiu de 4% para 1% nos nacionais e 34 para 31% nos importados. 


Além dessa redução do IPI, o governo também vai reduzir o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e rebaixar o depósito compulsório dos bancos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que anunciou as novas medidas na segunda-feira, afirmou que os bancos (públicos e privados) já se comprometeram com o governo a elevar e facilitar o crédito para a venda de veículos. 

Em troca, as montadoras instaladas no Brasil terão que dar descontos adicionais à alíquota. Dois e meio por cento para carros com motores até 1.0, 1,5% para veículos entre 1.1 e 2.0 litros e de 1% para utilitários e comerciais. As montadoras já estão cumprindo a promessa. Fiat, Volkswagen, Toyota, Honda, Chevrolet, Peugeot, Ford, Nissan, Renault, JAC Motors já anunciaram novos preços. A marca chinesa foi a primeira a divulgar o desconto. 

Reduzir impostos e baixar o preço é muito bom, claro. Mas isso deveria ser permanente. Acontece que a inflação vai voltar, o dólar está subindo e, acredito que os preços vão aumentar antes de setembro, mesmo com a promessa de dar descontos feita pelas montadoras. O que me incomoda não é somente o uso político da medida, mas também a instabilidade dos preços e alíquotas no Brasil. 

Com essa promoção por tempo limitado faltou o Ministro Mantega aparecer gritando com letras garrafais: APROVEITEM, GENTE! É SÓ ATÉ O DIA 31 DE AGOSTO!