Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Para divulgar a nona geração do Honda Civic no Brasil, que chegou às concessionárias no dia 17 de janeiro, a agência F/Nazca criou o adjetivo Espetacnológico.




Tecnológico até pode ser. Ele ganhou computador de bordo, botão de economia, câmbio automático sequencial, acendimento automático dos faróis, teto solar, airbags laterais, controles de tração e estabilidade, assistência de frenagem, estabilizador da direção, navegador por GPS e Bluetooth. Mas a quarta carroceria do sedã médio fabricada em nosso país (quinta comercializada) não é tão espetacular como anunciam.

Para quem acha que um carro reestilizado tem que ser completamente diferente da versão anterior vai se decepcionar com o novo Civic. Seu estilo lembra muito o antecessor, principalmente a frente com olhos de Jaspion e a barra cromada na grade.

Mas quem pensa que a traseira foi a única coisa que mudou radicalmente está redondamente enganado. O carro é inteiramente novo. Além da substituição das comportadas lanternas com apliques em forma de bumerangue pelo destacado formato diamantado no canto do porta-malas e na lateral, é possível a notar, na foto abaixo, que o modelo 2012 tem uma caída do teto mais suave. O Civic mudou, mas manteve a sua personalidade. A ordem na Honda parece ter sido de não mexer muito no estilo que causou furor em 2006.


A grade frontal agora tem dois filetes escuros (foscos no LXS e black piano no LXL e EXS) abaixo do tradicional friso cromado. Detalhes que lembram vagamente o compacto City e o crossover CR-V. Os faróis ficaram mais inclinados e ganharam novos refletores, inclusive um canhão de luz elíptico. O para-choque dianteiro ganhou um vinco em sua parte superior, como se destacasse da grade. A disposição dos faróis de neblina e entrada de ar é semelhante ao do anterior. A largura de 1.755m ganhou apenas 3 milímetros. A altura de 1,45m é a mesma. 

Voltando para a traseira, a única decepção foi o aplique refletivo adicionado na tampa do porta-malas, na altura do compartimento da placa de licença. O modelo norte-americano, mostrado aqui no Guscar no início do ano passado, não tinha esse detalhe, que poluiu o visual. Espero que seja útil.



O interior também seguiu a filosofia do "muda, mas não tanto". O quadro de instrumentos de dois andares, com conta-giros analógico embaixo e velocímetro digital no andar de cima permanece lá. Mas o formato arqueado desta cobertura deu lugar a uma linha reta. O console central, antes apenas inclinado, agora é voltado para o motorista. O andar dos instrumentos digitais se prolongou para acomodar, no lado direito, um item que fez muita falta na geração anterior: o computador de bordo.

Na verdade, ele é uma das funções do i-Mid (intelligent-Multi information display), uma tela de cinco polegadas que também reúne as visualizações do sistema de áudio, mensagens de alerta e ainda pode exibir fotos como papel de parede. Nas versões LXS e LXL a imagem da câmera de ré é exibida nela. No EXS vai para o display touch-screen do navegador GPS de 6,5 polegadas, embutido no console central.  A operação do i-Mid é feita no botão no volante, redesenhado com miolo mais reto, botões redondos e sem vazamento no braço.

A visibilidade foi melhorada com o afinamento da coluna dianteira e o consequente aumento do vidro vigia próximo ao para-brisa. O acabamento manteve os mesmos tipos de materiais, como plástico rígido no painel e espuma na parte superior das portas. Mas o desenho do revestimento das portas e maçanetas foi alterado.

No alto, o modelo novo. Acima, o de 2006.

Apesar da redução da distância entre-eixos (de 2,70m para 2,67m), o bom espaço interno atrás foi mantido, inclusive com o assoalho plano. A contenção da medida do habitáculo foi uma das três maneiras de aumentar para 449 litros o tão criticado volume do porta-malas, o maior defeito do Civic passado, que tinha apenas 340. A primeira foi o comprimento, que passou de 4,48m para 4,52m. As outras foram os afinamentos do molde de isopor do revestimento do baú e do pneu do estepe, que agora só serve para emergência. A tampa não abre mais com a chave. Apenas pelo controle remoto ou na alavanca interna. Lamentavelmente, ela só tem revestimento interno na versão mais cara e tem dobradiça "pescoço de ganso". Se fosse pantográfica, o espaço para bagagem poderia ser maior.


