Texto: Gustavo do Carmo

Fotos: Divulgação



Já disponível para entrega no mercado brasileiro, o novo Audi A1 não vem para substituir o custo-benefício do A3, produzido no Paraná entre 1999 e 2006 e hoje importado. Apesar de se tornar o Audi mais acessível, o A1, também oriundo do exterior, tem a pretensão de oferecer a tecnologia da marca alemã em tamanho reduzido e encantar pelo estilo, não pelo porte do carro.


Aliás, carro compacto sofisticado e com estilo diferenciado ou retrô já virou moda. Tanto que o A1 vai concorrer com o Mini Cooper (representado pela BMW), o Smart ForTwo (pela Mercedes) e o Fiat 500. Em breve (se o governo da Dilma deixar) chegarão o novo VW Beetle e o Citroën DS3.


O Audi A1 está sendo vendido em versão única, com motor turbo 1.4, por R$ 89.900, sem opcionais, que são muitos.



Estilo ***


Baseado no conceito Metroproject Quattro, apresentado no Salão de Tóquio de 2007, é um hatchback de duas portas que mede 3,95 metros de comprimento, 1,74 m de largura e 1,42m de altura.



Seu desenho reúne todos os elementos estéticos da atual linha Audi: faróis geométricos com filetes de LED, grade trapezoidal invadindo o para-choque e lanternas horizontais em formato de asa, se destacando da região da placa. O que dá personalidade ao A1 são as colunas que ligam a traseira ao para-brisa, atravessando o teto. Elas formam um par de arcos que podem ter (pagando mais, é claro) cores contrastantes com o carro: cinza clara, grafite, branca ou preta, dependendo da pintura da carroceria, dando a impressão de um carro targa, principalmente na versão com teto de vidro, também opcional. Com tudo combinando o A1 fica engraçadinho, mas desengonçado. Lembra um pouco o Fiat 500.





Acabamento ***


O revestimento das portas e o painel são bem montados, mas abaixo da qualidade dos carros luxuosos da Audi. Peca pelo excesso de plástico duro. O tablier tem desenho simples, com saídas de ar circulares (com molduras também de cores escolhidas pelo comprador) e tela de LCD retrátil de 6,5 polegadas para o som (Audi Music Interface) e funções do carro. O volante de três braços e a alavanca do câmbio são revestidos de couro, ausente nos bancos envolventes, que são de tecido. O quadro de instrumentos tem fundo preto (inclusive o display do computador de bordo) com letras brancas. A influência visual do interior e alguns comandos do painel vem da Volkswagen, dona da Audi, que também emprestou a plataforma PQ25, estreada no novo Polo, uma geração à frente do nosso.




Espaço interno **


O Audi A1 é assumidamente um cupê 2 + 2 (para quem não sabe, são dois lugares na frente e dois atrás). O banco traseiro não tem nem cinto de segurança para o passageiro do meio. Seu assento tem um ressalto, que abriga um porta-copos opcional. Já quem vai nas pontas raspará a cabeça no teto se tiver mais de 1,70m. O espaço para as pernas também é curto, confortável apenas para viagens breves. O A1 foi um carro pensado para dois passageiros. Tanto que o motorista e o carona têm boa folga. Um veículo que tem quase quatro metros e 2,47m de distância entre-eixos poderia acomodar melhor os seus quatro ocupantes.




Porta-malas **

Com capacidade para apenas 270 litros, também é razoável. Menor que o do Uno, que tem 280. Visualmente parece que tem ainda menos. O batente do revestimento roubou bastante espaço. Como as lanternas sobem junto com a tampa há um par extra de luzes para sinalização quando o porta-malas está aberto. Se houvesse compensação no espaço interno dos passageiros estaria de bom tamanho.



Motor ****


O bloco 1.4 TFSI tem volume real de 1.390 cm³, turbo com intercooler, injeção direta de combustível e quatro válvulas por cilindro com duplo comando. Produz 20,4 kgfm de torque e 122 cavalos de potência. Poderia render mais. O Fiat 1.4 T-Jet usado no Punto e no Bravo, que não tem injeção direta, gera 152 cv. Mesmo assim, a potência é muito boa e proporciona economia. O A1 se destaca por oferecer, como opcional, o sistema Start Stop, que desliga o motor quando se pisa no freio e religa quando aciona o acelerador, tudo automático. O objetivo, além de reduzir o consumo de gasolina (único combustível do carro), é diminuir a emissão de poluentes, que ficou, segundo a Audi, em 122 g de gás carbônico (CO2) por km rodado.




Câmbio *****


O câmbio é o manual automatizado S-Tronic, com sete marchas, duas embreagens e comando por borboletas no volante. Pode ser usado de forma normal (posição D) ou esportiva (S). A quinta estrela foi obtida graças à segunda embreagem, que pré-engata a marcha seguinte. Se não tivesse, ficaria igual aos já conhecidos câmbios i-Motion (Volkswagen) e Dualogic (Fiat).



Desempenho ****


O A1 acelera de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos (8,9 segundos, de acordo com a Audi) e alcança 203 km/h (segundo a fábrica). Números muito bons. Ganhou quatro estrelas por arrancar em menos de dez segundos com a potência do turbo limitada. A retomada de 80 a 120 km/h, também medida pela revista Quatro Rodas, em apenas 6,7 segundos, é excelente. Por falar em retomada, o A1 também tem (como opcional) o sistema KERS, usado na Fórmula 1, que armazena energia a cada frenagem na bateria.



