Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Fabricado em São Caetano do Sul (SP), o Chevrolet Cobalt, novo sedã da General Motors, vai substituir, de uma só vez, as versões similares do Corsa e do Astra. Mas foi neste último que os designers da empresa devem ter se inspirado para criar o seu estilo. Ao contrário das formas curvadas do médio-grande Cruze e da projeção mostrada em março no Guscar, o Cobalt adotou linhas retas, com colunas cegas. 

A traseira é alta e curta, com lanternas verticais, que invadem a lateral. A grade dividida pela barra na cor do carro segue a identidade visual da Chevrolet, mas a sua altura e os faróis, quase em formato de losango, deixaram o sedã com um aspecto desengonçado, mais do que o Agile, hatch compacto com o qual o Cobalt não tem nenhuma ligação técnica. Nem no porte: são 4,48m de comprimento, que o classifica como um médio.


A plataforma é a mesma do Corsa europeu, que está em sua quarta geração. A do Agile é derivada da segunda, de 1994. A busca por um espaço interno que supere Nissan Versa e Renault Logan justifica o conservadorismo das linhas, principalmente para acomodar melhor a cabeça dos passageiros mais altos. Apesar do teto parecer baixo, o objetivo foi cumprido. A altura externa mede 1,51m, a mesma do Versa. E a interna traseira supera a do rival. As pernas de quem vai atrás também vão confortáveis. A largura é o destaque (por fora, 1,74m), mas o passageiro do meio tem um ressalto no seu assento, que pode causar um leve desconforto. Também contribui para o bom espaço a distância entre-eixos de 2,62m. O porta-malas de 563 litros é, sem dúvidas, o seu maior destaque. Supera e muito os 510 do Logan. É maior até que o do Cruze (450). Um recorde entre os sedãs.


Por outro lado, o acabamento interno não me agradou. Apesar do desenho moderno do painel e do quadro de instrumentos com velocímetro digital e conta-giros analógico (conjunto emprestado do compacto premium Sonic/Aveo, que chegará em abril do ano que vem), a aparência dos plásticos é muito pobre. Detalhes prateados na versão mais cara apenas disfarçam as rebarbas no painel e nas portas. Estas ainda têm revestimentos modestos e o tecido dos bancos passa a impressão de que vai desfiar facilmente. Mas o isolamento acústico funciona e o nível de ruído é baixo.


O único motor do Cobalt é o Econoflex 1.4 VHCE de oito válvulas. Fraco para um carro desse tamanho. Tem 97 cavalos para receber gasolina e 102 cv para o álcool. O câmbio manual tem cinco marchas. A GM divulgou números muito otimistas de aceleração de 0 a 100 km/h: 11,5 segundos com álcool e 11,9 seg. com gasolina. A Quatro Rodas obteve 13,5 seg. Já a velocidade máxima de 170 km/h anunciada pela fábrica é realista. Nem no consumo de combustível, o Econoflex se mostrou econômico. Novamente de acordo com a Quatro Rodas, os números ficaram em 7,2 km por litro na cidade e 9,9 km/l na estrada, com etanol. A Chevrolet promete para o ano que vem um Cobalt com motor 1.8 e câmbio automático de seis marchas. Vamos esperar.


Como o rival da Nissan, o Cobalt está sendo vendido em três versões de acabamento. A básica é a LS, que custa R$ 39.980. Vem com calotas integrais, ar condicionado, direção hidráulica, trava elétrica das portas e porta-malas, desembaçador traseiro, encostro traseiro do banco rebatível 60/40, chave tipo canivete com abertura à distância e banco do motorista com regulagem em altura.

A intermediária LT custa R$ 43.780 e adiciona ao LS airbag duplo frontal, grade dianteira cromada, coluna de direção com regulagem de altura, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuidor eletrônico da frenagem), vidros elétricos nas portas dianteiras, alarme antifurto, além de pequenas diferenças como interior em dois tons e revestimento dos bancos.

Finalmente, a versão top de linha LTZ, por R$ 45.980, adiciona às duas anteriores rodas de liga leve, farol de neblina dianteiro, maçanetas internas e comandos do ar-condicionado cromados, barra cromada na traseira, rádio AM/FM com leitor para CD/MP3, Bluetooth e entrada USB, computador de bordo, espelhos retrovisores com regulagem elétrica e acionamento elétrico para todos os vidros.


A distribuição de equipamentos das duas versões mais caras foi mal-feita. Ou deixasse a LT completa ou colocasse vidros elétricos integrais e computador de bordo para esta versão, reservando os airbags e os freios ABS para a LTZ.

As opções de cores também não são muito variadas. De sólidas só há branco e preto. De metálicas, por R$ 903, tem tonalidades escuras de azul e verde, além de prata, cinza e bege.

No mercado, o Cobalt ficou caro. Considerando a sua versão básica LS e em comparação a concorrentes com ar condicionado, no mínimo, o Chevrolet pede mais que o Nissan Versa S (R$ 37.990), o Renault Logan Expression (R$ 38.450), o Symbol Expression (R$ 38.990) e o JAC J3 (R$ 39.900), que vem completo. É mais barato apenas que o Voyage (R$ 41.110) e o Peugeot 207 Passion XR (R$ 40.990). Já o Chery Cielo Sedan (R$ 43.990) e o Lifan 620 (R$ 40.990) são completos e para competir com eles, é melhor a versão LTZ, que é mais cara que os chineses. O Cobalt LTZ só leva vantagem em relação ao Ford New Fiesta (R$ 50.450) e o Honda City (R$ 53.620), 

Para compensar a desvantagem de preço, a Chevrolet deu, pela primeira vez para um carro da sua linha, 3 anos de garantia. Qualidades como espaço interno e porta-malas o Cobalt tem. E que elas ajudem o Chevrolet a ser bem-sucedido neste disputadíssimo mercado de sedãs compactos.





Pontos Fortes 


+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Nível de ruído
+ Garantia




Pontos Fracos 


- Acabamento  
- Motor fraco
- Desempenho
- Consumo  



FICHA TÉCNICA - CHEVROLET COBALT 1.4 ECONOFLEX VHCE 

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.389 cm³, 8 válvulas
Potência: 97 cv (gasolina) e 102 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,9 (gasolina) e 11,5 (álcool) segundos
Velocidade máxima: 170 km/h
Consumo Médio: 8,55 km/l (Revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,48/1,74/1,51/2,62 m
Porta-malas: 563 litros
Tanque: 54 litros
Preço: R$ 39.980 (LS), R$ 43.780 (LT) e R$ 45.989 (LTZ)