Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


A Hyundai já teve dois cupês marcantes na sua linha: o Scoupe e o FX. O primeiro, de linhas retas e sóbrias, ajudou na penetração da marca sul-coreana no mercado mundial, inclusive no Brasil, no início da década de 90. O segundo, mais arredondado, conhecido como Tiburon na América do Norte, foi vendido aqui entre 1997 e 2003.

A volta ao segmento precisava ser em grande estilo. E a Hyundai levou isso ao pé da letra. De um despretensioso (ou não) conceito apresentado no Salão de Seul de 2007 surgiu um ousado esportivo de teto baixo, frente agressiva e... três portas. Literalmente. É o Veloster.

Além de chamar atenção, o misto de cupê e hatchback se propõe a dar mais segurança. As portas foram distribuídas em uma do lado do motorista e duas para o lado dos passageiros.

Estas duas propostas são exploradas separadamente em comerciais no Brasil e no exterior. Enquanto aqui a linguagem usada é focada na esportividade e na inovação das três portas, na Holanda, por exemplo, foi feito um mórbido filmete em que a passageira do Veloster evitava o encontro com a Morte. Já no Focus a moça morria atropelada ao sair pelo lado da estrada. O anúncio é tão polêmico que foi proibido de ser exibido na televisão.


O perfil é um pouco distinto em cada lado. Na parte cupê o vidro lateral posterior é menor. A parte hatch lembra o i30, líder do segmento. A maçaneta da porta traseira é embutida na coluna lateral para dar uniformidade ao estilo. O teto se funde com o vidro traseiro, demarcado por um aerofólio. Quando também não é de vidro (opcional) é pintado de preto. Na tampa do porta-malas há duas depressões próximas às lanternas, que contribuem para a aerodinâmica. As saídas de escapamento são centralizadas de forma dupla no para-choque. Os faróis são espichados, têm duplo refletor, faixa de leds na parte inferior e ainda formam duas pontes nos para-lamas. A grade hexagonal mantém a filosofia da marca. A coluna dianteira é preta.



Já o interior, muito bem acabado, foge da ousadia da carroceria e segue o padrão dos novos modelos da Hyundai, com o console central formando um duplo cockpit (que não é exclusividade da Chevrolet), saídas de ar verticais lembrando asas e o monitor multimídia. A sua esportividade está nos arcos do próprio console, no volante de três braços com boa pegada, nos bancos anatômicos revestidos em couro, nos instrumentos individuais e nos detalhes cromados em parte e braços das portas, tubo dos instrumentos, extremidades do painel e no console.


O espaço é razoável, apesar do Veloster ser um carro médio, com 4,22 metros de comprimento, 1,79m de largura, 1,40m de altura e 2,65m de distância entre-eixos. As pernas vão bem folgadas, mas a cabeça roça o teto. A terceira porta não dá um acesso tão bom como promete e o cupê acomoda apenas duas pessoas atrás. Existe um porta-copos no centro. A visibilidade frontal é boa, mas para a traseira se complica. A câmera de estacionamento com visor no painel salva as manobras. O porta-malas é uma boa surpresa para um carro pensado na esportividade: tem 439 litros de capacidade e os encostos do banco traseiro podem ser rebatidos.


A tela do painel do Veloster tem 7 polegadas e é sensível ao toque e colorida. Concentra todas as informações do sistema de entretenimento e conectividade bluetooth. Também exibe imagens da câmera de ré, mas ficou faltando o navegador GPS. De série o cupê ainda é equipado com sistema de partida sem chave e botão “Start/Stop”, ar condicionado automático, computador de bordo, direção elétrica com regulagem de altura e profundidade, vidros elétricos dianteiros e traseiro, travas elétricas e alarme com comando na chave, retrovisores externos com comando elétrico e rebatíveis eletricamente, som com mp3, entrada USB e auxiliar, volante revestido em couro com comandos de som e piloto automático integrados, banco do motorista com ajuste elétrico, seis airbags, freios ABS com EBD, faróis de neblina, acendimento automático dos faróis, sensor de estacionamento com câmera de ré e rodas de liga-leve de 17 polegadas. As de 18 polegadas e o teto de vidro são os únicos opcionais.

O motor é um 1.6, somente a gasolina, de dezesseis válvulas, com duplo comando (DOHC), sistema de abertura variável de válvulas (CVVT) e acelerador eletrônico, que rende 128 cavalos de potência. No entanto, era esperado um motor 1.6 GDi, de injeção direta de combustível. O câmbio automático sequencial de seis marchas, com opção de trocas manuais, já estava previsto no lugar do robotizado de dupla embreagem.  


O Veloster começou a ser oficialmente vendido exatamente no dia em que o governo aumentou em 30% o IPI dos carros majoritariamente importados de países de fora do eixo Mercosul-México: em 15 de setembro. Ele vai pagar 41%.

Assim, o preço, que estava estimado entre R$ 68 e 75 mil reais, agora já está em R$ 75.700 o básico, R$ 80.900 o equipado com teto de vidro e R$ 82.900 o completo, com rodas de 18 polegadas. Apesar das fotos exibirem-no nas cores laranja e vermelho, a Hyundai só está trazendo o cupê para o Brasil nas cores preta e prata. A garantia é de 5 anos. 

Como carro de imagem, o Veloster não deve ser muito prejudicado pelo aumento arbitrário do IPI, mas os preços tendem a subir mais. As filas e o ágio devem diminuir. Ameaçados estão o sucesso do novo sedã Elantra, a liderança do hatch médio i30, a competividade do SUV ix35 e do luxuoso Sonata e a vinda da nova geração do i30 em 2012.