Consumo *****


O principal argumento para o uso de motores turbinados de baixa cilindrada, o chamado conceito down-sizing, é a economia de combustível. E o A1 cumpre muito bem a promessa. Anda 12,6 quilômetros por litro de gasolina na cidade e 17,2 km/l na estrada. Os números da Audi (15,4 km/l e 21,7 km/l, respectivamente) achei otimistas demais. Por isso, usei, como sempre, os dados da publicação da Editora Abril.



Segurança *****


A segurança é outro item do Audi A1 que eu classifiquei como ótimo. Vem completo de série em relação a itens do gênero: freios ABS, airbags frontais, laterais dianteiros e de cortina, controles de estabilidade e tração, faróis com lâmpadas de xenônio em ambos os fachos, regulagem de altura, iluminação diurna em LED e lavador automático, faróis de neblina, assistente de saída em aclives e sistema ISOFIX de encaixe de cadeiras infantis. Além disso, a frenagem medida pela Quatro Rodas também é muito boa: 24,3 metros a 80 km/h e 55,6 m a 120 km/h.




Conforto ***


O conforto dos passageiros de trás já foi sacrificado pela falta de espaço para as pernas. Para o motorista, a posição de dirigir é boa: o banco acomoda bem o corpo e há regulagem lombar do seu banco. Já o ruído é agradável, mas não excelente. A Quatro Rodas obteve médias de 60 e 66 decibéis a 80 e a 120 km/h, respectivamente.



Preço e equipamentos de série ***



Um carro que custa quase noventa mil reais (R$ 89.900) deveria vir completo de verdade. A lista do A1 é considerada boa por oferecer um excelente pacote de segurança de série, além do KERS e do Start & Stop como opcionais. Mas peca por deixar itens essenciais para o seu preço na lista extra e indisponibilizar outros. Ar condicionado manual, direção eletro-hidráulica, volante multifuncional regulável, trio elétrico, computador de bordo, som com MP3, Bluetooth e conexão com ipod estão no pacote básico. O climatizador digital poderia estar incluído nesse preço. Só que é opcional, junto com os porta-objetos (!), sensores de chuva, iluminação e estacionamento traseiro, retrovisor interno anti-ofuscamento, banco do passageiro com ajuste de altura, piloto automático, acesso ao interior e partida sem chave e por botão, teto solar panorâmico, sistema de áudio Bose e iluminação interna por LEDs. Tirando os quatro últimos, o pacote custa R$ 6.900. O teto solar custa R$ 4.500. O arco de cor diferente sai por 1.350 reais e as molduras das saídas de ar R$ 790. A partida por botão, R$ 2.500. O som Bose, R$ 3.374. As rodas de 17 polegadas são vendidas como acessório. Os pneus originais medem 16 polegadas. Bancos em couro, navegador GPS e câmera traseira não são oferecidos nem como opcionais. Uma pequena decepção.



Em relação ao preço, é compatível com a imagem da marca e próximo do principal rival, o Mini Cooper. Mas o Fiat 500, que tem o mesmo espaço, custa pouco menos de R$ 60 mil.




Conclusão ***


As qualidades do Audi A1 são o motor 1.4 TFSI, o câmbio S-Tronic de dupla embreagem, o desempenho, o consumo e a segurança. O compacto também se destaca pela personalização das colunas e das saídas de ar. Defeitos como o espaço interno traseiro e o porta-malas são justificados pela proposta esportiva do carro, que foi pensado para apenas dois passageiros. Mas a incompleta lista de equipamentos de conforto e conveniência e o preço relativamente caro mostram que a emoção será a principal motivação para o mais acessível dos Audi conquistar 3.000 compradores até o final do ano, meta estipulada pela importadora. Seiscentos fãs já encomendaram e estão recebendo o seu. Nesta análise o A1 provou mesmo ser um carro de imagem.




Cores



Sólidas (sem custo adicional): Branco Amalfi, Preto Brilhate e Azul Cúmulo

Metálicas (R$ 1.901): Prata Gelo, Vermelho Shiraz, Azul Esfera, Azul Scuba e Marrom Teca.

Perolizadas (R$ 1.901): Cinza Daytona, Vermelho Misano e Preto Fantasma

Cores dos arcos (R$ 1.350):



  • Cinza Daytona (somente com o carro branco)

  • Prata Gelo (nas cores Vermelho Shiraz, Azul Scuba, Cinza Daytona, Vermelho Misano e Preto Fantasma)

  • Preto Brilhante (com Azul Esfera Metálico)

  • Branco Amalfi (Marrom Teca)







FICHA TÉCNICA - AUDI A1 1.4 TFSI









Motor: Quatro cilindros, transversal, turbo, 16 válvulas, injeção direta de gasolina, 1.390 cm³

Potência: 122 cv

Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,9 segundos

Velocidade máxima: 203 km/h

Consumo médio: 18,55 km/l

Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 3,95/1,74/1,41/2,47 m

Porta-malas: 270 litros

Tanque: 45 litros

Preço: R$ 89.900