Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


No finalzinho do ano passado descobri no SyFy, canal de filmes e seriados de ficção científica da tv a cabo, a reapresentação do seriado A Supermáquina (O Justiceiro para os portugueses. Knight Rider no original). Exibido pelo SBT no início dos anos 80, marcou a minha infância. Via todas as quartas ou sextas à noite e, às vezes, rolava briga feia com a minha irmã, que queria ver o Globo de Ouro na então única televisão da casa.

Produzido por Glen A. Larson, o seriado contava a história do justiceiro Michael Knight, que combatia o crime para a Fundação Knight, do milionário Wilton Knight, com a ajuda do carro computadorizado K.I.T.T. (Knight Industries Two Thousand - Indústrias Knight 2000), que fazia de tudo, resgatava o herói dos apuros, era à prova de balas e ainda falava.

Wilton Knight morreu durante o projeto do carro e o negócio foi assumido pelo seu amigo Devon Miles (Edward Mulhare). A secretária e mecânica da organização era a bela Bonnie Barstow (Patricia McPherson), por quem eu tinha paixonite infantil. Michael era o ator (norte-americano, apesar do nome alemão) David Hasselhoff. E o K.I.T.T. também tinha a sua vida real: era o Pontiac Firebird Trans Am, que inaugura a nova seção do Guscar: a Direto da Tela, que vai falar de carros famosos da televisão ou do cinema.


Lançado em 1982, era a terceira geração do cupê esportivo original de 1967, projetado sobre a base do Chevrolet Camaro. Eram os pony-cars da General Motors contra o Ford Mustang.

Com 4,87m de comprimento, 1,84m de largura, 1,26m de altura e 2,56m de distância entre-eixos, as linhas retas do Firebird III inspiraram muitos esportivos japoneses como o Mitsubishi Eclipse e o 3000GT. O vidro traseiro era envolvente, a frente baixa e longa e os faróis escamoteáveis, ou seja, eram ocultos no capô, abrindo somente quando acesos.

A carroceria podia ser coupé, conversível ou targa (aberto com a coluna do teto preservada), como o usado pelo seriado de TV, onde aparecia na cor preta, com leds no capô para representar a "respiração" do K.I.T.T., painel interno totalmente digitalizado, manche no lugar do volante e banco ejetável.


Havia três versões do Firebird: a básica quatro cilindros 2.5, a S/E V6, luxuosa, e a Trans-Am, a top da linha e esportiva, que tinha duas opções de motor V8 5.0. A primeira com carburador de quatro corpos e potência de 145 cavalos. O câmbio podia ser manual de quatro marchas ou automático de três. O outro era o de injeção eletrônica monoponto Cross-Fire, de 165 cavalos e transmissão somente automática. E ainda tinha gente que achava pouco!



O interior era luxuoso e esportivo. Tinha banco traseiro, mas com espaço apertado. O painel envolvente não tinha nada de digital, a não ser o relógio no console inferior, que também abrigava o rádio. No superior havia dois marcadores do tamanho do velocímetro e do conta-giros. O volante era de três braços. A boa posição de dirigir não cansava. Os bancos eram de couro, com forração bege, cinza ou preta. Seu desenho tinha um arco formando um encosto de cabeça vazado. Aliás, este tipo de banco era opcional e da marca RECARO.


O Firebird Trans Am acelerava de 0 a 60 milhas por hora em 8,8 segundos. A suspensão era McPherson na dianteira e os freios eram a disco nas quatro rodas. Foi carro-madrinha das 500 Milhas de Daytona em 82 e 83.

Naquele mesmo ano, o Trans Am ganhou um novo motor V8, da série L69 com potência de 190 cavalos. Ainda com carburador quádruplo, era tão eficiente que tirou de linha o propulsor com injeção eletrônica. Em 1985 o Firebird passou por uma leve reestilização que mudou a frente e a traseira e lhe deu um novo motor V8, voltando a ser injetado eletronicamente, com 205 cv, além de um novo câmbio automático de quatro marchas.

O seriado da TV ajudou nas vendas do Pontiac Firebird Trans Am. Deixou de ser produzido em 1986, com 4 temporadas e 90 episódios. O ator David Hasselhoff tornou-se o salva-vidas da série praiana S.O.S Malibu (Baywatch), ao lado da voluptuosa Pamela Anderson, entre outras. Já o Pontiac Firebird ganhou uma nova geração em 1993, com linhas mais angulosas.


A série Knight Rider voltou a ser produzida em 2008. Só que agora o K.I.T.T. é interpretado por um Ford Mustang Shelby 500, que até cria imagens holográficas e se transforma em outros carros. No Brasil costuma ser exibido pela Record com o nome de A Nova Supermáquina. A Pontiac foi extinta no ano passado, conforme eu falei aqui no Guscar.