Introdução de texto: Gustavo do Carmo
Texto e fotos: Ruy Barbosa



Já imaginaram uma picape Tempra? Se existisse seria uma rival à altura da Picape Peugeot, que fez muito sucesso nos anos 90, e, por que não?, da Chevrolet S10 e Ford Ranger, que foram lançadas naquela época e até hoje sobrevivem com várias alterações estéticas na carroceria original. Do jeito que é o nosso mercado é capaz até do Tempra utilitário existir até hoje.
Pois saibam que a Pick-up Tempra quase existiu. Foi avaliada em uma clínica (pesquisa de opinião com clientes selecionados), mas provavelmente rejeitada e o projeto engavetado. Usada por algum tempo na fábrica em Betim e depois doada para o Museu do Automóvel, em Brasília.

E foi lá que o amigo Ruy Barbosa, do fotoblog RBP Designer - www.flick.com/photos/rbpdesigner - descobriu essa raridade. Conta aí, Ruy:
Exemplar único, ele era um projeto de pick-up leve, a diesel, que a Fiat acabou preferindo não levar para frente. O modelo seria de 1994 e teria um motor 2.0 de 16V, sendo capaz de carregar 1 tonelada (exigência para o uso do motor diesel, conforme a legislação brasileira). O projeto é uma mescla entre as versões sedã e a wagon do Tempra, ambos vendidos no Brasil (sendo a wagon importada), com uma cor berrante de Uno Turbo nesse protótipo. A pick-up seria a resposta da FIAT para concorrer com a Ford Ranger e a Chevrolet S-10. Esse único exemplar feito foi exibido em clínicas para servir de pesquisa de opinião. Como não deve ter tido tão boa acolhida, a FIAT achou por bem engavetar o projeto, fez algum uso interno na fábrica e posteriormente doou esse filho único ao Museu do Automóvel, de Brasília.


Sobre o Museu do Automóvel

Para quem gosta do assunto, a visita é indispensável. Para quem é apenas curioso, vale a pena. O acervo é pequeno, cerca de quarenta carros. O maior número é de veículos nacionais, com ênfase nas primeiras décadas da indústria brasileira. As marcas pioneiras, muitas delas já desaparecidas, estão lá: Willys, Simca, DKW, Alfa-Romeo.

Apesar do tamanho, a coleção do Museu do Automóvel guarda algumas peças extremamente raras. Entre elas, dois destaques: o FNM Onça, protótipo desenvolvido por Rino Malzoni e que não chegou a ser produzido em série e o Democrata, carro que poderia ter sido o embrião de uma indústria verdadeiramente nacional, ambos da década de 1960 (a história do Democrata é contada num livro do curador do museu, Roberto Nasser).

Outro exemplar de destaque no acervo é a limusine Itamaraty que serviu ao Ministério de Relações Exteriores, uma versão "esticada" do Aero-Willys, da qual foram feitos apenas 20 exemplares e há poucos remanescentes. Do lado esportivo, brilha um GT Malzoni amarelo, com mecânica DKW, que já participou de eventos no exterior.

Um setor menos visível aos visitantes, mas extremamente importante, é a biblioteca especializada, que inclui alguns milhares de livros, revistas e catálogos. O setor é aberto a pesquisadores e interessados em aprofundar seus conhecimentos no setor.

Durante o ano, o museu costuma realizar exposições temáticas, sobre marcas ou assuntos específicos. Também patrocina um evento anual, o Carro do Brasil, que além de uma exposição leva a Brasília conferencistas e personagens que fizeram a história do automóvel brasileiro.

O Museu do Automóvel de Brasília está aberto ao público de terça-feira ao domingo, das 11h00 às 18h00. A entrada é franca e há uma pequena loja onde são vendidas lembranças e publicações.


FUNDAÇÃO MEMÓRIA DOS TRANSPORTES - PRÓ-AUTOMÓVEL

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