Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
É um Sandero Sedan? Ou uma nova geração do Clio Sedan? Teoricamente nenhum dos dois. A Renault garante de pés juntos que o novo Symbol, importado da Argentina e que vai preencher uma lacuna de porte e preço entre o Logan e o Mégane, é um carro totalmente novo. Mas acaba admitindo que a sua plataforma é do três volumes do seu antigo compacto. A prova é a mesma distância entre-eixos de 2,47m.

E a aparência não nega. As linhas centrais da carroceria, ou seja, a área que envolve para-brisa, teto e coluna traseira, lembram bastante o Clio Sedan, que deixa finalmente de ser fabricado. O resto é maquiagem para dar a impressão de um novo carro. Essas mudanças esticaram o comprimento em sete centímetros, o deixando com 4,26 metros.

Há muitas referências de outros modelos da marca francesa e até da Fiat no estilo do Symbol, nome já usado no Clio Sedan na Turquia. Os faróis, por exemplo, são parecidos com os do Sandero. Capô e grade remetem ao médio-luxuoso Laguna de 2001. As amplas e retas janelas, principalmente a terceira lateral, lembram o italiano Tempra. Bonita mesmo ficou a traseira, que se saiu a parte mais moderna e equilibrada do veículo. As lanternas amendoadas, concentradas no para-lama, se destacam no conjunto. Os arremates foram a assinatura Symbol no centro, embaixo do losango, e a barra cromada na base da tampa do porta-malas, que tem 506 litros, inferior ao Logan e ao próprio Clio, mas que mantém a boa fama da marca em oferecer amplo bagageiro.

No interior é agradável o desenho do painel que, enfim, parece seguir o atual padrão mundial da Renault. O acabamento é mediano entre os seus primos "romenos" (Logan e Sandero são projetos da Dacia) e os modelos europeus. Pena que o forro das portas é o mesmo do Clio, mas com os controles dos vidros incorporados, uma localização melhor do que no "antecessor", que ficava espremido no console do assoalho. O espaço interno, infelizmente, é apertado.

Para posicionar o Symbol acima do Logan, a Renault caprichou pra valer na oferta de equipamentos, que depois do estilo refinado, é o outro atrativo do estreante. Já se antecipando a nova lei, ele vem com air bag duplo de série desde a versão de entrada Expression, que também sai de fábrica com ar condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros e travas com acionamento elétrico, airbag duplo, regulagem da altura do volante e do banco do motorista, entre outros.

Há, ainda, a versão Privilège, mais completa, com ar condicionado digital, computador de bordo, CD Player com MP3 e comando na coluna de direção, vidros traseiros elétricos (opcionais no Expression), revestimento interno em veludo, rodas de alumínio de 15 polegadas (de aço 14" com calotas no Expression), faróis de neblina, entre outros. Os freios ABS são opcionais nas duas versões. Os respectivos preços básicos são de R$ 41.190 e 44.490.

O Symbol só tem o motor 1.6 16 válvulas HiFlex, com 110 cavalos a gasolina e 115 cv a álcool. O câmbio é o simples manual de cinco marchas. O desempenho anunciado de 10,1 e 9,9 segundos de aceleração de 0 a 100 km/h e 186/187 km/h de velocidade máxima é satisfatório. A montadora não divulgou o consumo, mas de acordo com os testes realizados pelas duas principais revistas do país a média de quilômetros por litro ficou muito baixa. A suspensão ficou mais macia que a do Clio para dar mais conforto. Só que com isso perdeu um pouco de estabilidade.

A intenção da Renault é fazer o Symbol concorrer diretamente com o Polo Sedan da Volkswagen, mas com certeza brigará com o Voyage, o Fiat Siena e o Peugeot 207. A sua garantia é de três anos, tempo bastante para avaliar se o novo modelo vai conquistar os fãs dos sedãs compactos como o seu primo Logan ou comprovará que é apenas um Clio Sedan maquiado.