O motor é o mesmo 1.8 16v iVTEC, só que modificado. Foram montados novos pistões, que dão menos atrito, e coletor de admissão. A potência com gasolina ganhou apenas um cavalo, para 139. E a do álcool continuou nos 140 cv. O torque também permanece entre 17,5 e 17,7 kgfm, ambos a 4.500 rpm. A capacidade do tanque aumentou de 50 para 57 litros.

O câmbio automático de cinco velocidades continua como opção das versões LXS e LXL, que têm de série o manual de mesmo número de marchas. Já o automático da LXL e EXS tem comando manual sequencial no volante, outra novidade.

No lado esquerdo do painel há o botão verde Econ, que reduz a potência do ventilador, a recirculação do ar condicionado, a força do acelerador, do controlador de velocidade e a resposta do câmbio automático. O acompanhamento é feito por barras verticais ao redor do velocímetro (agora de fundo preto) que vão mudando de azul a verde, de acordo com o modo de condução. Tudo para reduzir o consumo de combustível.



Como deu pra perceber ao longo deste texto, as versões do novo Civic continuam com a mesma nomenclatura, exceto a Si 2.0, que saiu de linha, infelizmente. Todas têm rodas de liga-leve de 16 polegadas, mas a do EXS tem desenho diferenciado.

A LXS evoluiu em equipamentos ao oferecer de série o botão Econ, o i-Mid, a câmera de ré, o ar condicionado digital (pena que é de apenas uma zona e sem saída para os bancos traseiros), direção elétrica progressiva e entradas USB e para i-Phone. Ainda tem freios ABS com distribuição eletrônica, airbag duplo, trio elétrico, rádio CD/Player com MP3, piloto automático com controles no volante, regulagem manual dos bancos e volante ajustável em altura/profundidade. Custa R$ 69.700 com câmbio manual e R$ 72.900 com o automático, que deve ser o mais pedido.


Como tudo tem um ônus, o LXS perdeu a opção dos bancos em couro, que agora só estão presentes, de série, na intermediária LXL (cujo segundo L da sigla em inglês - leather - significa couro) e na EXS. A LXL custa R$ 72.700 (manual, que deve ter pouca saída) e R$ 75.900 (automático). Também adiciona retrovisores externos com luzes de direção e acendimento automático dos faróis por sensor crepuscular.

A top EXS, por caros R$ 85.900, é a que traz o restante dos novos recursos tecnológicos (mas não espetaculares): GPS, controles de tração e estabilidade (VSA), assistência à estabilidade da direção (MA-EPS), assistência de frenagem de urgência e itens que deveriam vir desde a versão básica ou na intermediária como os airbags laterais, faróis de neblina, Bluetooth e teto solar elétrico.


A nova geração está disponível nas cores branca sólida, nas metálicas dourada, grafite, prata, duas tonalidades de cinza e uma preta perolizada. A garantia é de três anos. 

O novo Civic era pra ser lançado no meio do ano passado, mas as tsunamis no Japão e as enchentes na Indonésia, países asiáticos que fornecem algumas peças, atrasaram a produção em Sumaré (SP). Comportado, maduro (completa 40 anos de lançamento no Japão em 2012) e com equipamentos que faltaram na geração anterior, a nona edição do Civic chega com a missão de retomar a liderança de mercado entre os sedãs médios, perdida para o arquirrival Toyota Corolla. Entretanto, ele também vai ter que atravessar o caminho dos interessados no Renault Fluence, Peugeot 408, Volkswagen Jetta, Chevrolet Cruze e o estiloso Hyundai Elantra antes que eles cheguem às respectivas concessionárias.



FICHA TÉCNICA - HONDA CIVIC 1.8 16v FLEX i-VTEC

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.799 cm³, 16 válvulas
Potência: 139 cv (gasolina) e 140 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,1 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: não divulgado
Consumo Médio: 8,6 km/l (Revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,52/1,75/1,45/2,67m
Porta-malas: 449 litros
Tanque: 57 litros
Preços: R$ 69.700 (LXS manual), R$ 72.900 (LXS automático), R$ 72.700 (LXL manual), R$ 75.900 (LXL automático) e R$ 85.900 (EXS automático)